Fiat Argo Drive 1.0 foi planejado especialmente para roubar vendas dos líderes nacionais


Por Tribuna

28/06/2017 às 15h09

 

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A Fiat quer liderar a venda de automóveis 1.0 no Brasil. Na verdade, de acordo com a marca italiana, isso já aconteceu em 2016. Mas, para não correr riscos em 2017, a fabricante aposta suas principais fichas no novo Argo Drive. E admite que toda a concepção da versão _ pelo menos nessa motorização de entrada _ foi pensada para rivalizar diretamente com os dois líderes atuais de emplacamentos no Brasil: o campeão Chevrolet Onix e o vice Hyundai HB20.

Do primeiro _ sem grandes trunfos entre os hatches 1.0 _, quiserem ganhar na eficiência energética. Já do segundo, o qual enxergam, de fato, como um concorrente de peso, buscaram vantagens no custo/benefício, nas tecnologias implantadas e no desempenho. Não à toa, a Fiat projeta para o Argo Drive 1.0 nada menos do que 35% de todos os emplacamentos mensais _ atualmente, esse share está em 33%. O modelo conta ainda com propulsor 1.3 e 1.8.

Pesquisas da Fiat entre consumidores de modelos 1.0 apontaram quais as principais exigências e também qual a utilização deles nesta categoria de automóveis. Constataram que 70% desses clientes dirigem em área urbana e que 40% dos compradores de modelos 1.0 priorizam a economia de combustível.

Apurou também que, entre as principais reclamações, estavam as respostas lentas do motor. Considerando essas informações, o motor 1.0 Firefly, que estreou no Uno no ano passado, se mostrou um trunfo importante na busca pela liderança entre os “carros mil”.

O motor tem três cilindros, cabeçote de duas válvulas por cilindro, comando de válvulas único no cabeçote com variador de fase e desenvolve 77 cv e 10,9 kgmf de torque com etanol. Porém, segundo a Fiat, 80% deste torque já se mostra presente a partir das 2 mil rotações, o que favorece justamente o rodar na cidade.

No teste do InMetro, o Argo Drive 1.0 conquistou médias de 9,9/10,7 km/l com etanol na cidade/estrada e 14,2/15,1 km/l com gasolina, nas mesmas condições, garantindo 1,45 MJ/km de consumo energético e nota A tanto na categoria quanto no geral. A economia de combustível é favorecida ainda pela adoção do start/stop de série, que desliga o motor em paradas rápidas, como as de sinal de trânsito. A transmissão é sempre manual, de cinco marchas.

A lista de itens de série é justa e tem mesmo a “cara” de variante de entrada. Direção elétrica progressiva, ar-condicionado, display de alta resolução no quadro de instrumentos, banco do motorista com ajuste de altura, cintos de segurança retráteis de três pontos para todos os ocupantes, Isofix e travas e vidros dianteiros elétricos estão no pacote inicial.

Com eles, o Argo Drive 1.0 parte de R$ 46.800. O valor é um tanto alto, considerando a falta de um mero sensor de estacionamento traseiro, luzes de neblina ou mesmo rodas de liga leve. Mas a fabricante tem uma justificativa para não adotar esses equipamentos: só 2% de todos os Palio Attractive vendidos saem das lojas sem as calotas originais e com as luzes de neblina.

No entanto, o Argo Drive 1.0 pode ficar bem completo a partir de opcionais. Um kit de estacionamento adiciona sensores traseiros com visualizador gráfico e câmara de ré com linhas dinâmicas, por R$ 1.200, mas exige o gasto de mais R$ 1.990 na central multimídia de sete polegadas com tela touchscreen e Android Auto, Apple Car Play, Bluetooth, entrada USB e sistema de reconhecimento de voz, além de volante com comandos de rádio e telefone e uma segunda porta USB para passageiros traseiros, totalizando R$ 49.990.

Retrovisores elétricos com luzes de setas e função Tilt Down e vidros elétricos atrás encarecem em outros R$ 1.200 a conta, somando R$ 51.190. Quem só quer um rádio com AUX/USB/MP3/AM/FM, função audio streaming, Bluetooth e comandos no volante pode gastar apenas R$ 1.300 a mais, pagando R$ 48.100, ou com o kit de retrovisores e vidro traseiro elétrico por R$ 49.300. A cor metálica ou perolizada ainda inclui outros R$ 1.600 em qualquer uma das opções.

Primeiras impressões

A Fiat quis mostrar a agilidade de seu novo hatch compacto 1.0 em perímetro urbano. E, para isso, nada melhor do que realizar o teste em dos lugares mais criticados pelos longos engarrafamentos em diversas faixas de horário do dia: as ruas da capital paulistana. Com o habitáculo generoso _ a Fiat afirma que, entre os hatches compactos, só perde para o Sandero _ favorece o conforto, com espaço de sobra para cabeça, ombros e pernas quando há quatro passageiros no veículo. O acabamento não chega a ser requintado, mas é sóbrio e até charmoso.

A suspensão absorve bem os impactos causados por desníveis no solo e o isolamento acústico não chega a impressionar, mas também não decepciona. Só o start/stop da versão se mostra um tanto incômodo, nos momentos em que o motor volta a funcionar _ o barulho e a vibração são mais intensos do que normalmente se vê nos outros modelos com esse tipo de tecnologia.

O teste foi realizado com um Argo Drive 1.0 completo e a central multimídia reproduzia as indicações de rota transmitidas por um celular conectado ao aparelho. A definição da tela impressiona, principalmente quando se recorre à câmara de ré. A direção elétrica também, já que se mostra excessivamente leve nas manobras de estacionamento e ganha peso assim que o velocímetro começa a subir.

O motor 1.0 Firefly logicamente não transmite o mesmo vigor de quando move um Uno ou um Mobi, outros modelos da marca equipados com o propulsor, mas não faz feio. Arrancadas são boas _ isso, é claro, quando não se trata de uma subida mais íngreme _ e ultrapassagens e retomadas também são realizadas com eficiência, mas desde que se recorra a reduções de marchas. O câmbio tem engates bons, mas uma sexta marcha poderia ajudar a reforçar o isolamento acústico e, quem sabe, melhorar ainda mais a eficiência energética do modelo.

Ficha técnica

Fiat Argo Drive 1.0

Motor 1.0: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 999 cm³, três cilindros em linha, duas válvulas por cilindro. Injeção multiponto e acelerador eletrônico.

Transmissão: Manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle eletrônico de tração.

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Potência: 72/77 cv com gasolina/etanol a 6.250 rpm.

Torque: 10,4/10,9 kgfm com gasolina/etanol a 3.250 rpm.

Diâmetro e curso: 70,0 mm X 86,5 mm. Taxa de compressão: 13,2:1.

Aceleração 0-100 km/h: 13,4 segundos.

Velocidade máxima: 162 km/h.

Suspensão: Dianteira do tipo McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais com barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos, telescópicos de duplo efeito e molas helicoidais. Traseira por eixo de torção com rodas semi independentes, amortecedores hidráulicos, telescópicos de duplo efeito e molas helicoidais. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.

Pneus: 175/65 R14.

Freios: Discos sólidos na frente e a tambor atrás. Oferece ABS com EBD.

Carroceria: Hatch em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Comprimento de 4,00 metros com 1,75 m de largura, 1,51 m de altura e 2,52 m de entre-eixos. Possui airbags frontais de série.

Peso: 1.105 kg.

Capacidade do porta-malas: 300 litros.

Tanque de combustível: 48 litros.

Lançamento no Brasil: 2017.

Produção: Betim, Minas Gerais.

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