Sentindo falta de Nova Orleans


Por Elizangela Amorim

24/12/2014 às 07h00- Atualizada 02/02/2016 às 12h15

Arquivo Pessoal
Táscia e o amigo José Eduardo Brum no Rio Mississipi

Impossível escutar a voz grave de Louis Armstrong ou o som agudo de seu trompete – “Do you know what it means to miss New Orleans when that’s where you left your heart?” – sem pensar que, sim, tenho sabido durante este ano inteiro exatamente o que significa e que parte do coração ficou por lá. Agora que 2014 está prestes a terminar, vem ainda mais forte a lembrança do lugar onde ele começou, lá na beira do Mississipi, debaixo de chuva e fogos de artifício, de agasalhos e máscaras antecipadas de “MardiGras”, ao som de jazz, blues, soul e, o melhor, de vozes queridas brindando o “Happy NewYear!”.

Nova Orleans pode até ser a cidade mais famosa da Louisiana, mas certamente não faz parte dos anglo-saxônicos Estados Unidos. Ela é, antes sim, o ponto mais ao norte da América Latina, onde a influência das colonizações francesa e espanhola se faz presente em cada detalhe, desde a bonita arquitetura no Bairro Francês até o tempero (bastante!) apimentado das culinárias crioula e cajun.

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Para quem gosta de festa e música, a noite começa cedo, por volta das 17h, na pulsante Bourbon Street, com seus inúmeros bares, bandas e luzes. Ali, o show definitivamente não para, e, se uma apresentação termina num bar, basta migrar de imediato para o da frente. No entanto, é na menos turística Frenchmen Street que os amantes de jazz e blues realmente encontram o paraíso da boa música. E também onde se concentram os principais festejos de “New Year’s Eve” (Réveillon).

Durante a manhã e a tarde, mesmo com o relógio lembrando constantemente que uma nova hora, um novo dia ou um novo ano sempre se aproximam, a sensação é de que a vida parou como num clichê. Pelas ruas, os bondes parecem saídos do filme “A streetcar named desire”, de modo que até se espera encontrar Marlon Brando gritando: “Stella!!!”. Já pelas águas do Mississipi, é possível fazer um longo passeio de barco a vapor, com direito a almoço e, claro!, mais jazz.

Os que colecionam souvenirs vão encontrá-las, a preços especiais, no histórico French Market. E lá mesmo podem parar para uma refeição, incluindo a tradicional jambalaya (uma espécie de paella crioula/cajun) e o gumbo (um guisado de quiabo e, principalmente, camarões), ambos com muita pimenta-caiena. Pimenta, aliás, nunca falta e é servida até quando, febril, você pede ao barman algo que possa aliviar a gripe. O remédio? Uma xícara fumegante de mel, limão, pimenta, um pau de canela e uma boa dose de bourbon.

Jornalista

 

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