Mortes de macacos em Juiz de Fora sob investigação de febre amarela
As mortes de dois macacos na Zona Rural de Juiz de Fora estão sendo investigadas pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) de Minas Gerais. A Secretaria de Saúde (SS) do município foi informada sobre a morte de um bugio e um sagui na última quarta-feira (1º). Seguindo a orientação do Estado, a pasta notificou a SES e enviou material colhido dos animais para análise em laboratório. A previsão é que o resultado seja divulgado em 15 dias após o envio da análise.
“Fomos notificados e comparecemos ao local onde os animais foram encontrados. É um procedimento normal. Já fizemos toda a prevenção e aplicamos inseticida na área, de acordo com o protocolo exigido pelo Ministério da Saúde. Também, conforme o protocolo, vamos priorizar a Zona Rural a partir de agora”, explica a secretária de Saúde de Juiz de Fora, Elizabeth Jucá. Na sexta-feira (3), o município já tinha recebido o primeiro lote de fevereiro de vacinas contra a febre amarela, contabilizando 20 mil doses, que agora serão direcionadas à Zona Rural.
Segundo a secretária, apesar de a análise do material ser necessária, a morte dos animais pode não estar ligada a nenhuma anormalidade. “Encontrar esses animais não significa nada, pois mortes de animais ocorrem todos os dias. Em uma situação normal, elas poderiam passar despercebidas. Por conta dessa preocupação com uma possível epidemia, fomos orientados a enviar o material para análise em laboratório. Enquanto não houver resultado, não é possível tirar nenhuma conclusão. Agimos com precaução apenas”, destaca Elizabeth.
Ainda de acordo com a pasta, um caso de abatimento de macaco foi registrado na cidade. No entanto, a Secretaria de Saúde reitera que o macaco não transmite a doença e que não há necessidade de abater os animais ou de correr aos postos de saúde para se vacinar por conta da morte dos animais. “Estamos verificando que, em outros locais do estado, há pessoas abatendo animais por medo da doença. A Prefeitura está em contato com todos os órgãos de meio ambiente e trabalhando em conjunto para evitar esse tipo de situação. Não há nenhum caso de investigação de febre amarela em Juiz de Fora ou na região”, destaca o subsecretário de Vigilância em Saúde, Rodrigo Almeida.
A Secretaria reitera que não há motivo de preocupação ou alarde, e que o município continua sendo considerado uma zona epidemiológica segura. Conforme o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde, divulgado ontem, 22 casos de febre amarela em macacos estão sob investigação em Minas Gerais. Ainda conforme o Boletim, já foram confirmados 59 óbitos de humanos em decorrência da febre amarela no estado.
Na semana passada, a morte de um macaco com suspeita de febre amarela também tinha sido registrada em Leopoldina. Porém, ontem, a prefeitura da cidade informou que o óbito teria relação com uma descarga elétrica. Em Barbacena, um paciente de 44 anos, morador de Santa Bárbara do Tugúrio, teria ficado internado no Hospital Regional da cidade com suspeita de febre amarela, Gripe H1N1 e leptospirose. A primeira suspeita já foi descartada. O homem já recebeu alta.
Alta procura por vacina
Nessa segunda, as unidades de saúde do município estavam sem doses da vacina. Isso porque os juiz-foranos estão correndo aos postos para se imunizarem contra a doença. Na Zona Sul, por exemplo, cerca de 300 pessoas têm procurado pela vacina diariamente, sem sucesso. Os postos têm recebido doses da Secretaria de Saúde, mas com a alta demanda, as vacinas acabam no mesmo dia. “Tem gente chegando de madrugada em busca da vacina e formando filas na porta da unidade, mesmo quando dizemos que não temos. Nunca houve tanta procura pela vacina, que sempre esteve disponível. Antes do surto da febre amarela em Minas Gerais, recebíamos de 150 a 200 doses, e elas chegavam a vencer”, relata uma agente de atendimento da Unidade de Atenção Primária à Saúde (Uaps) Centro Sul.
A situação se repete em outras unidades de saúde. Uma dona de casa relatou à Tribuna que esteve em um posto na Barreira do Triunfo, Zona Norte, na manhã de ontem, e os funcionários disseram que as doses ainda não haviam chegado. A autônoma Rita Mônica do Nascimento procurou pela dose na Cidade Alta, mas também não conseguiu se vacinar. “Na Uaps de Santos Dumont me disseram que acabou a vacina e que não tinha previsão de quando ia chegar. Fui na Uaps de São Pedro e no PAM-Marechal e também não consegui. Estou tentando me vacinar porque achei meu cartão e não havia registro de que eu havia tomado a vacina. Vou continuar tentando, porque estão dizendo que quem ainda não é vacinado deve se vacinar.”
A enfermeira Maria Clara Bairall de Sá atua na Uaps Santa Cecília e, para ela, a procura aumentou porque as pessoas estão com medo. “A vacina pertence ao calendário de vacinação, mas a população não tomava. O que percebemos é que a procura está muito grande devido ao surto, mas as pessoas estão entrando em pânico.” Segundo o gerente da unidade, Gilson Mateus Soares, a Uaps atende a uma população de cerca de 9.600 moradores e recebeu 60 doses na semana passada, mas elas foram aplicadas no mesmo dia. “Pessoas de cidades como Caratinga, Barbacena e Ewbank da Câmara têm nos procurado, mas o número de doses distribuídas é proporcional à população atendida, e não temos o suficiente para toda a procura.”
A Secretaria de Saúde informou que o município já recebeu e aplicou 18.400 vacinas e que a Subsecretaria de Vigilância Epidemiológica vem solicitando doses extras desde o início do surto da febre amarela, “com o intuito de promover a atualização do cartão vacinal e garantir a imunização daqueles que irão viajar para regiões afetadas”. Ainda de acordo com a pasta, a distribuição terá como enfoque principal a cobertura das 14 zonas rurais do município, “o que também preconiza a proteção em relação aos casos de mortes de animais registrados pela SES (epizootias) na região”.
Com a recente divulgação da suspeita de casos de febre amarela na Zona da Mata e com a aproximação do carnaval, a apreensão é ainda maior, já que muitas pessoas viajam para outras cidades. No entanto, de acordo com a Secretaria de Saúde, as orientações para vacinação continuam as mesmas, e a população não deve se dirigir aos postos com urgência. O esquema vacinal será mantido normalmente, e o município só receberá doses extras conforme sejam confirmados possíveis casos da doença.