O prazer de levar o trabalho para casa

Se no passado muito gente torcia o nariz para a expressão “levar o trabalho para casa”, hoje certamente faz questão de ter um cantinho para se dedicar a este tipo de atividade, e também aos estudos, no conforto do lar. Com as atividades cada vez mais remotas, graças à Internet, muita gente tem investido em escritórios que reúnem o conforto e a inspiração necessária para dar conta de compromissos, projetos e outras demandas da carreira. Quer levar um pouco deste universo para a sua casa? Inspire-se nos ambientes do Casa Design deste ano e crie o seu próprio escritório ou home office.

Para ler, escrever e relaxar

Um lugar onde as memórias ficam estampadas em cada detalhe é um convite à inspiração para que atividades como estudos, pesquisas e leitura aconteçam de forma prazerosa. Foi assim que a arquiteta Alethéia Westermann tirou do papel o projeto de sala de leitura, que, além de trazer tendências em cores e materiais, faz uma homenagem ao colunista social da Tribuna, Cesar Romero.

“Em se tratando de uma sala de leitura e principalmente pensado para um profissional que trabalha com o jornalismo, busquei elementos que pudessem expressar sua personalidade, tais como sua primeira máquina de escrever, fotos com celebridades, livros que ele escreveu ou que o inspira, e coleções, como a de carros antigos, uma de suas paixões”, destaca a arquiteta, acrescentando que essas peças fazem parte do acervo pessoal do colunista, cedidas por ele especialmente para adornar o ambiente durante o Casa Design.

A paleta de cores escolhida é mais um bom exemplo de como o trio tendência – cinza, preto e madeira – está forte na mostra deste ano. A madeira não aparece apenas no mobiliário, mas como forro do teto, portando-se como uma alternativa para quem quer fugir dos rebaixados em gesso. “Foi utilizado um MDF amadeirado, fixado por meio da colocação de barrotes entre o teto e os painéis. A grande vantagem deste material é ter uma obra rápida e sem a necessidade de um espaçamento grande entre o teto e o forro”, explica.

Para dar um toque moderno, Alethéia recorreu à pegada industrial, lançando mão de materiais metálicos, que aparecem na estrutura da estante, o aço corten na sustentação da mesa e nas luminárias, que se sobressaem no teto. “A iluminação é fundamental para criar a cenografia e valorizar os detalhes. Procurei mostrar peças que funcionam também como elementos decorativos, como o pendente de lâmpadas de filamentos, a luminária de pé e pequenos pontos de mini lâmpadas de LED, criando uma sequência no teto.”

Ambiente faz homenagem ao colunista Cesar Romero, reunindo tendências em cores e materiais, como a madeira, que aparece não só no mobiliário, mas no rebaixamento do teto

Sucesso planejado

Para a dupla de designers de interiores Cláudia Ferreira e Ana Cecília Pifano, planejar um home office é fundamental para o sucesso da carreira. No projeto que assinam na mostra, criaram um escritório para uma designer de interiores, que possui tudo o que é necessário para o trabalho em casa, mas que, ao mesmo tempo, pode ser usado para outras atividades, inclusive, receber amigos com o mesmo acolhimento de uma sala de estar.

“Buscamos como referência o e atemporal, que tem como característica o requinte das formas, das linhas, tanto nos objetos quanto no mobiliário. Trabalhamos o estilo numa proposta contemporânea, mesclando elementos clássicos em contraste com peças de outras tendências”, comenta Cláudia.
A brincadeira entre cores e texturas começa pelo teto, que apresenta placas em 3D decorativas, uma outra opção frente ao gesso para se utilizar em rebaixamentos. “O material em PVC é sustentável e não gera resíduos, uma vez que a paginação é feita sob medida para o local. As placas são aplicadas diretamente no teto ou parede com cola branca, sem a necessidade de outros acabamentos, como massa corrida e tinta, que é opcional. Além disso, é lavável e possui baixo custo”, explica Ana Cecília.

A dupla optou por tons claros, para trazer ao ambiente um toque requintado e clean. Cores como branco, bege, cru e castanho foram pontuadas com o preto, presente na laca da poltrona em estilo Luís XV. A madeira aparece no piso, que combinou com o tapete no padrão de arabescos, seguindo a mesma paleta. No lugar de obras de arte e tapeçaria, as designers preferiram fotografias, no melhor exemplo de fine-art. “A iluminação principal ficou por conta do lustre de cristal em tom champanhe e spots direcionados aos quadros e espelhos. A escrivaninha, de linha reta, é mais moderna e recebeu iluminação pontual para o trabalho, com o abajur de cristal e cúpula de seda”, finalizam.