Falhas em traffic calming de JF expõem falta de manutenção
Último contrato com terceirizada responsável pelo serviço terminou no fim de 2016. Desde então, Settra já tentou outras quatro licitações, mas não houve interesse. PJF garante que corrige danos
Desde o fim de 2016, a Prefeitura não tem disponível uma empresa contratada especificamente para fazer a manutenção das lombadas em vias de grande movimento, os chamados traffic calmings. Isso acontece em razão do desinteresse das empreiteiras em aceitar as condições previstas em editais presentes em licitações públicas. Apenas em 2017, quatro certames ocorreram, e todos foram considerados fracassados por não terem recebido propostas. Apesar disso, a Prefeitura garante que usa meios próprios para garantir a correção dos equipamentos de segurança viária, embora a reportagem tenha encontrado alguns deles com falhas estruturais que colocam condutores e pedestres em risco.
A última tentativa de licitar a manutenção ocorreu em agosto do ano passado, quando foi feita a republicação da mesma proposta lançada em julho, por meio de um pregão presencial. Em ambos os casos, a ideia da Prefeitura era pagar R$ 58,88 por cada metro quadrado corrigido, totalizando R$ 81.259,00 ao fim do contrato. Anteriormente, nos meses de março e abril, pregões eletrônicos tentaram garantir o trabalho ao custo de R$ 51,80 por metro quadrado, chegando ao total de R$ 61.160,00. Em todos os casos, o montante seria diluído ao longo de 12 meses, assim como foi feito no último acordo válido, cujo contrato foi assinado em dezembro de 2015. Na época, a empresa ofereceu a proposta de manter as lombadas em boas condições, durante um ano, ao custo de R$ 49.680.
Procurada pela reportagem, a Settra confirmou que os quatro pregões ocorridos ano passado foram desertos, ou seja, não receberam propostas de empresas interessadas. Para resolver a questão, prometeu fazer nova tentativa, cujo edital está em fase de elaboração para ser lançado em breve. Neste caso, a pasta não informou se houve mudanças nos valores oferecidos, mas adiantou que “foram feitas adequações no edital para atrair mais empresas”.
Estruturas apresentam ondulações e danos
Embora a Prefeitura afirme que esteja fazendo a manutenção dos traffic calmings, a Tribuna encontrou algumas situações de perigo. Na Rua Mariano Procópio, bairro homônimo, em frente ao museu, a estrutura que liga a entrada do parque ao Centro Cultural Dnar Rocha está com ondulações e parcialmente quebrada. Após fortes chuvas, a elevação é coberta por poças d’água, impedindo a mobilidade dos pedestres.
Situação semelhante foi observada em mais de um ponto da Avenida Rio Branco. Em frente ao Fórum Benjamin Colucci, há tijolos soltos entre a pista exclusiva para ônibus e as faixas de carro que trafegam em direção à Zona Sul. “Se não tiver atenção, tropeça. Fico preocupado com deficientes visuais e idosos, que não têm a mesma percepção do perigo que nós”, disse o servidor público Aloysio Braida, 44 anos. Falha semelhante foi encontrada na mesma avenida, interseção com a Rua Oscar Vidal. No local, a ondulação está irregular, e um buraco no asfalto, na extremidade, parece estar causando atrito e movimentação dos tijolos.
De acordo com a Prefeitura, equipes já atuam na correção dos traffic calming danificados. Outras demandas podem ser solicitadas para a Settra, por meio do telefone 3690-8218.
Corredores de tráfego
Em 2012, a Prefeitura, durante a administração do ex-prefeito Custódio Mattos (PSDB), instalou uma série de traffic calmings pelos corredores de tráfego de Juiz de Fora. Na época, foi defendida a ideia de reduzir a velocidade dos automóveis em algumas vias e garantir a visibilidade dos pedestres para a travessia segura.
Entre os pontos que receberam os dispositivos, destacam-se corredores importantes, como as avenidas Olegário Maciel e Rio Branco, além de ruas da área Central com grande fluxo, como a Santo Antônio e Espírito Santo, e outras dos bairros Manoel Honório, Alto dos Passos e São Mateus.
No início da gestão do prefeito Bruno Siqueira (MDB), o secretário de Transporte e Trânsito, Rodrigo Tortoriello, reavaliou estas instalações, que eram cerca de 70, e promoveu a retirada de parte dos equipamentos colocados na Avenida Rio Branco.