Desventuras em série
De uns tempos para cá, o mercado brasileiro de automóveis viu uma verdadeira proliferação de modelos normais com apelo aventureiro. A febre começou com o Fiat Palio Adventure, em 1999, e se alastrou: Fiat Idea Adventure, Volkswagen CrossFox, Renault Sandero Stepway, Hyundai HB20X e Toyota Etios Cross, entre outros. Até a minivan Chevrolet Spin pegou carona no conceito com a versão Activ. A Citroën entrou nessa briga em 2006, com o C3 XTR. Não deu muito certo. Em 2010, a marca francesa mudou a estratégia e atacou com o C3 Aircross – antes mesmo de lançar a minivan C3 Picasso, da qual é derivado. Com maior distância do solo, suspensão reforçada, pneu de uso misto e o estepe pendurado na traseira, o modelo, em 2011, emplacou uma média de 1.400 carros/mensais. Ao longo dos anos, o número caiu: mil unidades por mês em 2012, 800 em 2013 e, finalmente, 600 no ano passado. A reação da Citroën, no entanto, não foi das mais efetivas. Para a linha 2015, fez sutilíssimas alterações no visual e adicionou – só agora – sensor de estacionamento como item de série.
As novidades do C3 Aircross 2015 são bem discretas e, basicamente, estéticas. Na dianteira, os faróis ganharam máscara negra e as barras longitudinais no teto, molduras dos faróis de milha e estribos agora têm acabamento grafite – antes eram em cor de alumínio. A versão “top” Exclusive ainda traz o novo tom nas maçanetas das portas e nos espelhos retrovisores externos. Na paleta de cores para a carroceria agora consta o branco perolizado ou Blanc Nacré, como pomposamente a marca francesa chama.
Já a estreia tecnológica é o quase prosaico sensor de estacionamento traseiro, que se torna item de série na gama. Na configuração Exclusive com câmbio manual, ele se soma ao rádio CD/MP3 com Bluetooth e USB da Pionner, estepe traseiro com abertura por telecomando, ar-condicionado digital e comandos satélites no volante. Para mostrar o caráter aventureiro, o C3 Aircross Exclusive ainda traz mostradores circulares do painel, com funções de série como inclinômetro longitudinal, lateral e uma bússola.
A motorização do C3 Aircross não sofreu alterações na linha 2015. Sob o capô, continua unicamente o 1.6 litro 16V com a tecnologia Flex Start – que elimina o reservatório de gasolina para partida a frio – e o comando de válvulas variável, que favorece o enchimento dos cilindros em uma faixa de rotação mais ampla e torna o motor mais potente, tanto em baixas como em altas rotações. Com gasolina no tanque, o propulsor gera 115cv a seis mil rpm e15,5kgfm de torque a quatro mil giros. Abastecido com etanol, os números sobem para 122cv e 16,4kgfm nos mesmos regimes.
O Citroën C3 Aircross tem apenas duas versões que podem ser equipadas com transmissão manual ou automática. A mais vendida é a Tendance, que responde por 40% do “mix”, e começa em R$ 58.990. Ela chega a R$ 63.290 com câmbio automático – que tem 20% de participação da gama. Com apenas 5% da fatia, a Exclusive com câmbio manual começa em R$ 64.290. A segunda configuração que faz sucesso é a Exclusive AT, que “abocanha” 35% das vendas e parte de R$ 69.290. A fabricante francesa oferece sistema de navegação integral com tela de sete polegadas apenas na configuração mais dispendiosa.