Agentes de saúde percorrem 25 bairros para verificar cartões de vacinação

Objetivo é conferir se moradores de localidades consideradas prioritárias já se vacinaram contra febre amarela. Locais foram escolhidos por já terem registro de macacos mortos


Por Rafaela Carvalho

02/02/2018 às 16h10- Atualizada 02/02/2018 às 19h56

Agentes comunitários da Secretaria de Saúde de Juiz de Fora estão visitando todas as casas de 25 bairros da cidade para verificar os cartões de vacinação dos moradores. O objetivo é verificar se os juiz-foranos já foram vacinados contra a febre amarela. Conforme a pasta, a medida foi adotada desde esta quinta-feira (1º), como forma de reforçar a cobertura vacinal contra a doença, que já fez 36 vítimas fatais em todo o estado. Em Juiz de Fora, um homem morreu em decorrência da febre amarela. Outros sete casos suspeitos da doença seguem em investigação na cidade, mas os números podem ser ainda maiores. A ação deve acontecer até 23 de fevereiro, mas pode ser prorrogada caso haja necessidade.

Segundo informações da Saúde, dos 25 bairros escolhidos inicialmente, 20 estão na região urbana e outros cinco na Zona Rural (ver quadro). As localidades foram escolhidas porque são consideradas áreas prioritárias, onde ocorreram mortes de macacos com suspeita de febre amarela neste ano. Informações extraoficiais e não confirmadas pela Prefeitura também apontam que moradores da cidade atendidos com quadro clínico suspeito para a doença também seriam oriundos de alguns dos locais onde acontecerão as visitas.

PUBLICIDADE

LEIA MAIS:

“Essas áreas foram selecionadas com base nos dados da Vigilância Epidemiológica. As ações dos agentes vão acontecer na circunscrição desses territórios, e eles farão visitas casa a casa, orientando e conferindo os cartões de vacina de todas as famílias”, explica o subsecretário de Atenção Primária, Thiago Horta. Cerca de 150 agentes devem atuar na busca ativa. Eles ficarão responsáveis por realizar a conferência do cartão vacinal de cada cidadão. Se for verificado que o morador ainda não foi imunizado, ele será orientado a procurar sua UBS de referência.

Nos casos em que a pessoa não tiver certeza se já recebeu alguma dose da vacina durante a vida, ela será considerada não vacinada e deve buscar as UBSs. “Se a pessoa não tiver o cartão de vacinação, será considerada não vacinada. Um registro dos não vacinados será mantido e, nos últimos dois dias da ação, em 22 e 23 de fevereiro, os agentes voltarão nessas mesmas casas para saber se essas pessoas se vacinaram. Esse controle será utilizado como uma forma de conscientização.”

A meta da secretaria é de chegar a 100% de cobertura vacinal nas áreas prioritárias. O prazo das visitas também pode ser adiado caso haja intercorrências ou se foram encontrados macacos mortos em outros bairros da cidade.

Agentes vão atuar na conscientização da população

Conforme o subsecretário de Atenção Primária, Thiago Horta, os agentes comunitários designados para a busca ativa estarão uniformizados com calça jeans, blusa polo cinza e colete verde claro. A orientação é que a população receba bem essas pessoas, cuja única ação será a conferência do cartão de vacinação. “Os agentes estarão com coletes com o brasão da Prefeitura e do Sistema Único de Saúde (SUS). A identificação deles ocorrerá por meio do colete, sendo que, nas costas da vestimenta, está escrito ‘agente comunitário de saúde’. Afirmamos ainda que as visitas estarão direcionadas somente à conferencia dos cartões, e nenhuma outra ação será realizada pelos agentes.”

Thiago Horta explica ainda que eles não são habilitados para fazer a aplicação da vacina. Por isso, trabalharão somente com a conscientização da população. “Os agentes não podem realizar o procedimento de aplicação da vacina, que deve ser feito sempre por enfermeiros, profissionais habilitados e aptos para isso. É preciso observar ainda que há normas regulamentadoras para as ações de vacinação. Não seria possível realizar o deslocamento por 25 bairros com muitas doses de vacina, que também deve ser mantida em uma temperatura adequada”, pontua.

Apesar de a vacina não ser obrigatória, ela é o único método de prevenção contra a febre amarela. Os moradores que se recusarem a se vacinar, por qualquer motivo, serão orientados pelos agentes, que também podem explicar quais são os riscos e os benefícios da imunização. “Eles vão explicar que Juiz de Fora tem circulação do vírus e que essas áreas apresentaram macacos mortos com suspeita da doença. Essas informações serão disponibilizadas para incentivar o usuário a procurar uma unidade e se vacinar.”

Horário de vacinação
As UBSs voltam a funcionar em horário normal a partir desta segunda-feira (5), com intervalo para almoço. Por isso, os juiz-foranos que ainda não se vacinaram devem ir às unidades das 8h às 11h e das 13h às 16h30, de segunda a sexta-feira. A única exceção ocorre às quintas-feiras, quando as UBSs fecham às 15h para a realização de reuniões internas.

Os juiz-foranos que têm limitações de horário e só podem se vacinar durante o horário de almoço têm a opção de comparecer ao primeiro piso do PAM-Marechal, onde as vacinas são aplicadas das 8h às 17h, sem intervalo.

Devem se imunizar todas as pessoas com idade entre 9 meses e 59 anos e que não receberam nenhuma dose da vacina durante a vida. Idosos e gestantes devem buscar avaliação médica para verificar se podem ser imunizados.

O conteúdo continua após o anúncio

Mais de 60 macacos mortos em JF neste ano

Conforme boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde nesta sexta-feira (2), mais 12 macacos mortos foram encontrados em diferentes pontos da cidade nesta semana. No total, 63 macacos mortos já foram encontrados em Juiz de Fora somente neste ano. Dois deles apresentaram resultado positivo para febre amarela. Dezoito foram descartados e outros 43 passarão por investigação para verificar se estavam infectados com a doença.

Os animais encontrados nesta semana estavam nos bairros Milho Branco, Barreira do Triunfo, Pedra Bonita, Centro, Igrejinha, Floresta, São Benedito e Eldorado. Outros três primatas estavam no Bairro Aeroporto, na Cidade Alta, e um animal foi achado na Estrada de Chapéu D’Uvas, na Zona Rural. Dos 12, oito foram descartados por não apresentarem condições para que fosse coletado material biológico. Os quatro animais cujos materiais foram coletados serão enviados para investigação na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte.

Ainda não há informações sobre animais que tenham sido agredidos ou maltratados em Juiz de Fora, como tem ocorrido em algumas cidades do Estado do Rio de Janeiro. No entanto, é preciso destacar que os macacos não transmitem febre amarela, sendo hospedeiros para o vírus, assim como os humanos. Os responsáveis pela transmissão da febre amarela são os mosquitos Haemogogus e Sabethes, na Zona Rural, e Aedes aegypti, na área urbana.

Na região

Em Barbacena, onde a Prefeitura já tinha confirmado seis casos de febre amarela por meio de laudos divulgados pela Funed, outros cinco foram anunciados nesta sexta (2), somando 11.

Até o final da tarde desta sexta, 17 pacientes seguiam internados no Hospital Regional de Barbacena, oriundos de Cipotânea, Antônio Carlos, Ouro Branco, Conselheiro Lafaiete, Rio Espera, Desterro do Melo, Itaverava e Santana dos Montes. Outros quatro pacientes são de Barbacena e mais cinco são de Piranga, cidade localizada a 130 quilômetros de Barbacena, sendo que quatro já foram diagnosticados com febre amarela.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.