Dia de Reis: juiz-foranos voltam às ruas com a tradicional celebração dos Reis Magos

Após quase dois anos sem sair com o cortejo, grupos de foliões da cidade comemoraram o dia com música e vestimentas típicas para anunciar o nascimento de Jesus


Por Nayara Zanetti, estagiária sob a supervisão de Bruno Kaehler

06/01/2022 às 14h27- Atualizada 06/01/2022 às 16h15

Concentração do grupo ocorreu no Bairro Santa Luzia na manhã desta quinta-feira (6) (Foto: Nayara Zanetti)

Após ter sido interrompida no último ano em razão da Covid-19, a tradicional folia de reis, comemorada no dia 6 de janeiro, voltou a ser presencial e reuniu foliões pela região da Zona da Mata, do dia 24 de dezembro ao dia 6 de janeiro, para homenagear os Reis Magos, que deram boas-vindas ao menino Jesus. Na manhã desta quinta-feira (6), o cortejo ficou concentrado no Bairro Santa Luzia, Zona Sul de Juiz de Fora.

Com a pandemia de Covid-19, as comemorações no Dia de Reis em 2021 foram interrompidas visando respeitar os protocolos sanitários e evitar aglomerações. No entanto, o avanço da vacinação contra a doença permitiu que a data fosse menos silenciosa desta vez. 

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Há 32 anos, Cláudio Egidio da Silva e Marilda Vieira da Silva vão às ruas com o cortejo para manter essa cultura viva. Em 1989, Cláudio decidiu criar o grupo Folia de Reis Estrela de Belém para cumprir uma promessa que havia feito aos santos de reis. Com o passar dos anos, virou tradição. No dia 24 de dezembro de 2021, o grupo saiu do Bairro Teixeiras e levou a festa para a cidade de Mar de Espanha, retornando em Juiz de Fora nesta terça para terminar o ciclo. 

Cláudio e Marilda em frente aos outros integrantes do cortejo (Foto: Nayara Zanetti)

O mestre Cláudio toca o pandeiro da banda e conduz o cortejo ao lado de sua esposa Marilda, que segue carregando a bandeira. Para ela, a festa tem um propósito maior. “Estou saindo hoje para cumprir uma promessa que fiz para o meu filho que sofreu um acidente, mas já se recuperou. Por isso, eu vou entregar a bandeira em sete casas. Nós temos muita fé nos santos reis, eles são muito poderosos”, relata.

A apresentação contou com vestimentas típicas e músicas remetendo ao nascimento de Jesus. Os foliões desfilaram acompanhados da bandeira ornamentada com as fotos de entes queridos e objetos dos devotos carregados de esperança por dias melhores.

Tradição e história

(Foto: Bruno Medeiros)

Referência cultural para o mineiro, em 2022 a folia de reis completa cinco anos como patrimônio cultural de natureza imaterial do estado de Minas Gerais. De acordo com as pesquisas feitas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG) em parceria com as prefeituras, são mais de 1.660 grupos de foliões cadastrados em 400 municípios, englobando  todas as regiões de Minas.

A folia de reis remonta a história dos três Reis Magos – Gaspar, Baltazar e Melchior – descritos na Bíblia, que saem de sua terra no Oriente Médio rumo ao nascimento de Jesus Cristo e são guiados por uma estrela até Belém. Ao chegar no local, o trio oferece, como presente para o menino Jesus, ouro, incenso e mirra. Segundo o padre Rafael Neves, da Paróquia São João Paulo II, no Bairro Nova Era, foi a partir desses presentes que surgiu a tradição de oferecer dinheiro quando os foliões vão cantar nas casas e depois reverter esse recurso arrecadado em uma festa para toda a comunidade.

A festa remete a identidade e memória de um povo e a bandeira é o seu símbolo. “As folias carregam as bandeiras que são um símbolo natalino, é um presépio em pintura tem ali Nossa Senhora, o menino Jesus e os três Reis Magos, como descreve o evangelho. Para a igreja católica, a liturgia celebra como epifania, ou seja, é Jesus que se manifesta a todos os povos como o salvador de toda humanidade”, explica o padre. O dia 6 também marca o fim dos festejos natalinos, em que os presépios e os outros enfeites são desmontados.

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