Empresários de JF suspeitos de participar de esquema de Pezão estão presos no Rio

Sócios foram acusados de ter pago propina a Pezão a partir de 2007 e também atuariam como “banco” do político


Por Daniela Arbex

04/12/2018 às 19h40- Atualizada 04/12/2018 às 23h33

Os empresários Cláudio Fernandes Vidal e Luiz Alberto Gomes Gonçalves, de Juiz de Fora, investigados por participação no esquema de corrupção e propina do governador Luiz Fernando Pezão, estão presos no Rio de Janeiro. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) do Rio confirmou que Cláudio ingressou no sistema penitenciário no dia 29 de novembro. Já Luiz Alberto, conhecido por Beto, se apresentou no dia 30 de novembro na sede da Polícia Federal do Rio, onde foi preso. Ele teria sido levado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, região central. A Seap, no entanto, não confirmou a unidade na qual ambos estão sendo mantidos e disse que, por questões de segurança, não revelará outras informações sobre o caso. A Tribuna descobriu, no entanto, que os sócios da JRO Pavimentação Ltda seguem o destino de muitos dos presos na Operação Lava Jato, em Benfica.

A operação Boca de Lobo, um desdobramento da Lava Jato, foi desencadeada na última quinta-feira (29), quando Pezão foi preso no Palácio das Laranjeiras, sede do governo fluminense. Em Juiz de Fora, a ação foi coordenada pelo delegado Cláudio Dornellas que cumpriu mandado de busca e apreensão na casa dos empresários e de um ex-diretor da JRO. Além de documentos, computadores foram levados da casa dos suspeitos.

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A JRO Pavimentação Ltda, de Cláudio Vidal e Beto Gonçalves, tem sede em Piraí (RJ), cidade natal de Pezão. Além de executar projetos naquela região, a empresa realizou várias obras públicas em Juiz de Fora, entre elas a do Acesso Norte e as intervenções de reurbanização da Avenida Deusdedit Salgado, em 2009. Antes disso, Cláudio presidiu o Conselho de Administração da Empresa Municipal de Pavimentação e Urbanização (Empav). Ele foi condenado em processo de ressarcimento de danos causados à Empav durante sua gestão. Apesar de ter entrado com recurso de apelação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o provimento foi negado.

O nome dos empresários foi associado ao do governador do Rio em agosto, quando os sócios foram acusados de ter pago propina a Pezão entre 2007 e até o fim do Governo Cabral, quando Pezão era Secretário de Obras. Eles também atuariam como “banco” do político, guardando parte do dinheiro ilegal, apesar de nenhum valor em espécie ter sido encontrado nos imóveis dos investigados. Informações extra-oficiais apontam que Beto era amigo pessoal de Pezão, teria inclusive hospedado o governador do Rio em sua residência, em Juiz de Fora.

Pezão está preso desde a última quinta-feira, acusado de receber mais de R$ 25 milhões em propina entre 2007 e 2015. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o valor da propina corrigido pela inflação passa de R$ 39 milhões e seria incompatível com o patrimônio declarado pelo governador à Receita. A PGR pediu o sequestro do valor em bens de Pezão. Ao solicitar a prisão do governador, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge mencionou que Pezão foi secretário de Obras e vice-governador de Cabral entre 2007 e 2014, “período em que já foram comprovadas práticas criminosas”. Pezão teria operado ainda “esquema de corrupção próprio, com seus próprios operadores financeiros”.

Além de suceder Cabral na liderança do esquema criminoso, “Pezão deu suporte político aos demais membros da organização que estão abaixo dele na estrutura do poder público e, para tanto, recebeu valores vultosos, desviados dos cofres públicos e que foram objeto de posterior lavagem”, disse Raquel Dodge, em pedido ao STJ. As investigações se baseiam em delação do economista Carlos Emanuel Carvalho Miranda, ex-operador financeiro de Cabral, homologada no ano passado.

Em contato com a JRO Pavimentação, representantes da empresa não souberam informar quem está fazendo a defesa dos sócios.

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