ChatGPT demonstra como a Inteligência Artificial está cada vez mais “humana”

Da empresa OpenAI, Chat tem gerado polêmica sobre os seus usos e gratificações; escolas de Nova York baniram a tecnologia


Por Letícia Lapa, estagiária sob supervisão do editor Eduardo Valente

04/02/2023 às 16h34- Atualizada 04/02/2023 às 16h49

Tribuna utilizou o próprio ChatGPT em partes da reportagem (Foto: reprodução)

Se há algumas décadas o emprego de telefonista se findou e muitos outros se transformaram com os avanços tecnológicos, talvez muitos outros possam ser afetados pela popularização da inteligência artificial. O assunto está em alta por conta do ChatGPT, um protótipo de um chatbot com inteligência artificial desenvolvido pela OpenAI, especializado em diálogo, como ele próprio afirma. O Chat, que significa conversa em inglês, utiliza o Generative Pretrained Transformer (GPT), um modelo de linguagem baseado no aprendizado profundo, utilizado para gerar textos parecidos com os que humanos produzem.

Precisa de uma informação? Gostaria de resumir um artigo? Quer saber onde está o erro no seu código de programação? O ChatGPT consegue responder a essas e outras inumeráveis questões. De acordo com o Chat, as respostas são geradas usando processamento de linguagem natural e inteligência artificial, e foi alimentado com enormes quantidades de textos da internet para aprender a gerar respostas coerentes e informativas, que cada vez mais se parecem com a humana.

PUBLICIDADE

O modelo GPT foi lançado pela empresa OpenAI em 2018 e, desde então, sofreu várias atualizações, como o Chat e o GPT-3, que é considerado um dos modelos de linguagem mais avançados até o momento.  Para acessar o chat é preciso realizar um pequeno cadastro, com isso, você  possui acesso a uma conta em que as suas pesquisas vão poder ficar salvas em pastas, os chats.

‘IA deixou de ser apenas um conceito’, avalia especialista

Para o mestre em Sistemas e Computação pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e doutor em Engenharia de Sistemas e Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Wagner Arbex, a Inteligência Artificial (IA) é uma área de conhecimento que estuda e desenvolve algoritmos que realizam tarefas e necessitam de inteligência para tomar uma decisão, solucionar um problemas e outras funções. Ele aponta ainda que, com o tempo e a evolução tecnológica, a IA deixou de ser apenas um conceito e passou a ser algo tangível, passando a ser implementada na prática em sites e aplicativos.

na sua avaliação, um dos aspectos interessantes do ChatGPT é o fato dele ter um sistema generalista por trás, que implementa o Large Language Model, um modelo de algoritmo que aprende a partir de grande quantidades de textos.

“Ele pode gerar textos, não é simplesmente buscar uma resposta. Ele elabora o texto a partir da base conhecimento que ele possui. De forma ampla, o objetivo desses modelos de linguagem é de gerar texto em linguagem natural, como se fosse um ser humano.”

Wagner ainda ressalta que o algoritmo de aprendizado foi submetido a inúmeros textos, juntamente de seus significados e contextos, para que ele pudesse o interpretar.

Assim, é possível que ele responda a perguntas de forma “humana”, através do seu modelo de linguagem.

“O ChatGPT, ou qualquer outro sistema de inteligência artificial, não possui conhecimento próprio ou consciência do que ele está fazendo, ele apenas associa a base de dados que ele possui ao que ele foi desafiado, por meio de seu treinamento”, conclui Wagner.

LEIA MAIS

Tribuna ‘entrevista’ IA do ChatGPT

O sistema do ChatGPT funciona com comandos, que quanto mais detalhados, mais irão gerar respostas completas e precisas. A reportagem da Tribuna testou algumas funções, como o pedido de: “ChatGPT, apresente-se para os leitores da Tribuna de Minas”. Ele respondeu não somente com as informações relevantes, mas também com uma linguagem humanizada, podendo até ser considerada simpática:

“Olá, leitor da Tribuna de Minas! Eu sou o ChatGPT, um modelo de linguagem de grande porte treinado pela OpenAI. Sou capaz de responder a perguntas sobre assuntos gerais e gerar texto em resposta a prompts dados. Estou aqui para ajudá-lo a obter informações e responder a quaisquer perguntas que você possa ter. Estou animado para conversar com você!”

