Grupo investigado em JF não reconhece dívida de R$ 300 milhões
Indústria de Papéis Sudeste afirma ter sempre se colocado à disposição das autoridades
O grupo empresarial de Juiz de Fora ligado a fábricas de papéis e investigado por suspeita de causar prejuízo de mais de R$ 800 milhões aos cofres públicos por meio de sonegação fiscal informou nesta sexta-feira (5) ter sempre se colocado à disposição das autoridades e afirmou não reconhecer o débito de R$ 300 milhões junto ao Estado de Minas Gerais. Na quinta, uma força-tarefa formada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Polícia Civil, Secretaria de Estado de Fazenda e Advocacia-Geral do Estado desencadeou a operação Papel de Família. Três indústrias, sendo uma delas de Sapucaia (RJ) e duas de Juiz de Fora, três escritórios de contabilidade que funcionam no município e três residências também situadas na cidade ligados ao grupo foram alvo de nove mandados de busca e apreensão.
“A empresa Indústria de Papéis Sudeste, diante das notícias veiculadas na imprensa local sobre operação conjunta do Ministério Público e Receita Estadual, então denominada ‘Papel de Família’, vem a público esclarecer que sempre se colocou à disposição das autoridades e que não reconhece o valor do passivo fiscal junto ao Estado de Minas Gerais, cuja discussão tramita em vários processos judiciais e administrativos, todos devidamente garantidos, com reconhecimento de tese de defesa, reduzindo consideravelmente os valores cobrados”, informa a nota expedida pelo representante da empresa.
Ainda conforme o comunicado, assinado pelo advogado Gladstone Miranda, “a referida medida, à toda evidência injusta e desproporcional, é mais uma tentativa da Receita Estadual, através do Ministério Público, valer-se do Poder Judiciário para legitimar o emprego de todas as medidas para arrecadar os supostos créditos tributários”.
As investigações do MP apontam que todas as três fábricas seriam pertencentes ao mesmo grupo empresarial derivado da antiga Paraibuna de Papéis, “que teriam, ao longo de mais de 20 anos, praticado diversas fraudes fiscais que geraram uma dívida de cerca de R$ 300 milhões com o Estado de Minas Gerais, por sonegação de ICMS. O grupo também teria uma dívida de cerca de R$ 500 milhões com a União, por sonegação de tributos”, alega o MP.
“Não obstante, insta ressaltar, tratar-se de empresas autônomas e distintas, com objetivos sociais distintos, a qual não se esquiva de seus deveres, mas continuará lutando pelos seus direitos e não recuará diante de qualquer arbitrariedade, acreditando sempre na Justiça e no Estado Democrático de Direito”, finaliza a defesa da Indústria de Papéis Sudeste.
Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidos cerca de R$ 10 mil, US$ 10 mil e 12 mil euros em espécie, computadores, celulares e documentos físicos. Nas indústrias foram feitas cópias de arquivos magnéticos, estendendo a operação até a noite desta quinta-feira (4).
Auditores fiscais da Superintendência Regional da Fazenda de Juiz de Fora autuaram uma das empresas investigadas por fornecer, durante anos, energia elétrica e gás natural para outra firma do mesmo grupo, sem nota fiscal. “Apesar das enormes dívidas com o Estado de Minas Gerais e a União, o patrimônio individual da família do principal dono do negócio teria aumentado bastante nos últimos anos, com a aquisição de diversos imóveis”, declarou o MP, informando que o desvio dos recursos financeiros obtidos com a suposta sonegação caracterizam o crime de lavagem de dinheiro.