Força-tarefa contra o Aedes aegypti em JF


Por Eduardo Maia e Kelly Diniz

09/01/2016 às 07h00

Entre as ações está a participação do Exército para reforçar a fiscalização; secretarias municipais irão atuar nas ações de conscientização (Foto: Olavo Prazeres/08-01-16)
Entre as ações está a participação do Exército para reforçar a fiscalização; secretarias municipais irão atuar nas ações de conscientização (Foto: Olavo Prazeres/08-01-16)

O Comitê Municipal de Enfrentamento à Dengue anunciou ontem uma força-tarefa para agir no combate ao mosquito Aedes aegypti, diante da situação de epidemia enfrentada na cidade e na região. Entre as ações está a participação do Exército para reforçar a fiscalização. Com 4.518 casos confirmados durante todo ano passado, as autoridades municipais precisam buscar novas alternativas para acabar com o mosquito. O prefeito Bruno Siqueira (PMDB) também não descartou a contratação de novos agentes e a decretação de emergência na cidade, caso necessário.

[Relaciondas_post] A PJF atuará em parceria com Governo de Minas, Conselho Municipal de Saúde, Tupi, 4ª Brigada de Infantaria Leve Montanha do Exército, a Arquidiocese de Juiz de Fora e as igrejas evangélicas através do Conselho de Pastores de Juiz de Fora (Conpas). As visitas às residências, segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde, Rodrigo Almeida, serão realizadas de forma minuciosa, com a implantação de telas em caixas d’água, descarte de inservíveis, entre outras ações. O grupo contará com um núcleo técnico que irá atuar 24 horas por dia nas ações de vigilância ao atendimento à saúde na atenção primária, urgência e emergência e rede privada.

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As secretarias municipais irão reforçar as ações de conscientização, enquanto o Demlurb intensificará a limpeza. A participação da 4ª Brigada será iniciada na Zona Norte e se estenderá a outras regiões com o empenho do Exército nas ações durante três meses. Eles serão treinados a partir desta segunda-feira. Já o Tupi irá ceder jogadores para as campanhas de conscientização da população e realizar intervenções com faixas e camisas durante os jogos no Estádio Municipal. A mobilização também se dará nas missas e nos cultos de igrejas evangélicas, contando com o apoio de entidades religiosas. A Gerência Regional de Saúde de Juiz de Fora irá atuar na capacitação e treinamento dos agentes.

 

Bairros

Em outubro, a cidade registrou um índice de 2,51 de infestação no Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (Liraa). O que já colocava a cidade em estado de alerta, já que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece como satisfatório um valor abaixo de 1. No entanto, com a volta das chuvas, a situação deve se agravar. Em Juiz de Fora, as regiões onde foram encontrados maior quantidade de focos do mosquito são o Centro e a Zona Sul. Entre os bairros mais infestados no último levantamento, estão Jardim Glória, Nova Benfica, Sagrado Coração, Bom Pastor, Manoel Honório, Bela Aurora, Borborema, Santa Paula e Monte Castelo. O Bairro Jardim Glória, região central, figurou na lista dos mais infestados durante todo o ano de 2015. O que demonstra que a região precisa de maior atenção das autoridades e da população.

Bruno Siqueira reforçou a importância do papel da população. “A batalha será muito grande. É preciso que a população contribua dentro das residências, que os juiz-foranos tirem de 10 a 15 minutos por semana para olhar se há foco do mosquito e fazer o combate à dengue”, destacou. A moradora do Bom Pastor, Zona Sul, Thaís Matta, 25 anos, conta que, na sua casa, é a mãe dela a responsável pelos cuidados de combate a dengue. “Fico preocupada. Conheço algumas pessoas que pegaram a doença.” Para o engenheiro Luís Alberto Jaguaribe, 41, também morador do bairro, o combate ao Aedes aegypti estava “estagnado”. “As pessoas tinham se acostumado com a dengue. Mas agora, com essa nova doença, o zika vírus, que afeta principalmente as grávidas, acredito que terá uma comoção maior, e as pessoas vão cuidar mais.”

Mesmo tendo sido encontrados vários focos no Bairro Manoel Honório, na região Leste, os moradores afirmam que todos têm realizado os cuidados necessários. “Lá na minha casa não tem água parada de jeito nenhum”, enfatiza o aposentado Joaquim Dias, 85 anos. “Lá em casa, a gente cuida direitinho. Entre os meus vizinhos também todos estão cuidando para não deixar o mosquito chegar”, completa a atendente Alessandra Ananias, 38 anos.

Prefeito não descarta estado de emergência

O prefeito Bruno Siqueira (PMDB) explicou que, se for necessário, será decretado estado de emergência e a contratação de mais agentes de endemia para atuarem nos bairros. “Iremos verificar, nas próximas semanas. Essa possibilidade não está descartada. Se for necessário, vamos publicar o decreto de emergência para a contratação de novos agentes.” A medida seria tomada a exemplo de outras cidades, como Ubá, que decretou estado de emergência na última terça-feira.

Em 2015, mesmo tendo um janeiro atípico, sem chuvas, o Liraa chegou a 4,16. Neste ano, não será realizado o primeiro Liraa. Conforme a assessoria da Secretaria de Saúde, devido ao alto índice de infestação na região e a possibilidade de a cidade passar por uma epidemia, o Ministério da Saúde determinou que os agentes fiquem por conta do combate ao mosquito, que é a prioridade.

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Conforme a chefe do Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental, Michele Freitas, a Secretaria de Saúde está verificando os recursos que chegaram e os que estão por vir para definir “o que será possível realizar para que todas as visitas sejam realizadas até fevereiro”, incluindo as novas contratações. O superintendente Regional de Saúde de Juiz de Fora, Oleg Abramov, informou que a orientação do Ministério da Saúde é que todos os municípios façam duas visitas domiciliares, uma em janeiro e uma em fevereiro. “O Governo está disponibilizando recursos para a aquisição de equipamentos e de pessoal. Montamos uma norma técnica e já distribuímos para os municípios”. No evento de ontem, Oleg reforçou ainda a inclusão dos agentes de saúde nas visitas.

 

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