Candidatos locais arrecadaram até R$ 211 por voto computado nas urnas

Os 35 candidatos a deputado federal com domicílio eleitoral em JF informaram, juntos, R$ 14,4 milhões em receitas de campanha; ao todo, eles receberam 379.062 votos


Por Renato Salles

05/10/2022 às 11h28

O fechamento das urnas no último domingo (2) apontou o sucesso de duas candidaturas estreantes à Câmara dos Deputados entre os 35 nomes com domicílio eleitoral em Juiz de Fora colocados na disputa. A ex-secretária municipal de Saúde, Ana Pimentel (PT), e a delegada Ione Barbosa (Avante) assumem um mandato no Congresso Nacional a partir de fevereiro de 2023, ao mesmo tempo em que os deputados federais Charlles Evangelista (PP) e Júlio Delgado (PV) deixam a Casa, após não se reelegerem. Para além de vitoriosas e derrotados, a campanha na cidade movimentou recursos financeiros significativos.

Ao todo, os 35 candidatos locais arrecadaram um R$ 14,4 milhões em receitas de campanha. Isso nos leva a uma pergunta: qual o custo de cada voto? Levando-se em consideração o montante já declarado à Justiça Eleitoral, os 35 nomes locais arrecadaram R$ 38 para cada um dos 379.062 votos conquistados. Quando considerada a relação entre a receita de campanha disponível e a votação obtida nas urnas, a candidatura que obteve a maior arrecadação por voto recebido foi a da jornalista Lis Macedo (PTB).

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Ela arrecadou R$ 726.350,84 e recebeu 3.432 votos, o que significa R$ 211,64 disponíveis para o financiamento de sua campanha a cada voto recebido. Do total de receitas informadas pela candidata, 97,1% vêm do Fundo Eleitoral, a partir de transferências feitas pelos diretórios estadual e nacional do PTB. Quando consideradas as despesas contratadas já declaradas à Justiça Eleitoral pelos 35 candidatos com domicílio eleitoral em Juiz de Fora, Lis Macedo também foi a que apresentou o maior “custo do voto”. Ela já informou gastos de campanha de R$ 484.963,81, o que significa despesas de R$ 141,31 por voto obtido nas urnas.

Ione Barbosa (Avante) e Ana Pimentel (PT) são as duas deputadas eleitas por Juiz de Fora para a Câmara dos Deputados (Foto: Divulgação)

Por outro lado, quando consideradas as receitas de campanha e a votação recebida, mesmo sem se eleger, o vereador Sargento Mello Casal (PTB) foi quem precisou arrecadar menos recursos para garantir um voto nas urnas. Mello recebeu um total de R$ 84.438,52 em recursos do Fundo Especial, o que significa R$ 4,92 arrecadados por cada um dos 17.162 votos recebidos.

Por outro lado, quando consideradas as despesas contratadas já informadas à Justiça Eleitoral, a delegada Ione Barbosa teve o menor “custo do voto” até aqui. A deputada federal eleita declarou gastos que somam R$ 75.234,84, o que corresponde a R$ 1,43 em despesas para cada um dos 52.630 votos recebidos.

Vale destacar que, nos dois casos, não foram considerados os candidatos que ainda não informaram receitas ou despesas à Justiça Eleitoral. Os levantamentos foram feitos pela reportagem nos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta terça-feira (4). Estes números ainda podem ser alterados. Isso porque as prestações de contas finais referentes ao primeiro turno podem ser feitas em até 30 dias, a partir do último domingo.

Maiores arrecadações não garantiram eleição

Entre os 35 candidatos a deputado federal com domicílio eleitoral em Juiz de Fora, apenas três apresentaram receitas de campanha acima da casa de R$ 2 milhões. Trata-se de nomes já conhecidos: os deputados Charlles Evangelista (PP) e Júlio Delgado (PV) e o ex-deputado federal Wadson Ribeiro (PCdoB). Juntos, os três levantaram receitas de campanha que somam aproximadamente R$ 7,8 milhões, e respondem por mais da metade do total arrecadado por todos os concorrentes da cidade. Nenhum dos três, todavia, conseguiu se eleger.

A maior arrecadação até aqui foi informada por Wadson, que contou com R$ 2.889.654,50 para financiar sua campanha. Do montante, 99,7% vêm do Fundo Eleitoral. Assim, o ex-deputado arrecadou R$ 84,35 por cada um de seus 34.256 votos. Com relação às despesas, ele já comunicou um total de R$ 1.364.229,70 em gastos, o que corresponde a um “custo” de R$ 39,82 por voto.

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Charlles Evangelista arrecadou R$ 2.630.800, sendo 98,8% do montante originário do Fundo Partidário. Isso significa que ele contou com recursos que correspondem a R$ 56,91 por cada um de seus 46.230 votos. O deputado já informou despesas contratadas que somam R$ 496.106,13, com um “custo” de R$ 10,73 por voto até o momento.

Por fim, Júlio Delgado obteve 51.923 votos e informou receitas de campanha que somam R$ 2.266.266,75, ou seja: R$ 43,65 arrecadados para cada voto recebido. Por sua vez, o veterano deputado, que está em seu sexto mandato, já comunicou à Justiça Eleitoral despesas contratadas que somam R$ 1.663.340,26, com gastos de R$ 32,03 por voto até a última prestação de contas apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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