Transmissão de valor
Câmbio automático já foi um artigo de luxo na indústria automotiva. Mas agora este recurso se popularizou até entre carros compactos. Caso do sedã Chevrolet Prisma. Apenas por uma questão de engenharia, quase não é oferecido em modelos de entrada – normalmente equipados com propulsores 1.0. No Prisma, a transmissão automática está disponível nas configurações com motor 1.4. E, apesar de ser um câmbio automático de verdade, a Chevrolet buscou manter a competitividade do modelo. Tanto que oferece o item ao preço pedido nos rivais por uma transmissão automatizada – câmbios mecânicos com atuadores hidráulicos para a embreagem e as mudanças de marcha.
O equipamento adiciona R$ 3.550 à configuração LTZ, que parte de R$ 51.850. E oferece no mesmo pacote o piloto automático e volante multifuncional. A diferença não deve chegar a arranhar a competitividade do modelo no mercado, que é das melhores. O Prisma ocupa em 2014 a posição de segundo automóvel mais emplacado em sua categoria, com média próxima a sete mil unidades/mês – o líder é o Fiat Siena, na soma das versões Fire e Grand, que consegue pouco mais de nove mil vendas mensais. No Grand Siena, a inclusão do câmbio automatizado eleva o preço em R$ 2.929 e no Volkswagen Voyage, em R$ 3.020. No HB20S, o equipamento sai a R$ 3.300 – o câmbio também é automático, mas de apenas quatro marchas.
A transmissão automática no Prisma trabalha em conjunto com o motor 1.4 e extrai da unidade de força os mesmos números de desempenho da versão acoplada ao câmbio manual. São 98cv de potência com gasolina e 106cv com etanol, com torque máximo de 13 e 13,9kgfm a 4.800rpm, com os mesmos combustíveis no tanque. Um conjunto capaz de levar o veículo de zero a 100km/h em 10,1 segundos e à máxima de 180km/h.
Além da possibilidade de câmbio automático, a versão LTZ carrega uma lista de itens de série extensa. Além do airbag duplo e dos freios ABS obrigatórios por lei no Brasil, o carro conta com ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, computador de bordo, rodas de liga leve de 15 polegadas, faróis de neblina, alarme e o sistema de entretenimento MyLink. O aparato tecnológico, aliás, é um dos principais argumentos de vendas da linha compacta da marca no Brasil.
Mecanicamente, o motor 1.4 de 106cv com etanol não chega a surpreender. Principalmente com a transmissão automática de seis marchas opcional. É verdade que a exclusão da embreagem facilita a vida de quem dirige o modelo. Mas a impressão que se tem é de que o propulsor é pequeno demais para ela. As relações se dão em tempo certo, mas o Prisma só entrega um desempenho condizente com sua ficha técnica quando se “esgoela” o motor em rotações altas. Ultrapassagens demandam algum cuidado em função da demora nas reduções e, posto à prova, o motor cria um ronco que invade a cabine de maneira incômoda.
A suspensão mostra bom ajuste em relação ao conforto, já que absorve com eficiência os buracos e outras irregularidades das ruas. Mas em velocidades acima de 100km/h, o Prisma aderna um pouco nas curvas – situação, aliás, comum à maioria dos sedãs compactos. Em trajetos mais sinuosos, convém não levar o Prisma aos seus limites. Até porque é um sedã planejado para dar conforto e espaço aos ocupantes, não esportividade.