O que pensam os candidatos ao Senado sobre a Zona da Mata?

A Tribuna procurou os nove nomes envolvidos na disputa pela única cadeira em jogo por Minas para ouvir as propostas para JF e região


Por Renato Salles e Gabriel Magacho, estagiário sob supervisão da editora Fabíola Costa

27/09/2022 às 07h42

A poucos dias do primeiro turno das eleições, que acontecem no próximo domingo, dia 2 de outubro, a Tribuna procurou os nove candidatos que disputam uma vaga por Minas Gerais para saber quais são suas principais propostas para Juiz de Fora e para a Zona da Mata. Para auxiliar o eleitorado local na definição do voto, a reportagem traz um breve perfil dos candidatos, seus suplentes e o que pensam sobre as demandas e as necessidades da região.

Dos nove candidatos envolvidos na disputa, sete responderam aos questionamentos da Tribuna e suas visões estão expostas abaixo. São eles Alexandre Silveira (PSD), Bruno Miranda (PDT), Dirlene Marques (PSTU), Irani Gomes (PRTB), Marcelo Aro (PP), Pastor Altamiro Alves (PTB) e Sara Azevedo (PSOL). A todos foi feita a mesma pergunta: “Quais são suas propostas para a Zona da Mata?”

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Cabe ressaltar aqui dois aspectos. A candidata do PSTU, Dirlene Marques, delegou a resposta para a primeira suplente de sua chapa, Victória Mello. Isso porque o partido tem trabalhado com o conceito de candidatura coletiva em seu projeto para o Senado. Por outro lado, os candidatos Cleitinho (PSC) e Naomi de Almeida (PCO) não responderam aos questionamentos feitos pela reportagem.

Alexandre Silveira

‘A fome e a miséria voltaram a campear por Minas’

O senador Alexandre Silveira está em busca de sua reeleição para o cargo. Aos 52 anos, ele é natural de Belo Horizonte e já foi deputado federal. Na atual disputa, ele tem como suplentes a professora Cida Lima (PT) e Virgílio Guimarães (PT).

O candidato classifica a Zona da Mata como uma região muito “importante para Minas e para o Brasil”. Por outro lado, o candidato lamentou que, nos últimos anos, “infelizmente”, a região perdeu espaço na “geração de emprego e renda em consequência da guerra fiscal”.

“Eu quero ajudar, no Senado da República, o presidente Lula a fazer a reforma tributária, a desburocratizar e acabar com essa guerra fiscal para que nós possamos atrair emprego e renda para a região”, sinaliza o senador.

Alexandre considera que a única forma de se fazer justiça social é através da geração de empregos. Por outro lado, ele reconhece a importância “do socorro imediato às pessoas”.

“A fome e a miséria voltaram a campear não só por Minas, mas por todo o Brasil. Portanto, eu sou senador do presidente Lula em Minas. O candidato dele. Junto com ele, vamos restabelecer a justiça com a Zona da Mata e melhorar a vida das pessoas”, finaliza.

Bruno Miranda

‘É fundamental fortalecer os arranjos produtivos locais’

Vereador por Belo Horizonte, Bruno Miranda estreia na disputa por uma cadeira parlamentar no Congresso Nacional como candidato ao Senado pela primeira vez. Antes disso, ele já havia sido candidato à Câmara Municipal da capital quatro vezes, sendo eleito em duas oportunidades, e disputou uma vez uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Aos 42 anos e natural de Belo Horizonte, o candidato, que tem como suplentes Henrique Braga (PSDB) e Ivayr Soalheiro (PDT), destacou a “importância estratégica que a Zona da Mata mineira tem no contexto econômico de Minas Gerais”. “Quase 10% do PIB de Minas Gerais são oriundos do trabalho da Zona da Mata”, avaliou Bruno.

Assim, o petista considera que, caso consiga chegar ao Senado, “é fundamental que a gente fortaleça os arranjos produtivos locais da Zona da Mata mineira; e que a gente fortaleça as universidades públicas da região para que elas possam produzir conhecimento”.

O candidato diz ainda que pretende fortalecer as conexões com a iniciativa privada. “Eu acho que esse é o caminho, não tem outro que não seja pesquisa, iniciativa privada e o estado sendo indutor de todo esse arranjo produtivo para que a gente possa gerar emprego para toda a região”, apontou.

Irani Gomes

‘A Zona da Mata é muito produtiva para Minas Gerais’

Irani Gomes (PRTB) é mais um candidato ao Senado que faz sua estreia nas disputas eleitorais. Ele tem 48 anos e sua chapa conta com Oseas Soares (PRTB) e Petrônio (PRTB) como suplentes. Irani é ligado ao Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG) e é natural de Belo Horizonte.

“A minha proposta para a Zona da Mata é melhorar a infraestrutura das rodovias e ferrovias, porque eu entendo que a região é muito produtiva para o estado de Minas Gerais”, afirma o candidato, que ainda sinaliza, se eleito, atuar no Senado para “fomentar o turismo local, fazendo parcerias com o setor privado”.

“Também pretendo incentivar, além dos grandes produtores, o pequeno produtor e a agricultura familiar, a fim de aumentar a produção, gerando recursos para as famílias”, diz o candidato. Irani ainda sinaliza ao eleitor sua preocupação com as causas ambientais.

