Cada casa, um caso
Ao circular pela cidade de um ponto a outro, observando a arquitetura que margeia ruas e avenidas, despontam construções que despertam curiosidade. Movida pela vontade de saber um pouco mais sobre elas, a Tribuna foi a campo para contar histórias de três casas, que ficam no caminho de muitos juiz-foranos. A simpática casa amarela, com portão de madeira e janelas no telhado, é um dos imóveis que desperta interesse e curiosidade. Localizada na Rua José Lourenço, altura do Bairro Borboleta, a casa foi construída há oito anos pela professora Janete Alvarenga, que tinha como propósito trazer o ambiente de fazenda para o meio urbano. “Quando era criança, meu avô tinha uma fazenda em Caratinga (MG). Eu adorava aquele lugar! Disse que quando tivesse a minha casa, queria que ela fosse do mesmo jeito, com este ar de roça”, revela. Toda a estrutura da casa foi fruto de garimpagem, desde os tijolos maciços até janelas e portas em madeira de lei proveniente de demolição.
Nos oito meses de obra, Janete conta que percorreu mais de cinco lojas de garimpo e feiras livres para encontrar os materiais que precisava, além de móveis e enfeites. O estilo da construção, segundo ela, foi baseado em revistas antigas de decoração. O telhado, por exemplo, teve inspiração americana, e o acabamento de muitos objetos que compõem a casa foi feito pela própria professora, por meio da pintura. “Gosto de estar em lugares que contam histórias. Ao longo desses anos, muita gente já bateu aqui pedindo para conhecer”, comenta.
Se o sonho de Janete era trazer o clima de fazenda para sua casa, imagina para quem, de fato, possui uma fazenda em plena cidade? O engenheiro Miguel Lucas, junto de outros dois irmãos, Asclepios e Eduardo, são sócios da Fazenda Primavera, localizada na Avenida Juiz de Fora, no Grama, em uma das entradas da cidade. Quando foi construída, em 1909, pelo empresário Antônio Botelho Junqueira, dono da Cia. de Fiação e Tecelagem Santa Cruz, a fazenda era destinada a pecuária leiteira e estava inserida em um terreno de 198 hectares.
Ao ser vendida aos Lucas, em 1994, quase metade da área foi destinada a empreendimentos imobiliários para urbanização da região, entretanto a sede da fazenda e outros 15 imóveis que compõem o complexo têm sido mantidos até hoje em suas estruturas originais. “A fazenda foi construída em estilo colonial português, a cor das paredes é a mesma até hoje, já que à massa utilizada, na época, foi acrescida terra ocre. Continuamos a pintá-la com o mesmo tom”, explica Miguel. O engenheiro conta que o espaço é destinado a um haras particular para criação de cavalos. “Carregamos esse amor pela terra por conta de nossa família por parte de mãe, que era fazendeira. Gostamos deste clima bucólico que ela transmite. Por ser dentro da cidade, melhor ainda”.
Resquícios do passado
Mesmo não sendo mais uma atividade na cidade, fragmentos da indústria têxtil juiz-forana ainda sobrevivem ao tempo. Após intervenções recentes no lote que abrigou, por muitos anos, o complexo fabril da Cia. Têxtil Ferreira Guimarães, na Rua Benjamin Guimarães, no Democrata, a Casa dos Hóspedes destaca-se no vazio que circunda o terreno. No passado, o imóvel construído em tijolo maciço cerâmico aparente abrigava convidados dos diretores da empresa durante a sua estadia na cidade a trabalho. Em 1997, a fachada da casa foi tombada como patrimônio cultural municipal.
A Casa dos Hóspedes ajuda a compor a antiga Colônia D. Pedro II, destinada à ocupação dos imigrantes alemães que vieram para a cidade em 1858, hoje, formada pelos bairros Borboleta, Fábrica, Mariano Procópio e São Pedro. Mesmo tendo sofrido intervenções no passado, o núcleo original segue preservado, como a varanda que circunda o imóvel e os pilares salientes nas extremidades das paredes.