Tribuna testa em JF o C4 Cactus, novo SUV compacto da Citroën

Com preço, design e tecnologia, montadora francesa entra pesado na briga dos utilitários esportivos no Brasil


Por Wendell Guiducci

04/10/2018 às 07h00

 

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Para entrar na briga dos SUVs, categoria de carro que mais cresce em vendas no Brasil hoje, a Citroën vem com artilharia pesada disfarçada de armamento leve. O Citroën C4 Cactus, que na Europa é vendido como hatch médio, aqui pelos trópicos ganhou altura e promete esquentar ainda mais a disputa já animada entre concorrentes como Nissan Kicks, Chevrolet Tracker, Hyundai Creta, Ford Ecosport, Renault Captur e adjacências. E tudo isso investindo em um tripé básico observado por qualquer comprador de utilitários esportivos compactos: design, tecnologia e preço.

A aposta da Citroën é alta. Hoje, a marca vende perto de mil unidades por mês no Brasil. Com o C4 Cactus, a expectativa é mais que dobrar esse número, uma vez que os executivos da montadora francesa projetam comercializar entre 1.500 e 2 mil unidades só do novo SUV por mês. Requisitos para fazer essa virada na história da Citroën no país, o carro tem. Vendido como hatch médio na Europa, o C4 Cactus foi elevado a 22,5cm de altura do solo e ganhou barras longitudinais no teto, o suficiente para conferir ao carro o aspecto esportivo que os consumidores buscam em um crossover. São seis versões e duas opções de motorização, que colocam o utilitário na competitiva faixa de preço entre R$ 68.990, na versão mais simples, e R$ 101.080, na versão topo de linha com todos os opcionais e pintura bicolor.

Desenvolvido e produzido no Brasil sobre uma plataforma exclusiva do modelo, o C4 Cactus chama atenção inicialmente pelo seu visual singular e ao mesmo tempo discreto, sem muitos ângulos e reentrâncias. Não há nenhum carro parecido no mercado, o que confere um ar de exclusividade. O jogo de faróis tripartidos, como na Fiat Toro, articula elegância com certa agressividade. A impressão geral é que você está diante de um Mini Cooper mais encorpado, e não é à toa: embora esteja enquadrado na categoria SUV compacto e tenha boa distância livre do solo, o C4 Cactus, sem as barras do teto, tem a mesma altura do hatch C3, 1,56m, o que reforça a pegada mais urbana do crossover.

Mas não se engane, caro leitor, com a aparência diminuta do Cactus. Com 4,17m de comprimento, 1,71m de largura e 2,60m de entre-eixos, o carro oferece bom espaço interno. O motorista tem amplitude de movimentos no habitáculo, bem como o carona. Atrás há conforto razoável para três passageiros. Para viagens mais longas, dois viajam com mais tranquilidade. O porta-malas de 320 litros está dentro do aceitável para a categoria. Os acabamentos internos são de boa qualidade, macios e têm design, com algumas partes cromadas, embora haja bastante plástico – o que certamente colabora para o preço competitivo do Cactus. De fábrica, todos os modelos já trazem painel digital, sem muitas firulas, e a central multimídia que incorpora os comandos do ar-condicionado.

Um motorzão desse, bicho

O Citroën C4 Cactus está disponível em seis versões, que vão evoluindo de acordo com o gosto – e o bolso – do freguês. A de saída, Live, é equipada com motor VTi 120 1.6, com câmbio mecânico de 5 marchas e vem com painel digital, central multimídia com tela de 7 polegadas, ar-condicionado digital, trava, direção, espelhos e vidros elétricos nas quatro portas, luz diurna em led e barras no teto. A versão seguinte é a Feel de câmbio manual, que acrescenta rodas de liga leve, câmera de ré, faróis de neblina, alarme e controle de velocidade de cruzeiro. Já a Feel automática, além da transmissão de seis velocidades e motor aspirado, recebe ainda controle de estabilidade, auxílio de partida em rampa e monitor de pressão dos pneus. A versão seguinte, Feel Pack, acrescenta chave presencial para travas e ignição, airbags laterais, rodas aro 17, barras do tipo flutuante, volante revestido em couro e sensor de chuva e de luminosidade.

A partir da versão Shine, a configuração de motor muda. Até aqui, todas as versões trabalham com o propulsor quatro-cilindros VTi 120 de 1.6 litro, que entrega 115 cv a 6 mil giros com gasolina e 122 cv a 5.800 giros com etanol na versão com câmbio manual, e 115/118 cv a 5.750 giros com gasolina/etanol na versão aspirada com câmbio automático. As duas opções Shine jogam a potência lá no alto: trabalham com um robusto motor THP (Turbo High Pressure) de seis velocidades que entrega 24,5 kgfm de torque e 166/173 cv de potência com gasolina/etanol. Para um carro que pesa no máximo 1.200kg, não é difícil imaginar o poder de aceleração de um propulsor de 173 cv: na versão Shine Pack, o bichinho vai de 0 a 100km/h em 7.3 segundos.

