Tucanos mineiros não sabem como enfrentar Aécio

Por Paulo Cesar Magella

01/12/2017 às 07h37 - Atualizada 01/12/2017 às 07h37

Rumo incerto

A chamada nova safra do PSDB, que tem o prefeito de Contagem, André Freitas, como uma de suas lideranças, não esconde o desconforto com as ações envolvendo o senador Aécio Neves, mas não tem, por outro lado, um novo projeto, capaz de contrapor ao modelo adotado pelo tucanato de Minas. Como destacou recentemente o jornalista Élio Gaspari, mesmo diante de tantos desgastes, Aécio é um dos coronéis da política brasileira e não costuma dividir espaços. Conhece os bastidores da política como poucos e tem articulação em diversos setores. Enfrentá-lo não é uma questão simples, como imaginam, sobretudo, os chamados cabeças pretas. E foi essa uma das constatações dos participantes do evento provocado por André Freitas, nessa quinta-feira, em Contagem. Há um entusiasmo pela renovação, mas não se sabe como.

 

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Câmara ou Câmara

O vereador Rodrigo Mattos, um dos convidados, saiu da reunião do mesmo jeito que entrou: sem definição do que virá pela frente. Descartou de vez uma candidatura a deputado estadual e tem dito com frequência que ou tenta uma vaga na Câmara Federal ou continua vereador. Não há outro caminho. Se for disputar para deputado, ainda terá, como os demais, que enfrentar o cenário de incertezas dentro do PSDB. Mas não entra na onda dos setores que defendem mudanças já, por entender que em Minas a política é feita em outro patamar. Queimar navios na política é uma forma temerária de agir, sobretudo por prevalecer a máxima de Magalhães Pinto: política é igual nuvem, a cada momento está num lugar.

 

Pimentel forte

Mas os tucanos, como outros partidos, já constatam que a falta de opções e o modelo de candidatura adotado por outros pretendentes, como Marcio Lacerda, Dinis Pinheiro e Rodrigo Pacheco, só servem para fortalecer a candidatura a reeleição do governador Fernando Pimentel. Mesmo com problemas de caixa e questões na instância judicial, ele ainda é o nome mais forte para 2018. E saiu fortalecido mais ainda com a decisão do ministro do STJ, Herman Benjamin, de mantê-lo no cargo, por não ver qualquer ato dele de obstrução, e do pedido de vistas formulado pelo ministro Og Fernandes, ficando o caso, provavelmente, para o ano que vem. Pimentel tem atuado bastante nos bastidores e passou para a secretaria de Governo – de viés político – o controle das finanças do estado.

 

Novo rumo

Caiu como uma bomba no ninho tucano a notícia publicada pelo jornalista Lauro Jardim, em seu blog em “O Globo”, dizendo que o deputado Rodrigo de Castro está de malas prontas para o DEM. Ligado a Aécio e sempre um dos mais votados deputados federais de Minas, ele é filho do ex-secretário de Governo das gestões Aécio e Anastasia, Danilo de Castro. Sua saída indica problemas internos graves do PSDB, que poderiam culminar com algum tipo de debandada. Por outro lado, há entendimento de que a transferência seria um problema para o outro Rodrigo, desta vez o Pacheco, PMDB, e presidente da Comissão de Constituição e Justiça, que também tinha sido convidado pelo DEM para ser candidato a governador, já que não teria espaço no reduto peemedebista. O cenário, em vez de ficar mais claro, continua nublado em Minas.

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