5 artistas LGBTQIA+ da cena de Juiz de Fora

Tribuna indica o trabalho de artistas para se conhecer às vésperas do Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+


Por Gabriel Ferreira Borges

25/06/2021 às 07h00

Às vésperas do Dia do Orgulho LGBTQIA+ na próxima segunda-feira (28), a Tribuna pede licença para indicar cinco artistas LGBTQIA+ da cena de Juiz de Fora. A data marca a Revolta de Stonewall, ocorrida em Nova York, Estados Unidos, em 1969. A resistência do grupo LGBTQIA+ que frequentava o bar Stonewall Inn à ação truculenta da polícia deflagrou uma série de manifestações da comunidade por seus direitos. O episódio é um marco do ativismo na agenda pública. Então, a nobre lista detalha o trabalho de artistas LGBTQIA+ locais, muitas vezes realizado em diferentes linguagens, do teatro à escrita, embora o fio condutor seja mesmo a música.

Dávis delAnus

Ainda que natural de São José dos Campos, a cantora, compositora, escritora e produtora musical Dávis delAnus, 28 anos, mora em Juiz de Fora há oito. Dávis lançou há pouco, em 10 de junho, o terceiro single da carreira, “Edifício”. A canção, aliás, ganhará uma versão remix na próxima terça-feira (29). A letra é uma crítica ao processo de verticalização das cidades, pontua Dávis. Esse processo, explica, nos encaixota em pedacinhos de cimento em que perdemos a nossa identidade, marcada pelo individualismo e associada ao que consumimos e produzimos. “Nos deixamos de nos entender enquanto universo”, questiona a artista. Embora não tenha ainda um disco ou um EP, Dávis ensaia a produção musical de um trabalho baseado no livro “Bixandu” (2018), lançado à época da II Semana Rainbow da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O título reúne, por exemplo, fotos, textos, pinturas e desenhos de Dávis, além de músicas, já que sempre buscou escrevê-los como uma estrutura musical, com melodia e performance. Dávis não se considera filiada a gênero musical algum. É uma identidade mais experimental, afirma – tanto é que sempre lança remixes de suas canções como uma forma de possibilitar outras interpretações. Além de “Edifício”, Dávis já lançou os singles “Ciborgue” e “Na beira”.

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Imbapê

O cantor e compositor juiz-forano Imbapê, 29, prepara o lançamento do single “A nova”, de Laura Januzzi e Pablo Quaresma, para o fim de julho. A canção será a segunda do repertório do EP “Bicho solto” a ser divulgada. A primeira foi “Pisciano”, assinada também por Laura Januzzi, lançada ainda em março. Gravado e produzido entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021 na Casa Argo e Estúdio Sensorial Arte de Juiz de Fora, “Bicho solto” marcará justamente uma nova fase na carreira do artista, como detalhou recentemente em entrevista à Tribuna. Até 2018, Imbapê – então Lucas Barbosa – era atleta de taekwondo. Conforme o artista, a sonoridade do EP terá influência de nomes da MPB, como Elis Regina, Maria Betânia, Caetano Veloso e Elza Soares, bem como do pop, a exemplo de Beyoncé. Entretanto, entre um single de trabalho e outro de “Bicho solto”, Imbapê lançou em parceria com Marcos Suzano a música “Glorinha” após convite do Sensorial e OAndarDeBaixo para o festival Eco Subterrâneo.

Wes Jupy

O cantor e compositor juiz-forano Wes Jupy, 20, lançará, nesta sexta-feira (25), meio-dia, em suas plataformas digitais, o single “Open drink” em meio à celebração do Dia do Orgulho LGBTQIA+. A música, que virá acompanhada de um videoclipe no YouTube, fala sobre amor próprio e liberdade. A canção, conforme o artista, é um pop funk, a primeira dele no estilo. Com ela, pontua o cantor e compositor, pretende chegar a lugares onde a comunidade LGBTQIA+ não costuma estar, ou, se está, ainda é discriminada. Mas além de “Open drink”, Wes Jupy já trabalha, inclusive, em um próximo lançamento, com a participação de MC Xuxú. Wes já havia lançado em 2019 o single “Meu paraíso”.

MC Xuxú

O trabalho da funkeira MC Xuxú, 32, já é notório não só a nível local, mas também nacional. Além do EP “MC Xuxú”, ela já lançou um álbum de estúdio, “Senzala” (2018). Xuxú lança, nesta sexta-feira (25), aliás, em parceria com Karsou e Sophia Barclay, o single “Sem sentimentos”, pela gravadora Crossover Records. No ano passado, Xuxú lançou o trabalho “Perfeita aos olhos do pai” com três músicas: “Matei um cara”, “Benemérita” e “Grana”. Esta última, inclusive, ganhou um videoclipe em abril deste ano, assim como a música “Liberdade”, que, por sua vez, está no repertório do álbum “Senzala”. O trabalho audiovisual de “Liberdade”, com o apoio do Coletivo Descolônia, foi lançado em janeiro em meio à celebração do Dia da Visibilidade Trans. Além disso, Xuxú comanda o carnavalesco Bloco das Beneméritas, alusão ao título de cidadã benemérita de Juiz de Fora concedido a ela pela Câmara Municipal e sancionado pelo Município.

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Pablo Abritta

Pablo Abritta, 25, estreou a carreira musical na última sexta-feira (18) com o single “Livre pra ser”, assinado pelo próprio Pablo. A canção celebra tanto ativistas quanto movimentos sociais que lutaram pelos direitos da comunidade LGBTQIA+. Embora “Livre pra ser” seja um projeto exclusivo da Lei Aldir Blanc de Minas Gerais, Pablo já tem planos de produção musical de um EP independente para 2022. Conforme o artista, a lei de fomento lhe ajudou a se lançar no mercado, bem como deixar o seu trabalho mais acessível nas plataformas digitais – o videoclipe de “Livre pra ser” tem tradução simultânea em libras, aliás. Além da carreira musical, ele integra o Núcleo Teatral Prisma, fundado em 2017. O grupo cênico desenvolve, por exemplo, pesquisas voltadas para a temática LGBTQIA+. O repertório do Núcleo Teatral Prisma trabalha com a naturalização das identidades, seja em espetáculos adultos ou infantis, acrescenta Pablo. Dentre as principais referências do grupo estão as dramaturgias de Caio Fernando Abreu e Ulisses Belleigoli.

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