5 dicas culturais diretamente do Japão, sede das Olimpíadas

Tribuna aproveita as Olimpíadas de Tóquio para dar cinco sugestões em cinema, literatura, quadrinhos/animação, música e série japonesas


Por Júlio Black

30/07/2021 às 07h00

Os Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, tiveram sua cerimônia de abertura na última sexta-feira (23), e desde então os olhos do mundo estão voltados para o maior evento esportivo do ano. Apesar de as Olimpíadas não poderem receber público – local ou estrangeiro – em suas arquibancadas, mesmo assim fica a curiosidade por conta das tradições e cultura locais, que é uma das mais peculiares do planeta.

Para romper os mais de 18 mil quilômetros que separam Juiz de Fora da capital japonesa, a Tribuna lista cinco dicas culturais do país do sol nascente, partindo do cinema e passando pela música, quadrinhos/animação, literatura e séries de TV. É uma prova da diversidade da cultura de um país que mantém suas tradições, mas está sempre conectado e aberto para absorver as influências mais diversas.

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Akira Kurosawa

Akira Kurosawa (1910-1998) pode ser considerado o maior dos cineastas japoneses e um dos maiores de todos os tempos, tendo influenciado gerações de cineastas de seu país e no exterior – um deles, George Lucas, teve entre suas inspirações para “Star Wars” o clássico “A fortaleza escondida”, lançado por Kurosawa em 1958 e vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim.

Parte dos 30 filmes do diretor estão disponíveis no streaming. O belasartesalacarte.com.br tem no seu catálogo “Dersu Uzala” (foto) (1975, vencedor do Oscar de filme estrangeiro em 1976); “Rashomon” (1950, Leão de Ouro no Festival de Veneza), “Trono manchado de sangue” (1957), e “Yojimbo, o guarda costas” (1961), os três últimos com o gigante Toshirô Mifune. Já o serviço de streaming Looke oferece “Kagemusha – A sombra de um samurai” (1980), vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes.

Guitar Wolf

Uma das bandas de rock mais barulhentas, alucinadas e porradeiras do planeta Terra vem do Japão. A Guitar Wolf foi formada em Tóquio no ano de 1987 por Seiji (Guitar Wolf), Billy (Bass Wolf, que morreu em 2005) e Narita (Drum Wolf), e desde então lançou 13 álbuns marcados por um estilo único, com músicas que misturam distorção no talo, rockabilly, punk e garage rock. Ah, e ainda tem o charme de Seiji trocar o “R” pelo “L” em algumas músicas, então não se assuste se por acaso ouvir um “Jet Genelation” ou “Lock and loll”.

É tanto barulho, mas tanto barulho, que “Jet Generation” (1999), único disco lançado por aqui graças à finada gravadora Trama, era vendido pelo selo americano Matador como “o álbum mais barulhento já lançado” e que poderia danificar aparelhos de som. A formação atual da Guitar Wolf tem apenas Seiji como membro original, acompanhado por Toru na bateria e Gotz no baixo. O álbum mais recente do trio é “LOVE&JETT”, de 2019, tão badernista quanto os primórdios da banda.

Haruki Murakami

Murakami é provavelmente o escritor japonês mais conhecido no Brasil, graças a seus livros que misturam surrealismo, ficção científica e doses de fatalismo, com tramas muitas vezes influenciadas por Franz Kafka graças ao seu absurdo. Apesar de o Japão ser o cenário de praticamente todas suas histórias, ele é criticado por parte de seus pares em sua terra natal pela influência de escritores ocidentais, mas bobos são eles.

Nascido em 1942, Haruki Murakami foi lançar seu primeiro livro, “Ouça a canção do vento”, apenas aos 37 anos, depois de tentar a sorte como dono de um bar de jazz. Entre seus livros mais conhecidos estão a trilogia “1Q84”, “Norwegian Wood”, “Kafka à beira-mar”, “Minha querida Sputnkik” e “O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação”. O escritor é lembrado ainda, todos os anos, como um dos mais fortes candidatos ao Prêmio Nobel de Literatura.

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“Ghost in the Shell”

Aqui vale uma dica em dose dupla. “Ghost in the Shell” é um mangá criado por Masamune Shirow publicado originalmente entre 1989 e 1991, ganhando continuação mais de uma década depois. Com influências do cyberpunk, a história se passa em 2029 e tem como protagonista a major Motoko Kusanagi, que integra uma unidade de agentes secretos que precisa lidar com um criminoso cibernético. Motoko teve seu corpo tão modificado que praticamente não restou nada de humano, alémdo cérebro, o que justifica o “fantasma” do título.

O mangá fez tanto sucesso que ganhou uma célebre animação, lançada em 1995, com roteiro do próprio Shirow e direção de Mamoru Oshii, e foi uma das inspirações para as Irmãs Wachowski criarem “Matrix”. A animação está no streaming da Prime Video, enquanto que o mangá pode ser encontrado no Brasil via Editora JBC. Ah, e ignorem solenemente a versão live-action estrelada por Scarlett Johansson.

“Midnight Diner: Tokyo Stories”

Tudo começou com o mangá “Shinya Shokudô”, de Yarô Abe, que a rede japonesa TBS levou para a TV em três temporadas – que chegaram a ser exibidas por aqui pelo canal Arte 1 – entre 2009 e 2014, além de um filme lançado em 2015. Depois, a série ganhou um reboot de duas temporadas na Netflix, com boa parte do elenco original – incluindo o protagonista. O personagem principal da série é o Mestre (Kaoru Kobayashi), dono de um restaurante escondido nas vielas de Tóquio e que funciona apenas entre a meia-noite e as sete horas da manhã. Com um cardápio bem simples, ele se dispõe a fazer qualquer prato que os clientes peçam, desde que tenha os ingredientes. É neste cenário que acompanhamos as histórias das figuras que batem ponto no local, entre romances, dramas e situações cômicas, à medida em que são preparadas iguarias que dão água na boca.

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