Em JF, Kalil diz que ainda acredita em palanque conjunto com o PT em Minas
Ex-prefeito de Belo Horizonte e pré-candidato ao Governo de Minas Gerais esteve em JF para receber título de cidadão honorário; ele ainda disse que “seu jeito é parecido com o de Lula”
Pré-candidato ao Governo de Minas Gerais, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) cumpriu agenda em Juiz de Fora, nesta sexta-feira (13). Ele esteve no município para receber da Câmara Municipal o título de cidadão honorário da cidade. A homenagem é oriunda de legislação municipal publicada no dia 13 de abril, a partir de projeto de lei de autoria do vereador Cido Reis (Rede). Em entrevista coletiva à imprensa, Kalil sinalizou que ainda acredita na construção de um acordo entre seu partido, o PSD, e o PT, de forma a abrir espaço para um palanque conjunto em Minas que abrigue as candidaturas de Kalil e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tenta voltar ao Palácio do Planalto. “Política é feita com conversas”, pontuou o ex-prefeito da capital.
Ainda sem acordos para uma aliança, o ex-prefeito Alexandre Kalil abriu seu voto na disputa para a Presidência da República e afirmou que vai votar em Lula. Sobre um possível entendimento, pontuou: “Vamos conversar”. “Meu jeito é parecido com o do presidente Lula. Pensamos a mesma coisa. Independentemente de alianças, eu tenho um jeito de pensar o que fiz como governante parecido com o que o presidente Lula fez como governante. Tomara que ele caminhe comigo”, disse.
Apesar de confiante em um acordo futuro, Kalil reforça que a postergação de uma decisão é natural. “PT e PSD são grandes partidos”, aponta. Assim, o pré-candidato admite que o principal entrave de momento é a definição de um candidato ao Senado, uma vez que o PT trabalha com a pré-candidatura do deputado federal Reginaldo Lopes (PT), e o PSD pode lançar o senador Alexandre Silveira (PSD) para tentar a reeleição. “É o grande entrave. É legítimo o PT querer um lançar um candidato. É legítimo o PSD querer manter a cadeira. Há um impasse. Temos que conversar”, afirmou Kalil.
Visita tem tom de campanha e críticas a Zema
A passagem de Alexandre Kalil pela cidade teve claro tom de campanha. O pré-candidato se encontrou com lideranças locais. A portas fechadas, reuniu-se com a prefeita Margarida Salomão (PT), em encontro que teve o presidente da Câmara, o vereador Juraci Scheffer (PT), como anfitrião. A despeito disso, Kalil evitou fazer promessas, mesmo quando perguntado sobre seus propósitos para a região.
“Não tem promessa. Tem que pegar o Estado, refazer a saúde e refazer a infraestrutura. Esses são os pilares da minha campanha, do que eu vou fazer. Ah, você vai prometer o quê? Não prometo. Não prometi fazer 40 centros de saúde em Belo Horizonte, não prometi abrir um hospital de 550 cinquenta leitos, não prometi R$ 300 milhões de recapeamento por ano em Belo Horizonte. Não prometi arrumar minha cidade toda. Não prometi fazer uma cidade alegre. Não prometi nada. Está tudo lá, pronto. Ah, foi bem feito? Não sei. Eu fui reeleito no primeiro turno em uma cidade de três milhões de habitantes, com a segunda votação do Brasil e com a maior votação da história da nossa cidade em primeiro turno”, afirmou Kalil.
Ainda sobre Juiz de Fora e a região, Kalil voltou a fazer críticas ao governador Romeu Zema (Novo) e disse que a Zona da Mata, assim como outras regiões do estado, está abandonada. “Se o cara for bom de serviço, ele acerta 70% e erra 30%. Se o cara for ruim, ele acerta 30% e erra 70%. O abandono é 100%. Isso aqui está abandonado. A Zona da Mata está abandonada. O Sul está abandonado. No Norte, no Jequitinhonha e no Mucuri, dá pena o abandono. Estamos vendo prefeito com lata de terra tapando estrada. Estamos com a estrutura da maior malha rodoviária destruída”, afirmou.
Em tom crítico à atual administração estadual, o ex-prefeito de Belo Horizonte afirmou que “enquanto a plataforma eleitoral for salário em dia, Minas vai caminhar para perder o protagonismo de segundo estado da Federação”. “O discurso hoje do Governo de Minas é o discurso da oposição, de que ‘agora vamos fazer’. Quem tem que dizer que agora nós vamos fazer sou eu. Porque eles estavam aí e não fizeram. Quem estava lá? Tinha um fantasma sentado na cadeira? Agora que vai fazer?”, questionou.
Assim, o pré-candidato ao Governo de Minas fez uma única promessa: “não abandonar” a Zona da Mata, a qual classificou como “uma região importantíssima”. Ainda em busca de avançar nas conversas com o PT para a formalização de um palanque que una sua candidatura a do ex-presidente Lula, Kalil fez críticas diretas a Zema. “O problema do governador é que ele pensa no Fernando Pimentel (ex-governador pelo PT) igual eu penso no meu pai. Eu penso no meu pai que morreu todo dia. O Zema pensa no Fernando Pimentel todo dia.”
Sobre a possível aliança com Lula, o ex-prefeito foi taxativo: “se tiver na minha mão vai resolver”. Em busca de um entendimento com o PT, Kalil fez elogios à prefeita Margarida Salomão, com quem se encontrou brevemente na Câmara. “A Margarida é minha amiga há muito tempo. Nós temos uma ótima relação. Quando ela era deputada, sempre defendeu pautas humanas e pautas sociais. Ela sempre foi e foi muito bem recebida na Prefeitura (de Belo Horizonte) porque é uma mulher muito séria, muito comprometida e muito respeitada no estado todo. Acho que Juiz de Fora tem o privilégio de ter como prefeita uma mulher do nível da Margarida Salomão.”
Boa relação com o PT
O pré-candidato ainda ressaltou que, a despeito do desfecho das conversas, possui uma boa relação com quadros do PT. “Eu tenho com o Partido dos Trabalhadores, e a Margarida é testemunha disso, uma relação muito boa. Se não houver o casamento, não deu. Agora, eu não vendo mãe, não vendo tio, não traio, não faço sacanagem.” Kalil ainda desconversou veementemente as especulações que apontam que ele poderia não sair candidato ao Governo de Minas. “É mais fácil um boi voar do que o Kalil não ser o candidato do PSD.”
O ex-prefeito ainda ouviu um apelo do presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora para que, caso seja eleito governador, tenha um olhar especial para Juiz de Fora e a Zona da Mata, com foco na retomada do desenvolvimento econômico da região. “A Zona da Mata na década de 1940, no século passado, era 40% do PIB mineiro, hoje é 7%. Nós só não somos mais pobres do que o Vale do Jequitinhonha. Então, queremos um olhar diferenciado para a Zona da Mata”, pediu Juraci Scheffer. Perguntado sobre os caminhos para fomentar a economia local, Kalil defendeu que o Governo de Minas precisa ter um olhar mais atento. “Nós temos que regionalizar”, disse, sobre uma possível administração à frente do Estado.