Anastasia começa 2018 sob pressão do PSDB

Por Paulo Cesar Magella

27/12/2017 às 07h00 - Atualizada 26/12/2017 às 19h05

Um dos raros políticos a frequentar lugares públicos – especialmente restaurantes e aviões – sem ser hostilizado, o senador Antonio Anastasia voltou aos planos do PSDB. Sem um nome de peso para enfrentar o governador Fernando Pimentel, os tucanos vão insistir no projeto de fazer dele o candidato da legenda. O senador Aécio Neves, que inaugurou uma série de entrevistas aos principais veículos de comunicação, na tentativa de restabelecer seu prestígio, chegou a dizer que poderia até disputar o Palácio da Liberdade, mas as novas denúncias da Odebrecht devem fazê-lo recuar. Dessa forma, Anastasia volta ao jogo, a despeito de ter reafirmado que não pretende ficar na vida pública, após encerrar seu mandato em 2022, preferindo voltar para o magistério. De acordo com o jornalista Paulo César Oliveira, em seu blog, na véspera do Natal, o ex-governador vai ser pressionado já no início do ano, tão logo terminem os ecos da virada para 2018. Mas ele também é opção do partido para ser o vice do governador Geraldo Alckmin, caso o PSDB opte pela chapa pura para disputar a Presidência da República. Nesse caso, o ex-governador poderia, caso o político paulista não emplaque, ser até mesmo a opção primeira da legenda.

Majoritário

Nas entrevistas concedidas aos veículos de comunicação de Minas e nacionais, o senador Aécio Neves descartou a possibilidade de disputar uma vaga na Câmara Federal, certo de que pode virar o jogo ante a falta de provas que pesam contra ele e o que chama de inconsistência das denúncias, mas as novas delações, apresentadas às vésperas do Natal, prometem tirar-lhe o sono, uma vez que, garantem os representantes do Ministério Público, são bem mais consistentes. Aécio pode até se livrar delas, mas o desgaste deve se ampliar à medida que o caso avance, por isso, a dificuldade de disputar o Governo. Ademais, o voto para governador é o mesmo do Senado, isto é, pelo modelo majoritário, algo complicado ante as novas denúncias. Por enquanto, o senador mineiro não se manifestou, mas deve articular a mesma linha de defesa dizendo que não há provas materiais contra ele. Para a Câmara, as possibilidades de eleição – e manutenção do foro privilegiado – seriam maiores, por conta do voto proporcional.

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Velhos amigos

Mas se Aécio for mesmo disputar o Governo, será formado um cenário inédito na política mineira recente. Como destacou o jornal “Estado de Minas”, ele terá como adversário o atual governador, Fernando Pimentel, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda. Os três estiveram juntos no mesmo palanque, em 2008, quando Aécio, governador, e Pimentel, o prefeito da capital, se uniram para eleger Lacerda, empresário de sucesso, mas na busca do primeiro mandato. A inédita aliança PSDB/PT rendeu críticas das direções nacionais, mas os dois políticos mantiveram a aposta. Venceram o peemedebista Leonardo Quintão. A aliança azedou rapidamente, mas Lacerda ainda se reelegeu apenas com o apoio tucano e derrotando o petista Patrus Ananias. Em 2016, a relação melou de vez, quando ele indicou candidato próprio para enfrentar o tucano João Leite. Como resultado, ambos acabaram perdendo para o ex-presidente do Atlético Alexandre Kalil.

Pelo recesso

Os vereadores dão uma trégua esta semana, mas já retomam ao período de reuniões ordinárias já no início do ano. A primeira delas já está programada para o dia 2 de janeiro, ainda com ecos da virada do ano, a fim de garantir um recesso de um mês, entre os dias 16 de janeiro e 15 de fevereiro, que também coincide com as férias escolares. O calendário de audiências públicas deve seguir a mesma ordem, mas, por enquanto, não há nenhuma reunião prevista para este período, mas é bem provável que os pedidos entrem na agenda no início de 2018. Na maioria das vezes, tais eventos são transferidos para fevereiro pela dificuldade de arregimentar os convidados. A maioria viaja nesse período, o que acaba comprometendo a pauta.

Paulo Cesar Magella

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