Cinco Patrimônios Mundiais Culturais e Naturais no Brasil

Selecionamos cinco lugares que contam a história do Brasil, próximo a Juiz de Fora


Por Cecília Itaborahy, estagiária sob supervisão de Wendell Guiducci

13/08/2021 às 07h00

O melhor do Brasil são as paisagens e as histórias que contam, em cada parte, um pedaço do povo que construiu o país e, mais do que isso, estabeleceu nossa cultura. Andar pelas cidades – e não só pelas históricas – é entender quem, afinal, nós somos e para onde vai esse agora. A importância desses lugares naturais e culturais é tanta que é necessário intervir e transformar em patrimônio, para que tudo permaneça como deve ser: página concreta da história, nossa memória viva e, então, nossa identidade primordial. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) tem papel fundamental na manutenção dos espaços, desde o tombamento de construções à atração de turistas. Como uma valorização desses espaços e afirmação de importância, a organização instituiu os Sítios dos Patrimônios Mundiais Culturais e Naturais pelo mundo todo, inclusive no Brasil. Aproveitando a inserção de mais um nesta lista e que se aproxima o dia dedicado ao Patrimônio Cultural (17 de agosto), a Tribuna selecionou cinco deles, próximos a Juiz de Fora, para conhecer e entender esse país profundo.

Sítio de Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro

Recentemente, a lista de Patrimônios Culturais do Brasil cresceu e o sítio do paisagista e artista plástico Roberto Burle Marx recebeu o título. O espaço, localizado na Barra de Guaratiba, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, foi seu ateliê, onde construiu suas obras e desenvolveu seu paisagismo moderno. O terreno tem 400 mil metros quadrados e, por isso, é também um jardim tropical, com 3,5 mil espécies de plantas – algumas semeadas por ele, responsável por trazer espécies que, até então, não eram muito usadas, como a costela de adão. É como se arte e paisagismo coexistissem e só fizessem sentido assim. Até porque, para Burle Marx, os jardins são, em si, obras de arte.

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Mares e montanhas do Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro como um todo é tema de música, livro, quadros. Não à toa, Billy Blanco e Tom Jobim musicaram que lá é um “Festival de beleza/Natureza sem par”. Por causa disso, movimentos e movimentos foram instaurados tendo a cidade como plano de fundo. Em 2012, a Unesco declarou que o sítio do Rio de Janeiro seria, então, Patrimônio Cultural. Isso inclui as montanhas e o mar da Tijuca, o Jardim Botânico, o conjunto de montanhas do Corcovado e a estátua do Cristo Redentor e os morros ao redor da Baía de Guanabara, inclusive a paisagem da Praia de Copacabana. Esse título reconhece não só a paisagem em si, mas tudo o que dela foi constituído e sua fusão entre natureza e arte, além de ser passagem e palco de momentos históricos às ações mais rotineiras.

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Conjunto Moderno da Pampulha, Belo Horizonte

O Cassino, o Salão de Baile, o Golf Yacht Club e a Igreja de São Francisco de Assis são as obras que formam o conjunto Moderno da Pampulha em Belo Horizonte. Mais um exemplo de como paisagem e arquitetura são indissociáveis, o projeto arquitetônico é de Oscar Niemeyer, com Cândido Portinari – que interligou artes plásticas com concreto – e, mais uma vez, Roberto Burle Marx. O conjunto foi responsável por inaugurar um pensamento arquitetônico moderno, que, ao mesmo tempo que se refere à Europa e à América do Norte, é latino-americano nato. Por esse fator, até hoje, serve de inspiração aos arquitetos e artistas. É uma grande obra de arte a céu aberto, com o acréscimo da possibilidade de entrar nos espaços – ou, numa arte.

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Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas

Construído a partir da segunda metade do século XVIII, o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos é formado pela igreja, que guarda parte do estilo rococó, pela escadaria com as estátuas dos Doze Profetas e pelos passos que representam as Estações da Cruz, com as obras de Aleijadinho. Essa junção, além de registrar o ápice da arte cristã na América Latina, marca também um registro de uma nova arquitetura da época, sobretudo na igreja. Por isso, em 1985, tornou-se Patrimônio Mundial Cultural. O interessante, nesse caso, é como a cidade foi crescendo e mantendo essa obra conservada, visto sua importância para o conhecimento da história e da consolidação da cidade e do povo.

Cidade Histórica de Ouro Preto, Minas Gerais

Sérgio Rodrigues, no livro de contos “A visita de João Gilberto aos Novos Baianos”, escreveu que Ouro Preto, a antiga Vila Rica, é “o coração disparado da América portuguesa”. Ele diz isso porque, ao pisar na cidade histórica, sente-se o peso de tudo o que aconteceu naquelas ladeiras na época do ouro, o apogeu e, ao mesmo tempo, o começo de Minas Gerais. Até hoje, a cidade conserva a essência e os casarões da época, abrigando museus, residências e hotéis. Além disso, sua própria paisagem consegue contar uma história. Pela união inseparável disso, com arquitetura e todo redor que Ouro Preto carrega, em 1980 ela foi considerada Patrimônio Mundial Cultural, sendo a primeira no Brasil a receber o título. Além disso, como um museu aberto, é palco de obras de grandes artistas, como Aleijadinho.

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