Arquitetura inclusiva


Por ALETHÉIA WESTERMANN, ARQUITETA

24/09/2016 às 07h00

A Paralimpíada Rio 2016 quebrou preconceitos e deu sua contribuição para uma sociedade melhor, visto o incrível apoio da torcida que compareceu em peso e se surpreendeu com tamanha demonstração de força e superação. Isso foi seu maior legado.

Porém, ainda há muito a ser feito quando a meta é o ir e vir. Sofremos com a ausência de rampas, falta de sinalização, calçadas adequadas e outras intervenções que poderiam tornar as cidades mais acessíveis.

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Todavia, dentro de casa, alguns cuidados podem ser pensados de forma que os projetos proporcionem conforto e autonomia a todos, ou que, pelo menos no futuro, possam ser adaptados a um baixo custo. Essa arquitetura preventiva inclui não só os deficientes, mas também idosos, crianças ou mesmo o caso de uma mobilidade reduzida temporária devido a cirurgias ou fraturas.

Alguns pontos devem ser levados em consideração no desenvolvimento do projeto e da decoração, como: As áreas externas devem ter rampas com até 8% de inclinação, do contrário o esforço seria muito grande para impulsionar e causaria insegurança nos declives. Dê preferência aos pisos antiderrapantes.

Corredores devem ser amplos e medir no mínimo 1m de largura, já as portas devem ter 80 centímetros ou mais. É necessário pensar também nas áreas de manobra, para que cadeirantes não se choquem com paredes ou portais. Ambientes clean, sem muitos móveis, facilitam a circulação.

No banheiro, os cuidados são redobrados e devem contar com todos os dispositivos necessários para que a pessoa mesmo execute qualquer atividade sem necessitar da ajuda de terceiros. Pisos com mais aderência, barras de apoio, bacias sanitárias com assentos mais elevados, espelhos inclinados e bancos articulados para o banho são alguns dos acessórios que facilitam o uso.

Closet ou guarda-roupas devem ter projeto especial para facilitar o acesso a calçados e roupas. Aposte também nas portas de correr que ocupam menos espaço e são mais práticas de serem manuseadas.

Não faz muito tempo que a arquitetura e o design idealizavam somente no homem padrão ou “normal”. Hoje a sociedade busca formas de interação com as diferenças humanas, e, aos poucos, novos conceitos são incorporados. Arquitetos, designers, engenheiros, administradores públicos, cidadãos reaprendem a pensar em projetos inclusivos, sem limitações e para o homem real.

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