Polêmicas nos EUA

O O ChatGPT chegou a um milhão de usuários em cinco dias, segundo dados do portal Statista. Muitos desses acessos são de estudantes que podem ver o Chat como uma forma de realizar atividades de forma rápida.

Por conta da sua popularização,  algumas escolas já o baniram. Escolas públicas em Nova York o bloquearam por acharem que seria trapaça e que prejudicaria o desenvolvimento do pensamento dos alunos. A porta-voz do departamento de educação da cidade, Jenna Lyle, afirmou que “a decisão decorre de preocupações sobre impactos negativos na aprendizagem dos alunos e preocupações com a segurança e precisão dos conteúdos”. O próprio Chat aponta que ele deve ser utilizado como ferramenta complementar, e não como substituto da interação humana e da aprendizagem independente.

O conteúdo continua após o anúncio

Vale ressaltar que, apesar de o chat conseguir resumir informações, fornecê-las de forma rápida e original e resolver problemas matemáticos, ela também auxilia na produção individual de conhecimento, pois o usuário pode ir se interessando cada vez mais sobre o tema requisitado, de forma simples e dinâmica.

O Chat ainda está em evolução tecnológica, logo, algumas informações mais específicas que não constam em seu banco de dados não vão ser respondidas, pois a base de conhecimento foi atualizada até 2021. Assim, mesmo sem os dados, ao final da mensagem ele oferece uma sugestão de como pesquisar sobre o assunto.

Inteligência Artificial pode otimizar trabalhos repetitivos e cansativos

Uma outra questão seria sobre o possível poder da  IA de substituir o trabalho humano, seja em atendimento ao cliente, produção de textos, tradução, auxílio com vendas ou análise de dados, por exemplo. Contudo, um dos ponto positivos na área trabalhista, seria o de utilizar a IA para automatizar trabalhos repetitivos e cansativos, que são passíveis de erro para um ser humano, além de possuir diversos benefícios na área da saúde e engenharia.

A utilização dos dados dos usuários também é uma polêmica que deixa muitas pessoas inseguras para usufruir da inteligência artificial. De acordo com a OpenAI, a empresa toma medidas para garantir que os dados sejam usados de forma ética, de forma a respeitar as leis de privacidade e os direitos autorais. “Não, o ChatGPT não “rouba” dados. Ele foi treinado com dados públicos obtidos da internet, como artigos, livros e outros conteúdos textuais disponíveis publicamente. Esses dados foram processados e utilizados para aprimorar a capacidade do modelo de gerar respostas coerentes e informativas.”

Tecnologia conclui nossa reportagem

Após passar as informações sobre esta reportagem, pedimos à IA, através do ChatGPT, que finalizasse este texto, com um resumo das informações. Ficou assim:

“O ChatGPT é um chatbot com inteligência artificial desenvolvido pela OpenAI. Ele usa o Generative Pretrained Transformer (GPT), um modelo de linguagem baseado em aprendizado profundo, para gerar respostas a perguntas e realizar tarefas, como resumir artigos e gerar textos. O ChatGPT tornou-se popular rapidamente, atingindo 1 milhão de usuários em 5 dias. No entanto, houve polêmicas sobre seu uso em escolas, onde foi banido por preocupações sobre impactos negativos na aprendizagem dos alunos. O próprio ChatGPT ressalta que deve ser usado como ferramenta complementar e não como substituto da interação humana. Embora tenha suas limitações, o ChatGPT também pode ajudar na produção de conhecimento.”

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.