Consumo

De acordo com o InMetro, o modelo manual apresentou índices de consumo urbano de 7,7 e 11 km/l e rodoviário de 8,9 e 12,5 km/l, com etanol e gasolina. No modelo aspirado automático, os números mudam para 7,3 e 10,4 km/l na cidade e 9,1 e 13 km/l na estrada. Já o modelo turbinado obteve 7,2 e 10,4 km/l no consumo urbano e 8,9 e 12,6 km/l na rodovia.

O prazer de dirigir

A versão testada pela Tribuna dias atrás, cedida pela concessionária Union Citroën, é a topo de linha C4 Cactus Shine Pack, com motor turbo THP de 1.6 litro. Nas ruas incrivelmente esburacadas de Juiz de Fora, que equivalem a um off road, a altura do solo – 22,5cm – confere bastante confiança, e a suspensão com sistema McPherson na dianteira e eixo rígido na traseira se sai muito bem, assegurando conforto. Na estrada, apesar da altura do carro em relação ao asfalto, os controles automáticos de estabilidade e tração garantem uma direção segura, sem grandes rolamentos na cabine mesmo quando entramos em maiores velocidades nas curvas da BR-040. O motorzão – e aí o freguês pode optar pelo câmbio automático ou manual, se quiser uma pegada mais esportiva – responde com folgas nas ultrapassagens e retomadas.

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Em termos de tecnologia, o C4 Cactus Shine Pack não fica devendo em comparação a seus concorrentes diretos. Tem controle de estabilidade, chave presencial com ignição por botão, airbags de cortina, acendimento automático de faróis, frenagem de emergência, aviso de desvio de faixa, câmera de ré – inexplicável apenas a ausência do sensor de obstáculos na traseira – e outros mimos. Chama especial atenção a função Control Grip, que age de quatro formas diferentes sobre o controle de tração, podendo inclusive trabalhar individualmente em cada roda, de acordo com a situação do terreno ou as condições climáticas. Um pacote de respeito que, conjugado com as variantes preço e design, promete botar o Cactus na divisão de elite dos SUVs compactos do mercado brasileiro e, a reboque, mudar a história da Citroën no Brasil.

Ficha técnica

Citroën C4 Cactus

Motor VTi 120: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.587 cm³, quatro cilindros em linha, duplo comando de válvulas variável, quatro válvulas por cilindro. Injeção e acelerador eletrônicos.

Motor THP 173: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.592 cm³, quatro cilindros em linha, duplo comando no cabeçote, alimentado com turbocompressor com intercooler, injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.

Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas ou automático de seis, com uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração nas versões com câmbio automático e Grip Control nas versões com motor turbo.

Potência máxima: 115 cv a 6 mil rpm com gasolina e 122 cv a5.800 rpm com etanol na versão com câmbio manual, 115/118 cv a 5.750 rpm com gasolina/etanol na versão aspirada com câmbio automático e 166/173 cv a 6 mil rpm com gasolina/etanol na versão turbo.

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Torque máximo: 15,5/16,4 kgfm a 4 mil rpm com gasolina/etanol na versão manual, 16,1 kfgm a 4 mil/4/750 rpm com gasolina/etanol na versão aspirada automática e 24,5 kgfm a 1.400 rpm com gasolina/etanol na versão turbo.

Aceleração de zero a 100 km/h: 9,8 segundos na versão manual, 12 segundos na versão automática aspirada e 7,3 segundos na versão turbo.

Velocidade máxima: 186/193 km/h na versão manual, 185/190 km/h na versão aspirada automática e 212 km/h na versão turbo, com gasolina e etanol.

Suspensão: Dianteira independente pseudo McPherson, com barra estabilizadora. Traseira semi-independente com eixo de torção, com molas helicoidais e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade nas versões automáticas.

Pneus: 205/60 R16 na versão Live e 205/55 R17 nas demais.

Freios: Discos na frente e tambor atrás nas versões Live e Feel e disco nas quatro rodas na versão Shine. Oferece ABS com EBD.

Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Com 4,17 metros de comprimento, 1,71 m de largura, 1,56 m de altura e 2,60 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série, laterais a partir da versão Feel Pack e de cortina na versão Shine Pack.

Peso: 1.135 kg na versão Live, 1.156 kg na Feel manual, 1.204 kg na Feel automática, 1.225 kg na Feel Pack e 1.204 kg na Shine.

Capacidade do porta-malas: 320/1.170 litros.

Tanque de combustível: 53 litros.

Produção: Porto Real, Rio de Janeiro.

Preços: Live 1.6 Mec, R$ 68.990. Feel 1.6 Mec, R$ 73.490. Feel 1.6 Auto, R$ 79.990. Feel Pack 1.6 Auto, R$ 84.990. Shine 1.6 THP Auto, R$ 94.990. Shine Pack 1.6 THP Auto, R$ 98.990.

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