Morar Bem | Beleza translúcida – Vidros na arquitetura e decoração
Raro e precioso no Brasil Colônia, o vidro plano se popularizou por aqui somente em meados do século XX e hoje empresta luxo e modernidade às construções. Mesmo devagar, a utilização das vidraças avançou no país seguindo padrões franceses e ingleses especialmente, incorporando padrões de conforto, higiene e estética na concepção das edificações. Porém, a partir das décadas de 1940 e 1950, o uso do vidro se intensificou, sobretudo pela influência das principais escolas de arquitetura mundial e devido à pressão interna da modernização urbana-industrial do Brasil.
Considerado por Frank Lloyd Wright o “supermaterial” da vida moderna, o vidro se propagou por aqui por meio de arquitetos brasileiros como Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, Warchavchik, Rino Levi, Villanova Artigas, entre outros, influenciados pelas ideias de Le Corbusier – iluminar os espaços é uma das funções da arquitetura – e pelas formas vanguardistas modernas de Walter Gropius e Mies van der Rohe. Abrem-se na construção e na decoração enormes possibilidades de transparência, plasticidade, beleza e conforto. Surge uma nova forma de viver nesse momento, e a iluminação natural, a relação entre os espaços externo e interno e a integração da arquitetura com o entorno estão na ordem desses novos tempos. Ainda hoje, aliado da arquitetura contemporânea, articula a integração e a maximização de ambientes, favorece a iluminação dos espaços e traz elegância e sofisticação quando bem aplicado com o décor.
Mesmo dando a sensação de material frágil, o vidro é um material nobre e de fácil manutenção se utilizado adequadamente. Através de processos industriais de laminação, metalização e fabricação de insulados (também chamado de vidro duplo ou termo acústico), as inovações tecnológicas que os acompanham tem colocado no mercado vidros com eficiência em segurança, níveis de conforto térmico e acústico, controle de entrada de luz solar, melhor desempenho energético das construções e colaborando com a redução do uso de luz artificial. Além da produção e reaproveitamento sustentável, seu uso é extenso: pode ser aplicado em móveis, divisórias, fachadas, teto e ultimamente até nas piscinas. Tendência em resorts e casas contemporâneas, as piscinas de vidro encantam por seu desenho leve e recortes que quando iluminados pelo sol resultam em belos efeitos de luz.
Entretanto, mesmo com as novas tecnologias, é o projeto de arquitetura o responsável por se preocupar com essas questões. O cuidado com a orientação quanto à insolação, o bom aproveitamento de recursos como ventilação natural e sombreamento de fachadas, o aproveitamento da luz do dia, além da especificação criteriosa de materiais, são soluções tratadas no projeto que irão trazer para as construções um conjunto de conforto para os espaços de maneira natural e mais econômica. Além disso, em países de clima tropical, como o Brasil, a atenção deve ser redobrada. Quanto mais envidraçadas as fachadas, maior a incidência de luz e calor no interior do edifício. Se esses fatores não forem barrados, certamente haverá mais consumo de energia, com os sistemas de ar-condicionado, e desconforto ambiental.
Pelas mãos dos arquitetos modernistas, o Brasil, descortinou a transparência e a excelência da luz. Descobriu o vidro!
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