STJ nega que decisão sobre habeas corpus de Lula tenha sido tomada

Ex-presidente passou a noite no Sindicato dos Metalúrgicos e, segundo petistas, não pretende se entregar à polícia


Por Agência Estado

06/04/2018 às 08h55- Atualizada 06/04/2018 às 13h05

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou no início da tarde desta sexta-feira que já tenha emitido uma decisão oficial sobre o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para evitar sua prisão. Por determinação do juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal, Lula deverá se entregar à Polícia Federal até as 17h desta sexta.

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Mais cedo, o ex-presidente do PT Rui Falcão disse que o ex-presidente não irá se entregar à Polícia Federal (PF), em Curitiba, como determina a ordem de prisão expedida pelo juiz federal Sérgio Moro no fim do dia desta quinta-feira. A declaração de Falcão foi dada ao chegar à sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, onde Lula passou a noite e permanece com aliados e advogados de defesa nesta manhã.

Por lá, aumenta, com o passar das horas, o número de militantes e membros de movimentos sociais ligados ao PT concentrados dentro e fora da sede do Sindicato. Pouco depois das 9h, chegou uma comitiva do Central dos Movimentos Sociais com cerca de 50 pessoas portando bandeiras, cartazes e gritando palavras de ordem em apoio ao ex-presidente.

Lula foi condenado a 12 anos e um mês de reclusão na Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá (SP). Ele nega ter cometido qualquer irregularidade.

Noite no sindicato

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a noite no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, acompanhado dos filhos e correligionários. Até o momento, Lula não informou se vai se entregar no prazo determinado pelo juiz Moro, se vai aguardar o cumprimento do mandado de prisão ou se pretende resistir. Ele não discursou no carro de som durante o ato da noite de quinta, apenas acenou por volta das 2h desta sexta e desceu para cumprimentar alguns aliados.

A ex-presidente Dilma Rousseff, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e os candidatos à presidência Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PC do B) estiveram presentes à noite no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em apoio ao petista. Moradores de ocupação do MTST em São Bernardo também fizeram caminhada até o local.

Agenda de visitas

Lula descansou entre 2h30 e 7h desta sexta, sozinho, em uma das salas da sede do sindicato. Por volta das 8h, o ex-presidente tomava seu café da manhã em local privado, no segundo andar do prédio. Segundo sua assessoria, ele “acordou bem” e, ao longo da manhã, vai retomar a agenda de receber visitantes. Até o momento, não há previsão de Lula conceder entrevista nem de falar com os militantes que estão no local para apoiá-lo.

Jornais europeus destacam ordem de prisão de Lula e impacto nas eleições

Jornais da Europa destacam na manhã desta sexta-feira possibilidade da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o impacto esperado nas eleições brasileiras. O espanhol “El Pais” destacou que Lula poderá se tornar presidiário pela segunda vez na vida.

O periódico lembrou o encarceramento do ex-presidente durante o período da Ditadura Militar no Brasil. “O herói sindical, o presidente mais popular que o Brasil já teve dentro e fora de suas fronteiras, entrará agora na prisão por uma acusação vergonhosa”, diz a reportagem.

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A popularidade de Lula durante seus anos de governo também foi lembrada pelo jornal francês “Le Monde”. O periódico traçou a cronologia de “ascensão e queda” do ex-presidente brasileiro, recapitulando a historia dele como sindicalista, presidente e, mais tarde, como investigado e condenado por corrupção na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Já o britânico “Financial Times” destacou o impacto nas eleições presidenciais brasileiras de 2018. Para o jornal, a ordem de prisão de Lula “abre o cenário das eleições”, uma vez que ele vinha liderando as pesquisas de intenção de voto no país. Para o jornal, o pleito brasileiro deve ser “o mais imprevisível dos últimos tempos”.

 

 

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