Apitaço marca apelo por permanência de delegada de Mulheres
Grupo foi recebido pela inspetoria da Polícia Civil; encontro com delegado regional está agendado para segunda-feira
Manifestantes ganharam as ruas de Santa Terezinha, na tarde desta quinta-feira (4), em protesto contra a saída da delegada Ione Barbosa da Especializada de Atendimento à Mulher. O apitaço, acompanhado de vários cartazes com frases de apoio à policial, teve como destino a porta da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil. Após gritos de “Quem vai nos atender? Queremos o porquê”, parte do grupo foi recebido na sala da inspetoria, já que o delegado regional, Armando Avolio Neto, está em Belo Horizonte. Segundo a vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Cissa Nascimento, ficou acordado que uma comissão formada por cinco representantes será recebida pela autoridade na próxima segunda-feira (8), às 15h, quando Avolio já terá retornado de viagem.
Antes disso, no entanto, os manifestantes já planejam um segundo ato para as 9h30 de sábado no Calçadão da Rua Halfeld. O abaixo-assinado eletrônico por meio da Avaaz.org. também já contava com mais de 800 assinaturas até a tarde desta quinta. Paralelamente, a balconista Ana Maria de Jesus Silva, 60, colheu quase 40 assinaturas em apenas uma passagem pelo Parque Halfeld antes do movimento. “Já fui atendida na Delegacia de Mulheres e conheço o trabalho dela. Não quero que ela saia”, disse a moradora da Vila Montanhesa, na Zona Nordeste, mesma região para a qual Ione foi designada para investigar os crimes, à frente da 4ª Delegacia. A mudança é uma permuta com a delegada Carolina Magalhães.
Apesar de a Polícia Civil ter afirmado em nota, na última segunda-feira, que “a movimentação das autoridades policiais é uma prática normal, por interesse da administração”, quem protesta quer saber o motivo dessa transferência. “A Dra. Ione trabalha, não tem hora e esteve a postos em todos os momentos que precisamos. Além de tudo, ela é uma representante do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher. Estamos nos sentindo órfãos com a saída dela”, desabafou a vice-presidente do órgão. “Estamos esperando a resposta do delegado regional para saber o porquê dela ter saído, já que ela tem uma representatividade muito grande no meio do povo de Juiz de Fora”, completou.
Critério
Suplente do conselho, Maria de Lourdes Cavalieri fez coro: “Qual critério para tomar essa decisão intempestiva? Não se enxerga uma movimentação legal. Em time que está ganhando não se mexe. E o trabalho da delegada é perfeito”, reforçou . O protesto também contou com representantes de outros segmentos, como a OAB Mulher, colegas de trabalho de Ione e vítimas atendidas pela delegada. Uma delas é Rosimar Cândido da Silva, 60. “Se não fosse por ela, eu estava morta. Meu filho (30) tentou me matar a facadas, junto com minha filha (17). Ele é usuário de drogas e agora está no Ceresp.”
O movimento contou com a presença da Polícia Militar, que acompanhou a passeata até a delegacia em duas motos. Procurada pela Tribuna nesta quinta, a assessoria do 4ª Departamento de Polícia Civil informou que a instituição não vai se pronunciar sobre o assunto. Ione estava à frente da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher há quase quatro anos e fez uma série de palestras recentemente pela cidade durante o Mês da Mulher. A Polícia Civil reforçou, na segunda, que a alteração “não prejudicará a proteção ao direito das mulheres em Juiz de Fora, pois a especializada conta agora com o retorno da delegada Carolina, com a atuação da delegada Ângela (Fellet) à frente dos trabalhos e com uma equipe de policiais civis que continua preparada e empenhada em investigações envolvendo a violência contra a mulher”.