Investimento na atenção primária é projeto para o ano que começa

Contratação de profissionais efetivos e ampliação do funcionamento das UBSs estão entre metas da Secretaria de Saúde para fortalecer atendimentos iniciais


Por Leticya Bernadete

01/01/2023 às 07h00

ivan chebli
SECRETÁRIO MUNICIPAL de Saúde, Ivan Chebli elege atenção primária como objetivo principal da pasta em 2023 (Foto: Felipe Couri)

Com o objetivo de valorizar a atenção primária à saúde, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) planeja, para o próximo ano, algumas medidas para aprimorar o sistema de saúde. A contratação de mais profissionais efetivos, a ampliação do horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e a informatização do sistema de saúde estão entre as metas que refletem na atenção básica. Em entrevista exclusiva à Tribuna, o titular da Secretaria de Saúde (SS), Ivan Chebli, juntamente com outros representantes da pasta, detalhou essas e outras ações previstas para 2023.
À frente da SS desde fevereiro de 2022, Chebli aponta que o principal desafio que encontrou foi a precarização do trabalho na atenção básica, com falta de profissionais. Ao longo do ano, a Administração municipal contratou mais trabalhadores da área da saúde, sendo 332 para cargos temporários e 110 para efetivos. “Grande parte são temporários porque não estamos conseguindo atrair profissionais efetivos através de concursos públicos para médico, de 20 horas, por exemplo, porque o salário é muito baixo perante o mercado”, admite Chebli.
Diante do desafio de fixar profissionais na atenção primária, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Recursos Humanos, está avaliando uma reestruturação do plano de carreira para a área de saúde, de acordo com Chebli. Conforme o secretário, os profissionais efetivos são fundamentais para criarem vínculo assistencial com a população e serem reconhecidos como referência. “Se a atenção básica é a base da mudança do modelo de atenção à saúde, a gestão e a Administração municipal têm que valorizá-la e priorizá-la”, diz Chebli.
De acordo com o secretário, os cuidados primários contribuem para inverter a lógica de investimento em saúde, já que grande parte dos recursos do Fundo Municipal de Saúde é destinada para a média e alta complexidade do SUS (ambulatório e rede hospitalar).

UBSs terão horário de funcionamento ampliado

Na linha de priorização da atenção primária no município, Chebli também apontou algumas medidas para as Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Uma delas já é uma demanda antiga da população, mas que deve ser oficializada em 2023. Trata-se da ampliação do horário de atendimento de algumas unidades. Conforme o secretário, a administração estuda quais irão passar pela experiência, devendo anunciar as mudanças ainda no início do ano.
“Não haverá sobrecarga de trabalho nos atuais trabalhadores dessas unidades de saúde porque nós vamos colocar mais uma equipe de saúde da família. Então, na verdade, nós vamos fortalecer as regiões onde essas equipes de apoio forem implantadas para garantir o atendimento no chamado terceiro turno”, garante.
Além disso, há um processo de informatização das UBSs. Das 63 unidades, 38 já foram contempladas com computadores novos e equipamentos de informática, processo que deve ter continuidade em 2023. Isso permite o acesso aos históricos dos pacientes de forma mais ágil e dinâmica, além de possibilitar encaminhamentos médicos e agendamento de exames, algo que já tem sido realizado para atendimentos com fisioterapeuta e marcação de raio-X, por exemplo.
Ainda conforme a SS, há recursos de emendas parlamentares e de resolução estadual para construção, ampliação e reforma das UBSs.

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ivan chebli
(Foto: Felipe Couri)

Rede hospitalar

A informatização também deve abranger o Hospital de Pronto Socorro Dr. Mozart Teixeira (HPS). Conforme a SS, o município pretende licitar um sistema GRP (Planejamento de Recursos Governamentais), que permitirá uma customização de acordo com as necessidades da pasta, facilitando o acesso às informações dos pacientes do SUS, bem como contribuindo para a logística de insumos.
Ainda em relação à rede hospitalar, a pasta também conseguiu a autorização para abertura de dez leitos de cardiologia para a Fundação Instituto Clínico (IBG), antigo Hospital João Felício, que deve ocorrer em janeiro. Os leitos complementam a reformulação da rede de urgência e emergência que, de janeiro a outubro deste ano, realizou 17.490 cirurgias, além de ter registrado 38.739 internações.

Ampliação de vacinação contra Covid-19 ainda é desafio

Para o cenário epidemiológico, a Covid-19 segue como o principal tema, porém, para o próximo ano, há a expectativa da doença passar a ser tratada como infecção viral do trato respiratório, com abrandamento dos sinais de gravidade, conforme o infectologista Marcos Moura. De acordo com o especialista, ainda há uma preocupação em relação aos pacientes imunossuprimidos, que têm maior risco de desenvolver formas graves da doença.
“Acreditamos que vai ocorrer uma vacinação periódica para a Covid-19. Sazonalmente, ainda estaremos expostos a variações do vírus, mas esperamos que essas variações sejam como estão se apresentando: menos patogênicas e que vão ocupar o espaço de doenças respiratórias.”
Um dos desafios que se mantém para 2023 está relacionado à vacinação. Desde o início da imunização, em janeiro de 2021, até o último dia 23 de dezembro de 2022, a PJF aplicou 495.010 vacinas referentes à primeira dose. Esse número vai diminuindo em relação às demais. Foram 490.050 para segunda dose, 314.910 para terceira e 146.876 para a quarta.
“Estamos enfrentando novas ondas porque a vacinação não está completa ou não está sendo feita. As pessoas não estão se vacinando. Isso favorece a insurgência de variações do vírus e, consequentemente, as vacinas estão perdendo o efeito”, explica Moura.

Busca ativa
À Tribuna, a SS apontou que busca levar a vacina até a população por meio de parcerias. No caso, a pasta realiza a imunização em empresas e instituições de ensino, a fim de ampliar o processo de busca ativa. Esta medida se estende para outros imunizantes, visando atualização da caderneta de vacinação. Desde 2015, as coberturas vacinais vêm caindo, de uma forma geral, no Brasil. O mesmo ocorre em Juiz de Fora, que não alcançou 95% da cobertura em 2022 para as vacinas tríplice viral e da vacina contra a poliomielite, de acordo com o que é preconizado pelo Ministério da Saúde.

 

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