Cemig intensifica ações contra fraudes e ligações clandestinas
PUBLIEDITORIAL
Prejuízo anual da companhia chega a R$ 360 milhões com ligações irregulares e fraudes nos medidores de energia, em todo o estado. Oito milhões e meio de consumidores estão sendo monitorados.
As ligações irregulares e clandestinas de energia, conhecidas como gato, e as fraudes nos medidores de consumo geraram prejuízo de R$ 360 milhões para a Cemig, nos últimos 12 meses. Mas não é apenas a concessionária que paga pelo uso fraudulento e pela prática criminosa. Segundo o engenheiro de tecnologia e normalização Saad do Carmo, a conta dos consumidores mineiros poderia ser até 5% mais barata se as fraudes não ocorressem. “De acordo com os modelos e limites definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a cada processo de revisão tarifária das distribuidoras, o prejuízo com as perdas comerciais é compartilhado entre a companhia e os consumidores adimplentes”, afirma.
Entre as causas que explicam o crescimento da prática ilícita estão as motivações culturais agravadas pelo momento político. A crise econômica também fez ampliar o número de consumidores com suspeita de fraude, no estado. Mas engana-se quem pensa que isso acontece apenas em aglomerados populacionais e bairros mais pobres. Elas também ocorrem nos condomínios de luxo, prédios residenciais, estabelecimentos comerciais e indústrias, sem distinção.
Sorria, você está sendo monitorado
A tecnologia tem sido uma aliada importante da Cemig contra as fraudes. Equipes especializadas atuam no centro integrado de medição da companhia, utilizando softwares de inteligência que permitem o monitoramento de 8,5 milhões de usuários, em todo o estado. “Quando identificamos sinais de alterações atípicas no perfil de consumo, enviamos equipes de campo para fiscalização no local”, explica o engenheiro. No caso dos grandes clientes – aproximadamente 14 mil, o monitoramento é feito em tempo real, já que estes representam cerca de 45% do faturamento da empresa.
Desde o início do ano, a Cemig já realizou 85 mil inspeções por suspeita de irregularidades. Em Juiz de Fora, foram cerca de 2.500, com índice de sucesso de 40%. Segundo Saad, está prevista a realização de um mutirão visando à intensificação de fiscalização na cidade, para o início do próximo ano.
Quem faz gato paga mais do que mico
O engenheiro reforça que caso seja confirmada a irregularidade pela Cemig, o titular da unidade consumidora está sujeito a medidas administrativas e criminais, já que a prática está prevista no artigo 155, do Código Penal, com pagamento de multas e pena de um a oito anos de reclusão. Na esfera administrativa, fica obrigado a ressarcir à Cemig toda a energia furtada e não faturada em até 36 meses, de forma retroativa.
Perigo de acidente
Além da sobrecarga na rede elétrica, há risco de graves acidentes e danos aos equipamentos elétricos com queda na qualidade da energia, devido às constantes interrupções no sistema, provocadas pela prática criminosa. No entanto, Saad destaca que a maior preocupação da Cemig é com a segurança da população, uma vez que as ligações irregulares e clandestinas representam a segunda maior causa de mortes com eletricidade no Brasil, atrás apenas de acidentes fatais na construção civil e manutenção predial. “O risco de acidentes decorre da falta de padronização e de proteção adequada das ligações ilegais, que muitas vezes deixam os cabos de energia expostos, colocando em perigo toda a vizinhança”, alerta o engenheiro. Por isso, a população pode denunciar, de forma anônima, pelo telefone 116.