Professora morre atropelada por trem no Mariano Procópio


Por Sandra Zanella e Eduardo Maia

02/03/2015 às 09h04- Atualizada 02/03/2015 às 18h41

Atualizada às 17h43

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Trânsito ficou lento, já que composição parou em passagem no Mariano Procópio (Foto: Roberto Fulgêncio/02-03-15)

Uma professora universitária de 52 anos morreu após ser atingida por um trem, na manhã desta segunda-feira(2), na passagem de nível do Bairro Mariano Procópio, região Nordeste de Juiz de Fora. O acidente aconteceu por volta das 8h, no entroncamento entre a Rua Mariano Procópio e Avenida dos Andradas. De acordo com a Polícia Militar, a pedestre tentava atravessar a via férrea em direção ao Morro da Glória, quando foi atropelada pela composição e arrastada por cerca de 40 metros. A vítima morreu na hora e teve o corpo dilacerado ao meio. A mulher não portava documentos, mas foi identificada ainda durante a manhã por familiares no Instituto Médico Legal (IML) como Elisabeth Cristina de Almeida Bessa, professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFJF.

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Após o trágico acidente, o trem ficou parado por cerca de uma hora e meia, bloqueando outras passagens de nível da área central e tumultuando o trânsito na região. Os motoristas que desciam a Andradas precisaram desviar pela Rua Benjamin Guimarães, de acesso ao Bairro Democrata. O Samu esteve no local, e peritos da Polícia Civil realizaram os levantamentos. O caso ainda mobilizou equipes da MRS, PM e agentes da Settra, que ajudaram a controlar o tráfego. Por volta das 9h30, a composição começou a se deslocar lentamente. Em seguida, o corpo foi removido por uma funerária e encaminhado para necropsia no IML, sob o olhar atento de dezenas de curiosos.

Segundo um dos policiais responsáveis pela ocorrência, sargento Sérgio Americano, “o condutor da composição relatou que trafegava devagar, a 29km/h, quando percebeu a vítima atravessando a via férrea. Ele acionou o freio, mas não conseguiu evitar o atropelamento”.  Conforme o sargento, “uma testemunha disse que ela veio da Rua Mariano Procópio, colocou as mãos na cabeça e abaixou quando viu o trem”, completou o sargento.

Procedimentos de segurança

Em nota, a MRS Logística informou que os procedimentos de segurança do trem foram observados, como cancelas acionadas, velocidade compatível com o trecho (29 km/h), luzes de sinalização, além de acionamento de buzina e sino. “Ao se aproximar da passagem em nível, o maquinista avistou uma pedestre que tentava transpor a linha férrea, apesar da aproximação do trem. Por isso, o freio de emergência foi acionado, mas o impacto não pôde ser evitado. Fomos informados pelo Samu, que prestou o atendimento emergencial, sobre o óbito da pedestre no próprio local.”

Segundo a MRS, devido à parada do trem e consequente bloqueio de outras passagens de nível, “agentes de segurança foram mobilizados e percorreram a composição para evitar que pedestres pulassem o trem no intuito de transpor a linha férrea, tendo em vista que trata-se de um ato inseguro”. De acordo com a empresa, a demora na liberação da composição acontece por causa da verificação das questões de segurança e da apuração do acidente por parte das autoridades competentes.

“É fundamental que as pessoas estejam sempre muito atentas aos sinais sonoros de segurança, não usem telefones ou headphones nas travessias de passagens de nível e olhem para ambos os lados ao cruzar a via”, orienta a MRS.

Trajetória acadêmica

Elisabeth Cristina de Almeida Bessa era formada em ciências biológicas pela UFJF e doutora em medicina veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Desenvolvia pesquisas na área de parasitologia, mais especificamente com comportamento e controle de moluscos terrestres.

Atuava como professora do ICB da UFJF, na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Comportamento e Biologia Animal. Após a morte do fundador do Museu de Malacologia da universidade, professor Maury Pinto de Oliveira, Elisabeth assumiu a função de diretora do museu. Segundo a vice-diretora do ICB, professora Bernadete de Souza, os colegas de departamento estão em choque. “Era uma pessoa muito querida pelos professores e alunos. Era extremamente dedicada à instituição, muito zelosa em suas pesquisas. É uma perda muito grande para o nosso departamento”.

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A UFJF também lamentou a morte da professora e encaminhou nota a todos os servidores da instituição.

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