Pipas causam acidentes e deixam 240 mil sem luz


Por Gracielle Nocelli Repórter

02/06/2017 às 07h00- Atualizada 02/06/2017 às 19h24

As pipas devem ser empinadas em locais abertos e afastados da rede elétrica. Jamais devem ser usados fios metálicos, cerol ou linha chilena. Foto: Pixabay
As pipas devem ser empinadas em locais abertos e afastados da rede elétrica. Jamais devem ser usados fios metálicos, cerol ou linha chilena. Foto: Pixabay

Cerca de 240 mil consumidores em Minas Gerais tiveram o fornecimento de energia interrompido este ano por conta de brincadeiras com pipas realizadas próximo à rede elétrica, conforme dados repassados pela Cemig. De janeiro a abril, a concessionária registrou 663 ocorrências deste tipo nas áreas em que atua no estado. Deste total, 265 desligamentos aconteceram na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Além do prejuízo ao consumidor, a prática pode oferecer riscos à segurança da população. O uso do cerol, uma mistura cortante, pode machucar quem manipula a pipa e romper cabos de energia quando em contato com a rede elétrica. Outro perigo é a tentativa de retirada dos brinquedos que ficam presos nos fios da rede, o que pode provocar curtos-circuitos.

Em Juiz de Fora, no dia 10 de maio, um adolescente de 12 anos teve 70% do corpo queimado após ter contato com a rede de alta tensão quando tentava tirar uma pipa presa aos fios energizados. No momento do acidente, o garoto estava na laje de casa, no Bairro Ipiranga, Zona Sul, e usou um pedaço de cano com fios de arame na ponta para tentar resgatar o brinquedo, o que provocou um curto-circuito. Ele foi socorrido pelo Samu e encaminhado ao HPS, sendo transferido dois dias depois para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, referência no tratamento de queimados. Procurada nesta sexta-feira (2) pela Tribuna, a assessoria do hospital na capital mineira informou que não está autorizada a repassar o estado de saúde dos pacientes.

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Orientações

O engenheiro eletricista da Cemig, Demetrio Venicio Aguiar, orienta sobre quais procedimentos devem ser adotados para que não haja risco à segurança nem ocorram interrupções no fornecimento de energia com a prática da brincadeira. “As pipas devem ser empinadas em locais abertos e afastados da rede elétrica. Jamais use fios metálicos ou cerol e, caso a pipa fique presa, não tente resgatá-la.” Ele alerta, ainda, sobre o uso da chamada linha chilena, um outro tipo de cabo cortante. “É uma linha muito mais cortante do que o cerol comum, e, infelizmente, é possível adquirir este material de origem estrangeira pelo mercado paralelo e até pela internet.”

Segundo o engenheiro, a maioria dos acidentes acontece quando a pipa fica presa na rede elétrica, e as crianças tentam retirá-la utilizando materiais condutores, como pedaços de madeira ou barras metálicas. “O contato com a rede elétrica pode ser fatal, além do risco de queda em função da reação involuntária causada pelo choque elétrico.” Nesses casos, as consequências mais comuns são traumatismos devido às quedas e queimaduras graves por causa dos choques.

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