Mulheres motociclistas viajam o mundo para mostrar sua força

Conheça o revezamento entre motociclistas mulheres que está cruzando o globo em busca de visibilidade e que tem como uma das paradas Juiz de Fora


Por Iuri Fontana, estagiário sob supervisão da editora Isabel Pequeno

19/12/2019 às 06h57- Atualizada 19/12/2019 às 12h41

Raphaella Tostes, proprietária de uma Harley Davidson Fat Boy 2018, é guardiã do bastão que viaja o mundo na mão de apaixonadas pelo motociclismo (Foto: Fernando Priamo)

Setenta e quatro países. Esse é o território de domínio (até agora) do Women Riders World Relay (WRWR) ou, em tradução literal, Revezamento Mundial das Mulheres. O movimento é composto por cerca de 20 mil motociclistas de várias partes do globo e está sendo realizado para jogar luz sobre o poder e o crescimento da participação feminina na cultura motociclística. Representada por um bastão, essa mensagem está cruzando o mundo sobre duas rodas e no momento encontra-se em Juiz de Fora pela primeira vez desde que o revezamento começou a ser realizado em 2018. Por aqui, o bastão está sob cuidados da guardiã – como é chamada a transportadora do objeto – Raphaella Azalim Tostes ou Lady of Harley, proprietária orgulhosa de uma Harley Davidson Fat Boy 2018 e uma apaixonada pelo motociclismo.

Foto: Fernando Priamo

A “harleyra” recebeu o bastão de uma motociclista de Belo Horizonte e parte nesta quinta-feira (19) rumo ao Rio de Janeiro para dar continuidade ao revezamento.”Para mim, ser parte disso (WRWR) é muito importante, porque mostra o empoderamento das mulheres nesse ramo motociclístico e o poder delas em Juiz de Fora. O motociclismo está aí para agregar. Todos os motoclubes usam a caveira, porque nós somos iguais independentemente se você é homem ou mulher. O objetivo é unir as mulheres ao redor do mundo em torno do motociclismo e mostrar a nossa força”, destaca Raphaella, que também é integrante do Ladies off the Road ou Ladies da Estrada, maior motoclube de mulheres do mundo.
A rota do WRWR no Brasil começou em dezembro, e a entrada foi pelo Chuí (RS). Juiz de Fora é a 11ª da lista brasileira, que ainda conta com Rio de Janeiro, Itapira (SP), Sorocaba (SP), São Paulo e de lá o despacho para a África do Sul. O bastão percorrerá mais sete países no continente africano e finalizará seu percurso nos Emirados Árabes Unidos, alcançando a meta de 83 países e mais de 83 mil quilômetros percorridos.

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Origem da paixão

Certo dia, no alto de seus 12 anos, quando ainda morava em Belo Horizonte, Raphaella foi convidada pelo pai a ajudá-lo no conserto de sua Kawasaki Vulcan 1500 cc. Na garagem, ela aprendeu os primeiros passos: do funcionamento da embreagem à postura sobre a moto e, é claro, a dar a partida, que naquela ocasião não pôs apenas a custom do pai para funcionar, mas também a sua paixão.

Dali em diante, o motociclismo passou a reforçar o laço entre os dois, e a influência paterna concomitante ao apoio da mãe deu a Raphaella o terreno fértil para se tornar uma aficionada. “Tudo começou ali, com a paixão do pai. O meu primeiro passeio de moto foi com ele. Saí de Belo Horizonte e fui para um encontro de motos em Montes Claros. Foram as seis horas mais deliciosas da minha vida. A questão do companheirismo de pai e filha no motociclismo ajudou muito para que eu curtisse cada vez mais e quando eu crescesse continuasse gostando. E minha mãe sempre esteve ali me apoiando.”

Com seus 17 anos um assunto na mesa do almoço a despertou para aquilo que seria o direcionamento dentro do mundo do motociclismo. “Meu pai me perguntou: ‘Minha filha, se você pudesse ter uma moto, que estilo de moto você teria?’, e eu respondi que gostaria de ter muito uma moto custom. Naquela época, eu não conhecia o estilo de vida da Harley, e foi ali que ele me introduziu a esse mundo. Essa moto me proporcionou muitos momentos felizes entre amigos e hoje é um lazer, uma cachaça.”

Foto: Fernando Priamo

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