Assaltos em sequência amedrontam trabalhadores de ônibus em JF

Nos últimos cinco dias, foram quatro casos, levando categoria a se manifestar, reivindicando mais segurança. Só este ano, foram pelo menos 24 ocorrências


Por Marcos Araújo e Michele Meireles

06/06/2018 às 11h48- Atualizada 06/06/2018 às 19h34

Quatro ônibus urbanos foram assaltados em Juiz de fora entre a noite da última sexta-feira (1º) e a noite desta terça (5). No último registro, no Bairro Valadares, Zona Rural de Juiz de Fora, os suspeitos foram capturados. Diante da situação, o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte e Trânsito (Sinttro) divulgou mensagem, nesta quarta-feira (6), afirmando que os representantes da entidade procuraram a Polícia Militar para tratar do assunto. Segundo a categoria, a Zona Norte é a área que provoca mais preocupação entre os profissionais. De acordo com dados levantados pela Tribuna, pelo menos 24 roubos contra coletivos ocorreram na cidade entre janeiro e maio deste ano de acordo com o sistema de Registro de Eventos da Defesa Social (Reds).

(Foto: Leonardo Costa)

Em mensagem publicada no seu perfil do Facebook, o Sinttro comunica que, como resposta da Polícia Militar, recebeu a informação de que o trabalho de prevenção e de rastreamento de crimes tem sido intensificado. Além disso o sistema de câmeras no interior dos veículos tem contribuído para a prisão de autores de crimes, assim como policiais têm passado por treinamentos para melhor atender o trabalhador que atua no transporte coletivo público.

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Segundo a mensagem dos sindicalistas, a categoria reivindica, no caso de assalto, que as vítimas, ao passar pelo processo de identificação dos assaltantes e de registro do boletim de ocorrência, não tenham que ficar frente a frente com os suspeitos, a fim de evitar problemas no futuro. Como posicionamento da PM, o Sinttro recebeu a resposta de que os militares, durante treinamento, irão se atentar para o fato. Já no que tange às medidas de proteção, os profissionais devem evitar permanecer com grandes quantias e celulares nos bolsos e, no período da noite, sempre usarem os cofres dentro dos ônibus. A mensagem termina afirmando que a categoria solicita à Polícia Militar a volta da realização de abordagens nos veículos durante o período noturno.

Conforme o presidente do Sinttro, Vagner Evangelista, o alerta se deu depois dos episódios dos últimos dias. O receio, segundo ele, é que a categoria volte a ser alvo de assaltos constantes. “Diante disso, procuramos o 27º Batalhão da PM, e o comando garantiu que, nos próximos dias, irá intensificar ainda mais as abordagens a suspeitos e também implementar outras ações para coibir os crimes”, disse. A assessoria de comunicação do 27º BPM confirmou as demandas dos trabalhadores e deu garantia de que irá agir para dar mais segurança a eles.

Crimes recentes

No último caso, registrado por volta das 22h da terça-feira, o alvo foi um coletivo que fazia a linha 743 (Toledos/Centro). De acordo com informações da PM, três criminosos, um deles armado com faca, assaltaram o ônibus, quando o veículo transitava pela Estrada Francisco Lindolfo Rodrigues. O trio roubou cerca de R$ 40 do caixa e fugiu em seguida. A PM foi acionada e conseguiu prender dois dos suspeitos, ambos de 26 anos. O terceiro assaltante não foi encontrado ainda.

No sábado, um veículo que fazia a linha 727 (Bairro Araújo/ Centro) foi assaltado pela segunda vez em um intervalo de pouco menos de 24 horas. Conforme a PM, o cobrador do ônibus, 39 anos, disse aos militares que foi rendido por dois homens, ambos armados de revólver, por volta das 19h30, quando o coletivo se deslocava pela Rua Antônio Peralva, no Bairro Jóquei Clube, Zona Norte. Eles roubaram R$ 458 em dinheiro, carteira e celular do cobrador e ainda o celular do motorista. Os suspeitos não foram encontrados.

Oregistro anterior envolvendo a linha 727, conforme a PM, ocorreu por volta das 22h da sexta-feira. O motorista, 43, relatou que três homens deram sinal para embarcar no coletivo, na Rua Thelemo Baptista da Silva, no Barbosa Lage. Quando o veículo parou, dois homens entraram e anunciaram o assalto. Um deles sacou uma arma de fogo e obrigou o motorista e o cobrador, 19, a entregarem seus pertences. Os autores do crime levaram uma bolsa, documentos pessoais dos trabalhadores, cartões de banco e R$ 40. Outros dois assaltantes que participaram da ação teriam ficado na porta do coletivo e no ponto de ônibus, dando cobertura. Após o roubo, eles fugiram e não foram encontrados.

Cerca de meia hora antes, na Rua Ivan Batista de Oliveira, no Milho Branco, um motorista de 49 anos, que conduzia um veículo da linha 503 (Amazonas), também parou para dois passageiros embarcarem em um ponto. Após subir no veículo, no entanto, um deles colocou um facão no pescoço do condutor, anunciou o assalto e roubou seu celular. O outro criminoso, armado com revólver, foi até o cobrador, 29, e roubou R$ 400, além do seu aparelho celular. Eles fugiram em seguida.

Cinturb ressalta medidas adotadas

Em nota, os Consórcios Integrados de Transporte Urbano (Cinturb) informaram que “contam com o serviço de segurança pública para tentar mudar este cenário” e, enquanto isso, adotam medidas que estão ao seu alcance para minimizar os impactos da violência urbana. Conforme o Cinturb, as empresas promovem treinamentos periódicos, visando a orientar cobradores e motoristas da conduta que deve ser exercida quando forem abordados por bandidos. Entre eles, não reagir e evitar expor a segurança pessoal ou dos usuários, de acordo com orientação da própria Polícia Militar em palestras ocasionais.

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Das medidas adotadas para que os ônibus deixem de atrair assaltantes, o Cinturb destacou a bilhetagem eletrônica, que reduz o volume de dinheiro em espécie nos coletivos, o monitoramento por câmeras e a orientação para que os cobradores façam uso do cofre instalado próximo a eles. De acordo com o Cinturb, os cobradores precisam, obrigatoriamente, depositar no compartimento todo volume em espécie superior a 20 vezes o valor da tarifa vigente. Também citou, em nota, como medida de segurança, a mudança feita em 2011, quando a operação de embarque passou a ser feita pela porta da frente, aproximando assim motorista e cobrador.

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