Baterias dos carros também sofrem com a pandemia

Vendas aumentam por conta do maior período sem uso dos carros diante do isolamento social e home office


Por Hairton Ponciano para a Agência Estado

12/08/2020 às 17h37- Atualizada 12/08/2020 às 17h45

A venda de baterias teve um salto de 47% em junho e 34% em julho, em relação ao mesmo período do ano passado. Os números, registrados pela Bosch, são o resultado de uma conjunção de fatores: pouco uso dos automóveis (por causa do isolamento social e do trabalho remoto), temperaturas baixas, típicas da estação, e também uma campanha de vendas realizada pela fabricante com seus distribuidores. Como no inverno sempre há um aumento natural na demanda por baterias (que “sofrem” nas manhãs frias), o fato novo é a redução de utilização do carro.

O aumento nas panes em baterias foi confirmado também pela Allianz Partners. A empresa de prestação de serviços do Grupo Allianz conseguiu separar as falhas decorrentes da menor utilização dos veículos devida à pandemia dos problemas relacionados ao inverno.
No primeiro caso, foram detectados “picos de 15 a 20%” nas solicitações de atendimento em abril e maio, já durante a pandemia, mas ainda com temperaturas mais altas. O gerente da rede de prestadores de serviço da empresa, André Amado, confirma que nesse caso a alta está atrelada à falta de uso dos carros e, também, a fatores como bateria já no fim da vida útil.

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Depois desses dois meses, a Allianz registrou também aumento de 4,5% nos meses de junho e julho, em comparação com o mesmo período do ano passado. Nesse caso, a responsável é a baixa temperatura, possivelmente agravada pelo fato de boa parte da população ainda permanecer reclusa, com menor utilização do carro.

A advogada Paola Luísa Ferreira faz parte dessa estatística. Trabalhando em regime de home office desde o início da pandemia, ela mal usa o carro. De acordo com ela, seu Renault Sandero costuma ficar “no mínimo” uma semana parado na garagem do prédio onde mora, na Vila Santa Catarina, Zona Sul de São Paulo. No início do mês, porém, ela foi ligar o carro pela manhã e o motor se recusou a pegar. O carro só funcionou depois que ela pediu auxílio ao cunhado, que levou um cabo auxiliar de bateria. Depois disso, o hatch não teve mais problemas.

Vida útil

De acordo com o instrutor técnico da Bosch Ismael Ramos, o ideal é que o carro que esteja sendo pouco utilizado seja ligado a cada dois dias, e mantido com aceleração um pouco acima da marcha lenta, para facilitar o carregamento da bateria.
Segundo o técnico, é recomendável manter o veículo ligado até que a ventoinha do radiador ligue e desligue. Isso faz com que tanto o óleo lubrificante como a água cheguem à temperatura ideal de funcionamento. Além disso, esperar que o ventilador do motor pare antes de desligar o carro evita desperdiçar parte da energia da bateria.

Baterias normalmente dão problema no inverno porque nessa época do ano o óleo do motor fica mais espesso, por causa das baixas temperaturas. Isso exige mais energia, especialmente para a primeira partida matinal. Mas, segundo o técnico da Bosch, a pior estação do ano para a bateria é o verão. “Ela não ‘gosta’ de calor”, diz.

Como ela tende a perder performance durante os meses mais quentes do ano, pode chegar ao inverno enfraquecida, e não aguentar. Por isso, é recomendável tomar algumas precauções, como, por exemplo, certificar-se de que o tanque de partida auxiliar (se houver) esteja abastecido com gasolina. Com os cuidados necessários, Ramos diz que uma boa bateria “dura três anos brincando”.

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