Humanização nas UTIs é a chave para a recuperação
PUBLIEDITORIAL
Equipe multidisciplinar do Hospital Ana Nery reforça a importância do acolhimento para passar mais segurança e confiança ao paciente com coronavírus e a seus familiares
Humanização. Nunca essa atitude foi tão importante dentro dos hospitais como agora. Principalmente nas UTIs que tratam os doentes infectados pelo coronavírus. Longe de suas famílias e amigos, tendo que lidar com o medo do desconhecido, os pacientes precisam, mais do que nunca, serem acolhidos pela equipe multidisciplinar que estão os tratando. Para um dos médicos intensivistas do Hospital Ana Nery, Lukas Chaves Baptista, este acolhimento é a chave na melhora dos doentes.
Desde o início da pandemia, doutor Lukas, que já atuava em UTI generalista, começou a trabalhar nas UTIs que atendem exclusivamente pacientes acometidos pela Coivd-19. Além de prestar suporte avançado de vida a pessoas em estado crítico e tomar decisões objetivas em situações de risco de vida, o médico conta que passou a ser imprescindível estabelecer uma relação de confiança com o paciente. “Eles chegam na UTI muito apavorados, já sabendo o que pode acontecer, com medo de morrer, de serem intubados. Cabe a nós acolhermos, sabermos lidar com isso, conversando e tentando acalmar esse paciente. Chegamos de máscara, paramentados, eles não conseguem ver nossos rostos, mas passam a nos reconhecer pela voz. A fé e a confiança em quem está os tratando é muito relevante para que ele possa se sentir tranquilo até mesmo se precisar ser intubado, sedado”, diz o médico.
De acordo com ele, muitas pessoas ainda enxergam as UTIs como locais hostis, em que não há este contato próximo e afetuoso entre os profissionais de saúde e os pacientes. Porém, essa ideia vem mudando com o acolhimento que também as famílias recebem. “Com a pandemia, as UTIs ficaram muito em evidência, e a grande palavra é humanização. É receber o paciente de uma forma que ele se sinta acolhido e a família também, já que não é possível mais ter visitas presenciais. Fazemos vídeo chamada com os familiares, para que sintam mais conforto, por exemplo. Buscamos ainda trazer a família para a realidade do quadro do paciente, mas de uma maneira esperançosa. Temos o suporte de assistentes sociais e psicólogos”, explica o médico.
Humanização nas UTIs: Equipe afinada
Eveline Montessi, diretora clínica, destaca a importância de toda a equipe. “Estamos vivendo um momento muito difícil, com o vírus ainda desconhecido, trazendo diversas dúvidas no tratamento, ceifando vidas e entristecendo muito as equipes que trabalham no combate ao coronavírus. Ao mesmo tempo, podemos provar que a solidariedade é tudo. Nossa equipe, desde o setor de Higiene e Limpeza até a diretoria clínica do hospital, cada um com sua importância, se empenha ao máximo visando a reabilitar os pacientes, com ética, responsabilidade e seriedade.”
Fisioterapeuta atuando há 13 anos em UTIs, Edilaine Maciel dos Santos é coordenadora na UTI de Covid-19 do Hospital Ana Nery há cinco meses. Segundo ela, mesmo nos casos dos pacientes sedados, o trabalho do fisioterapeuta continua de forma humanizada, “com carinho, sempre conversando e explicando o que estamos fazendo, ou mesmo dando recados da família dizendo que estão todos preocupados esperando ansiosamente a volta deles passa casa. A relação fisioterapeuta e família é muito importante para a boa evolução do paciente, saber do que ele gosta, como era a rotina, para tentarmos trazer isso na medida do possível, deixando-o mais seguro e acolhido. É fundamental saber que mesmo distante da família, dos amigos, do dia a dia, estamos ali para tentar amenizar essa falta, disponibilizando nosso tempo não só para o tratamento, mas para uma conversa, ouvir o paciente, dar atenção, mostrar que ali ele não está sozinho, que estamos junto dele”.
Para ela, o acolhimento é fundamental para um bom prognóstico. “Todos sabemos que, com o emocional fortalecido, o organismo responde de forma favorável, contribuindo para o sucesso do tratamento e consequentemente a alta para casa.”
Profissionais sempre atentos
Segundo o médico intensivista Lukas Chaves, os pacientes com coronavírus, na maioria das vezes, são muito instáveis e requerem monitoramento e vigilância permanentes. Tudo isso, de acordo com ele, acaba trazendo um estresse psicológico intenso a todos os profissionais que trabalham nas UTIs. “Os pacientes com coronavírus podem piorar de uma hora para outra, você tem que estar pronto para agir rapidamente e certeiramente. Às vezes um paciente está indo bem, se acontece alguma coisa, é uma frustação. E tem paciente que não responde a nada que a equipe faz, isso traz para nós um impacto emocional sem dimensão. Todos os profissionais de saúde estão realmente cansados, mas seguimos com muita atenção, carinho e firmes no nosso objetivo. Tratamos a todos como se fosse da nossa família”, enfatiza.
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