“Em minha gestão, pretendo criar um comitê executivo para atuar e fortalecer o meio ambiente, o desenvolvimento sustentável, o transporte e as obras públicas, a cultura e o turismo. Afinal, Minas possui um dos maiores sistemas estaduais de unidades de conservação do Brasil, que são geridos exclusivamente pelo Poder Público.”

Marcelo Aro

‘Eu sei a importância da região para Minas’

Em sua quarta candidatura após se eleger vereador de Belo Horizonte e deputado federal por dois mandatos, Marcelo Aro (PP) disputa uma cadeira no Senado pela primeira vez aos 35 anos. Ele é natural de Belo Horizonte e tem como suplentes em sua chapa Camila Soares (Avante) e Teteco (MDB).

“Tenho um carinho enorme pela Zona da Mata. A região é fundamental para o nosso estado, principalmente pela força no agronegócio, na indústria e no serviço”, afirma o candidato.

Antes de projetar o que pretende fazer pela região como candidato ao Senado, Aro defendeu sua atuação como deputado federal. “Fico feliz em poder dizer que, como deputado federal, eu conquistei resultados importantíssimos para a região.”

Assim, o candidato citou valores transferidos para a Zona da Mata por meio de emendas parlamentares, citando ações em Aracitaba e Juiz de Fora. Aro ainda destacou sua preocupação com as pautas voltadas para as pessoas com deficiência e doenças raras, as quais chamou de causas de sua vida.

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“Como senador, somando forças com Zema, podem ter certeza que continuarei trabalhando pela Zona da Mata e vou trazer ainda mais resultados, porque eu sei a importância da região para Minas”, disse.

Pastor Altamiro Alves

‘Vamos olhar de perto para a Zona da Mata, para trazer e viabilizar recursos’

Aos 69 anos, o pastor Altamiro Alves (PTB) é fundador da Igreja Internacional Despertar da Fé, disputa a sua primeira eleição e tem como suplentes Júlio Hubner e Leonardo Soltz, os dois do PTB. Ele é natural da cidade mineira de Frei Inocência.

“A minha visão sobre a Zona da Mata, primeiramente, é a preservação ambiental. A gente vê que as estradas estão danificadas devido ao transporte pesado da mineração. Nós temos que olhar isso muito de perto”, diz o candidato.

Em sua fala sobre a região, o Pastor Altamiro destacou as características da principal cidade da região. “Nós temos o exemplo de uma cidade muito boa, que é Juiz de Fora. Uma cidade acolhedora. Uma cidade de uma boa qualidade de vida, e que tem um mercado consumidor. Então, nós vamos olhar de perto para a Zona da Mata, para trazer e viabilizar recursos, inclusive, para a educação e para a saúde”, sinaliza.

O candidato aponta preocupação especial com a questão da educação. “Como senador, quero fazer o mapeamento dessa perda educacional nas escolas públicas do nosso Estado e usar a tecnologia com um impacto forte e continuo no dia a dia do estudante.”

Sara Azevedo

‘Investimentos podem ser feitos para duplicação da estrada que vai levar ao Aeroporto Regional da Zona da Mata’

A professora Sara Azevedo (PSOL) disputa seu quinto processo eleitoral. Ela já havia sido candidata a deputada federal, vereadora e vice-governadora, sempre pelo PSOL. Agora, aos 37 anos, ela tenta chegar ao Senado e tem como suplentes Manoel Cipriano e Arthur Duarte, ambos do PSOL. Sara é natural de Belém (PA).

A candidata aponta que a Zona da Mata é uma das mais importantes do estado de Minas Gerais, por sua diversidade, como o perfil industrial de Juiz de Fora, a vocação para a produção científica e tecnológica, e as produções leiteira, têxtil e audiovisual. Por outro lado, Sara apontou que a região vive uma “crise econômica”.

“Essa diversidade precisa ser incentivada para trazer mais investimentos para o estado. Essa relação precisa ser fortalecida no Senado com a articulação política com prefeitos, vereadores e deputados, para que seja expandido esse processo”, afirma a candidata.

Para Sara, o fortalecimento dessas vocações significa também investimentos em infraestrutura, por exemplo. “Investimentos esses que podem ser feitos para duplicação da estrada que vai levar ao Aeroporto Regional da Zona da Mata”, resume.

Victória Mello, suplente de Dirlene Marques

‘É necessário acabar com isenções fiscais das grandes empresas’

O PSTU lançou uma candidatura coletiva ao Senado, capitaneada pela professora Dirlene Marques, 75 anos, natural da cidade mineira de Quartel Geral. Assim, os dois suplentes da chapa, a professora Victória Mello e o metalúrgico Jordano são colocados em pé de igualdade dentro da composição.

Victória foi a escolhida pela legenda para responder à pergunta da reportagem. Aos 66 anos e natural de São José dos Pinhais (SP), a professora já foi candidata à Prefeitura de Juiz de Fora três vezes e a vice-governadora duas vezes, por exemplo.

“A Zona da Mata é uma das maiores e mais ricas regiões do estado e é responsável por quase 8% de toda riqueza produzida em Minas. Porém, os trabalhadores não ficam nem com metade dessa riqueza”, afirma a candidata.

Para ela, a região tem sido fortemente atingida pela crise econômica e sofre um grande processo de desindustrialização provocando desemprego e queda no nível de vida da população. “É necessário acabar com as isenções fiscais das grandes empresas e garantir subsídio e crédito barato para as pequenas empresas e os pequenos comércios do campo e da cidade, além de abrir e recuperar estradas que cortam toda a região”, diz.

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