Bolsonaro volta a JF para discursar na Praça da Estação
No dia da facada, em 2018, destino final do ato de campanha do então candidato era a Associação Comercial e Empresarial de Juiz de Fora, que funciona na praça
Juiz de Fora volta a ser palco de um ato de campanha de um candidato à Presidência da República. Em busca da reeleição em uma disputa ferrenha com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente Jair Bolsonaro (PL) retorna à cidade nesta terça-feira (18). Aqui, há pouco mais de quatro anos, ele foi vítima de um atentado à faca. O ponto alto da agenda já divulgada até deve ser um comício na Praça da Estação, no Centro. De certa forma, o ato fecha um ciclo. No dia 6 de outubro de 2018, a passagem de Bolsonaro por Juiz de Fora seria encerrada exatamente no local, onde discursaria para apoiadores na sede da Associação Comercial e Empresarial. Isto acabou não acontecendo por conta da facada desferida por Adelio Bispo de Oliveira. Agora, a expectativa é de que Bolsonaro discurse na Praça da Estação, como poderia ter acontecido há quatro anos.
Presidente da Associação Comercial à época e ainda desempenhando a função, Aloísio Vasconcelos conversou com a Tribuna e reviveu a expectativa de que Bolsonaro discursasse da sacada da sede da entidade em 2018. “Ele estava indo para a Associação Comercial e iria falar da sacada da Associação. Estava tudo confirmado. Se não fosse atacado, ele teria falado. Na época, ele veio a Juiz de Fora a nosso convite. A Associação Comercial organizou aquele evento. Nós fizemos um almoço empresarial com 875 empresários pagantes. Nós descemos o Calçadão com ele”, lembra Aloisio, que deixou o cortejo de apoiadores do então candidato à Presidência da República pouco antes da facada.
“Ele ia andar só mais 50 metros. Já havia duas Pajeros pretas esperando para levá-lo até a sede da associação. Ele só ia seguir até a esquina da (Avenida) Getúlio Vargas. Eu já havia descido correndo pelas ruas paralelas. Quando eu cheguei à Associação Comercial e mandei abrir a porta para recebê-lo, recebi um telefonema dizendo que ele havia sido alvejado. No primeiro momento, a informação era de que havia sido um tiro. Aí, subimos para a Santa Casa e, daí para frente, é a história que todos já sabem”, relembra o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Juiz de Fora.
Aloísio Vasconcelos ainda revelou que, na agenda marcada para esta terça (18), trabalhou para que, enfim, Bolsonaro fizesse um discurso a apoiadores a partir da sacada da Associação Comercial. Segundo ele, integrantes da equipe de segurança do presidente chegaram a averiguar a sede da entidade no início da tarde desta segunda (17), mas a possibilidade acabou descartada. “Eles vão montar o palanque”, explicou. Também na tarde desta segunda, a equipe da Tribuna esteve no local e já identificou as movimentações para a montagem da estrutura para a realização do comício.
Agenda
Até a edição desta matéria, as informações eram de que a chegada da comitiva do presidente, que é candidato à reeleição, estava prevista para acontecer às 14h, no Aeroporto Francisco Álvares Assis, o Aeroporto da Serrinha. No local, o presidente se reúne com lideranças e autoridades políticas e religiosas. Só então seguirá para a Praça da Estação, onde participa de um comício. As informações foram repassadas à reportagem por integrantes do movimento Direita Minas.
Candidato à reeleição abriu campanha na cidade
Desde que foi atingido pela facada e socorrido pela equipe médica da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, o presidente Jair Bolsonaro repete que a cidade se tornou sua segunda cidade natal. Ele é natural de Campinas (SP). Também por isso e por todo o simbolismo em torno do atentado sofrido em 2018, Bolsonaro e sua equipe optaram por abrir a campanha oficial pela reeleição em Juiz de Fora, no dia 16 de agosto.
Na ocasião, o candidato cumpriu uma agenda bastante similar à programada para esta terça. Ele também desembarcou no Aeroporto da Serrinha e lá se reuniu com lideranças religiosas. A partir do local, o candidato seguiu, acompanhado por apoiadores, em motociata para o Centro da cidade e realizou um discurso exatamente na esquina da Rua Halfeld com a Rua Batista de Oliveira, onde sofreu a facada desferida por Adelio Bispo de Oliveira.
Antes disso, então pré-candidato, Bolsonaro já havia cumprido agenda em Juiz de Fora, no dia 15 de julho. Na ocasião, a passagem do presidente pela cidade teve um roteiro um pouco diferente. Ele também desembarcou no Serrinha e, de lá, partiu em motociata para um encontro com lideranças evangélicas em uma igreja na Avenida Rio Branco, na altura da Garganta do Dilermando. Não houve comício, mas o presidente ainda visitou a Santa Casa. Essa, sim, foi a primeira passagem de Bolsonaro por Juiz de Fora desde a facada.
Zema assume papel de cabo eleitoral do presidente em JF
Na última quinta-feira (13), o ex-ministro Braga Netto (PL), candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Jair Bolsonaro, anunciou que o governador reeleito de Minas Gerais já no primeiro turno, Romeu Zema (Novo), assumiu a coordenação da campanha do atual presidente no estado. Logo, o governador vai acompanhar Bolsonaro na visita a Juiz de Fora. Zema concede entrevista ao vivo à Rádio Transamérica (91,3 FM) às 11h. Outros nomes do entorno do presidente também devem estar presentes, como os deputados eleitos Bruno Engler (PL) e Nikolas Ferreira (PL), respectivamente, os mais votados no estado para a Assembleia Legislativa e para a Câmara dos Deputados.
Na última sexta-feira (14), Zema já havia ciceroneado a visita de Bolsonaro a Belo Horizonte, em encontro com cerca de 300 prefeitos mineiros. Estas movimentações reforçam a preocupação da campanha à reeleição com a disputa em Minas Gerais. Historicamente, o estado é visto como chave, uma vez que, desde a redemocratização e as eleições presidenciais de 1989, todo candidato a presidente mais votado entre os mineiros venceu as eleições e assumiu a Presidência. Foi assim com Fernando Collor de Mello, em 1989; com Fernando Henrique Cardoso, em 1994 e 1998; com Lula, em 2002 e 2006; com Dilma Rousseff, em 2010 e 2014; e com Bolsonaro, em 2018.
Assim, Bolsonaro trabalha com Zema para tentar reverter um cenário que lhe foi desfavorável no primeiro turno das eleições. No último dia 2 de outubro, após o fechamento das urnas, a apuração apontou Lula como o mais votado entre os eleitores mineiros. Nesta etapa do pleito, Lula foi escolhido por 5.802.571 mineiros, conquistando 48,29% dos votos válidos; Bolsonaro somou 5.239.264 votos, 43,6% da votação válida. Em Juiz de Fora, o resultado foi ainda mais adverso para o candidato à reeleição. Na cidade, Lula obteve 167.048 votos nas urnas da cidade, ou 52,6% da votação válida; Bolsonaro, 121.945 votos, o que corresponde a 38,4% dos votos válidos.