Abcam diz haver grupo muito forte de intervencionistas que está fazendo greve

Dirigente da Associação Brasileira doas Caminhoneiros estima que ainda falta desmobilizar cerca de 30% dos motoristas que seguem parados nas estradas


Por Agência Brasil

28/05/2018 às 17h04- Atualizada 28/05/2018 às 19h22

Cerca de 400 mil litros com combustível e gás de cozinha foram escoltados pela Polícia Militar na manhã desta segunda (28) aos revendedores em Brasília (Foto: Andre Borges/Agência Brasília)

AE – A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) estima que ainda falta desmobilizar cerca de 30% dos motoristas que seguem parados nas estradas, universo que representaria cerca de 250 mil caminhões. O dado foi divulgado pelo presidente da entidade, José da Fonseca Lopes, que acredita que o processo de normalização deve estar mais “bem encaminhado” nesta terça (29). Fonseca denunciou que esse processo de normalização está sendo dificultado por manifestantes considerados “intervencionistas” que têm bloqueado a saída de caminhões e feito ameaças violentas aos motoristas.

O presidente da entidade disse em entrevista coletiva que o grupo mais resistente que segue bloqueando trechos de rodovias “não é mais de caminhoneiros”. “Tem um grupo muito forte de intervencionistas que está fazendo greve. Estão prendendo caminhões e estão tentando derrubar o governo”, disse o presidente da entidade que assinou o segundo acordo com o governo na noite do domingo. O presidente da entidade disse que ameaças violentas são feitas para que caminhoneiros mantenham o protesto. “Não mostram arma, mas estão levantando a camisa”, disse.

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Foram registrados relatos desse tipo de ameaça em pontos como a Vila Carioca, na Zona Sul de São Paulo, local onde há distribuidoras de combustíveis de várias empresas. O mesmo comportamento foi relatado por motoristas ameaçados nos arredores das montadoras em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. “O Governo deve fazer alguma coisa”, disse.

Lopes afirmou entender que parte dos caminhoneiros esteja insatisfeita com o governo Michel Temer. “O Governo não é bom? Como cidadão, eu posso concordar. Mas como profissional jamais posso misturar as estações”, disse. Para Fonseca, esses grupos têm usado os caminhoneiros como “bode expiatório”. “Quem quer derrubar o Governo, que monte um movimento para isso e não use o nome da Abcam. Não queremos incendiar o país, mas é o que muita gente está querendo”, disse o presidente da entidade.

O movimento foi identificado desde o fim da noite de domingo após a assinatura do acordo que reduzirá o preço do combustível em 46 centavos. “Infelizmente, encontramos essa parte que não imaginávamos”, disse, ao citar que foram até identificados manifestantes ligados a partidos políticos. “Estou levantando nomes e vou dar na mão do Governo”, citou, sem dar detalhes.

Reivindicações

Em nota, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) avaliou que o pacote de medidas apresentado pelo Governo no último domingo “ainda está em desacordo com suas reivindicações”. Em assembleia realizada na manhã desta segunda (28), ficou decidido que, nos pontos em que for mantida a paralisação, haverá liberação parcial dos caminhões. Será autorizada a circulação daqueles carregados com combustíveis, inclusive com gás de cozinha, produtos destinados à merenda escolar, produtos destinados à saúde pública e hospitais, leite e veículos identificados como sendo da Defesa Civil.

“A CNTA orienta que todos os pontos de manifestação dos caminhoneiros do País, que deliberarem pela continuidade da paralisação, ao menos adotem as medidas acima aprovadas”, diz a nota. “A CNTA pede conscientização de todos os caminhoneiros para que avaliem com cuidado suas decisões sobre a continuidade ou não da paralisação, sob pena de perdermos essas conquistas históricas da categoria.”

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