Narcisismo radical


Por MICHAEL FIGUEREDO

01/08/2013 às 07h00

O mercado de utilitários no Brasil sempre foi mais ligado à aparência do que à aptidão off-road. Instigar o desejo do consumidor por uma vida fora da estrada oferece muito mais retorno para as fabricantes do ponto de vista mercadológico. E, no caso do Tiguan R-Line, a Volkswagen encontrou uma maneira de apostar tanto no lado utilitário quanto no esportivo. O carro oferece tração nas quatro rodas, como a versão normal, mas tem indícios de esportividade – ao menos, visuais – ressaltados por adereços que vão desde inserções do logotipo da linha até rodas de liga leve de 18 polegadas e aerofólio traseiro. A agressividade, no entanto, não chegou ao trem de força. A parte mecânica é a mesma do Tiguan convencional. Porém, enquanto o competente motor TSFI 2.0 turbo e a transmissão automática de seis velocidades formam um conjunto atraente, os quase R$ 150 mil cobrados pelo modelo não ajudam a torná-lo sedutor.

O Tiguan R-Line é um carro caro. Só para inserir o pacote é preciso acrescentar R$ 20.065 ao preço inicial do Tiguan mais simples. Assim, o modelo parte dos R$ 132.250, valor muito distante até do preço do rival mais caro, o Honda CR-V de topo, que parte dos R$ 114.900, e R$ 34 mil a mais que o Hyundai iX35, por exemplo. O mais agravante é que, mesmo nessa faixa de preço, não oferece nada de tão exclusivo. A lista de equipamentos de série traz todo o trivial do segmento. Para piorar, equipamentos que poderiam se traduzir em importantes diferenciais – como o teto solar panorâmico e o Park Assist, por exemplo – são instalados como opcionais que deixam o preço em elevados R$ 148.660.

PUBLICIDADE

Por fora, o Tiguan R-Line apresenta rodas de liga leve de 18 polegadas, para-choques exclusivos e aerofólio. No interior, o banco do motorista é aquecível e recebe regulagem elétrica, além de ajuste lombar. O volante é diferente, mais esportivo, e os pedais são de alumínio. As soleiras das portas são personalizadas com o logotipo R-Line, a exemplo dos bancos e da grade frontal. O restante é o mesmo oferecido no modelo base. Estão preservados ar-condicionado de duas zonas, airbags frontais, laterais e de cortina, rádio com tela touchscreen, freio de estacionamento elétrico, trio elétrico, sensores de chuva e luminosidade e detector de fadiga.

Mesmo sem qualquer alteração, um dos pontos positivos do Tiguan R-Line continua sendo o trem de força. O TSFI 2.0 de quatro cilindros com turbocompressor produz satisfatórios 200cv a 5.100rpm. O propulsor descarrega nas quatro rodas um torque de 28,5kgfm, que é disponibilizado na ampla faixa dos 1.700rpm aos cinco mil giros. O conjunto é acoplado a uma transmissão automática de seis velocidades. A composição leva os 1.585kg do Tiguan partirem do zero até os 100km/h em 8,5 segundos. A velocidade máxima é de 207km/h.

Mesmo em um dos segmentos mais crescentes do país, o valor cobrado ainda é determinante para a composição do mercado. Mais caro de todos os competidores, o Tiguan tem emplacado uma média mensal de 480 unidades – mix que engloba as versões convencional e R-Line somadas. O topo do ranking é ocupado pelo Hyundai IX35, com uma média de 890 unidades por mês – quase o dobro do utilitário da Volkswagen.

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.