Militar do Exército é morto a tiros em trabalho como motoboy
Atualizada às 16h41
Duas pessoas foram assassinadas a tiros na Zona Norte no fim da noite de domingo. Os homicídios foram registrados em um intervalo de apenas uma hora e meia e elevaram para 142 o número de mortes violentas este ano em Juiz de Fora. Este é um triste recorde, já que o número máximo anual de óbitos em decorrência de crimes violentos havia sido de 141 em 2014, segundo levantamento da Tribuna. Já no ano passado, houve uma ligeira queda, totalizando 131 assassinatos durante os 12 meses.
Segundo a Polícia Militar, por volta das 23h30, o soldado do Exército Brener Luís Gomes Magalhães, 21 anos, foi morto com cinco disparos na Avenida Atlântica, no Bairro Parque das Torres. O militar também trabalhava como motoboy nas horas vagas e foi surpreendido por atiradores quando levava um lanche em sua moto Honda CG branca.
Quando a PM chegou ao local, Brener já estava caído sem sinais vitais. O óbito foi confirmado pelo Samu. A perícia da Polícia Civil realizou os levantamentos e verificou duas perfurações na nuca, uma nas costas e outras duas no braço esquerdo do jovem. De acordo com a PM, ele era morador do Jóquei Clube III. O corpo foi encaminhado para necropsia no IML.
Policiais fizeram contato com o homem que teria tido seu nome informado na solicitação do lanche, mas ele negou ter feito o pedido. Os militares chegaram a três suspeitos, que seriam moradores do bairro, mas nenhum deles foi localizado durante rastreamento. O proprietário da lanchonete no Parque das Torres na qual o motoboy trabalhava ficou em estado de choque e precisou ser atendido pelo Samu. Em decorrência disso, não foi possível verificar as chamadas telefônicas feitas ao estabelecimento naquele dia.
O caso é investigado pela Delegacia Especializada de Homicídios. Segundo o delegado Rodrigo Rolli, os levantamentos iniciais apontam como motivação a rivalidade entre grupos de bairros distintos. A suspeita é de que o crime foi cometido por um bando que já teria praticado uma série de atos violentos naquela região e que também já foi alvo de várias ações policiais.
Crime na Vila Esperança
O outro assassinato aconteceu por volta das 22h na Vila Esperança I. Segundo a PM, Wilimar Silvino da Glória, 34, foi socorrido por familiares até a UPA Norte, mas já teria chegado sem vida à unidade. Apesar das tentativas de reanimação, ele não resistiu. O homem apresentava quatro perfurações por arma de fogo, sendo duas no tórax, uma na virilha e outra nas costas. O suspeito do crime é um adolescente, 16, mas ele não foi localizado.
A esposa da vítima, 32, contou que o casal havia chegado em casa, na Rua João Ribeiro de Novais, por volta das 20h30. Algum tempo depois, o marido deixou a residência dizendo que iria trancar o carro, parado em frente ao local. Após alguns minutos, a mulher escutou os estampidos, e o homem entrou no imóvel ferido, com a mão no peito, correndo para o quarto. O atirador seguiu atrás da vítima e disparou mais três vezes. O criminoso só fugiu após verificar que Wilimar havia caído no chão. A esposa também teria sofrido ameaças, caso interviesse. A motivação do crime não foi esclarecida. Ninguém foi preso.
Para o delegado Rodrigo Rolli, o crescimento populacional e a falta de políticas públicas adequadas, principalmente para educação, estão entre os fatores que possam ter contribuído para o aumento de homicídios. Segundo ele, o tráfico de drogas e as brigas entre grupos rivais lideram as motivações dos assassinatos. Apesar de o índice de apuração dos casos ultrapassar os 70%, desde que reassumiu a função em outubro, o titular enfatiza que a criminalidade não é só questão de polícia, sendo necessário o envolvimento de vários órgãos.