‘Ms. Marvel’, a série teen que o MCU precisava

Por Júlio Black

31/07/2022 às 07h00 - Atualizada 29/07/2022 às 14h34

Oi, gente.

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O Marvel Studios teve em “Vingadores: Ultimato” um dos maiores eventos da história do cinema, e isso exigiu um preço; afinal, o estúdio precisou encarar o desafio de realizar algo que pelo menos se equiparasse à “Saga do Infinito”. Foi uma cilada contra si mesmo, pois teria que ampliar seu universo com novos personagens para substituir heróis que se tornaram queridos do público, como o Homem de Ferro, Viúva Negra e Capitão América. Por isso, cada novo filme ou série chega cercado de expectativas que, para muitos, não se concretizam, e que faz cada lançamento vir seguido por frases como “a Marvel está se repetindo e presa a uma fórmula”, “a Marvel chegou no momento de saturação”, “a Marvel se perdeu”.

“Ms. Marvel” (Disney+), a mais recente série do MCU (Universo Cinematográfico Marvel, em inglês), não vai mudar a opinião de ninguém, mas… que série legal de se assistir! A primeira temporada, com seis episódios, tem que seguir a “fórmula Marvel” de manter todas suas produções interligadas de alguma forma, mas consegue escapar dessas amarras ao apresentar uma história que dá gosto de acompanhar, fechada em si mesma e com personalidade própria em termos de linguagem, ritmo, temática, essas coisas todas que os críticos adoram elencar.

A origem dos poderes da protagonista Kamala Khan (a fofíssima e carismática Iman Vellani) é bem diferente da apresentada nas revistas da Marvel em 2013, em que a adolescente muçulmana – e descendente de paquistaneses – descobre que é uma Inumana quando a Névoa Terrígena desbloqueia seus poderes. Na série, a princípio, os dons seriam uma herança de família e com envolvimento de criaturas de outra dimensão, mas aí tem a cena pós-créditos do season finale que… enfim, vai lá assistir e descubra por conta própria.

Mas então, o que faz de “Ms. Marvel” uma série tão legal? Então. Para começar, as séries e filmes da Fase 4 do Marvel Studios têm explorado gêneros diferentes (kung-fu com “Shang-Chi…”, terror com o novo “Doutor Estranho”), e nossa querida Miss Marvel chegou para mostrar que é possível, assim como os filmes do Homem-Aranha, enveredar pelo universo teen.

É muito legal ver Kamala Khan ter que lidar com os dilemas típicos dos adolescentes, como o conflito de gerações com os pais, o ambiente escolar, as paixonites, os dilemas de quem está prestes a encarar a vida adulta. E ela é uma adolescente, fã de super-heróis (principalmente a Capitã Marvel), que descobre ter superpoderes! E é uma adolescente super-hiper-mega-animada por ter ganhado superpoderes!

E é super-hiper-mega-legal acompanhar essa pequena jornada de crescimento (ops) com uma guria tão fofa, carismática, que, ao mesmo tempo que descobre que grandes poderes implicam grandes responsabilidades, descobre, entre outras coisas, a importância dos laços familiares e de conhecer o seu passado – nesse ponto, é preciso elogiar a Marvel por tratar de forma respeitosa e positiva tanto o islamismo quanto a cultura paquistanesa e um fato histórico como a Partição, quando o Paquistão se separou da Índia após o país deixar de ser uma colônia britânica.

Em meio à correria, reviravoltas, cenas de ação OK e efeitos especiais ruins (um problema que tem afetado as produções recentes e tem rendido uma polêmica danada entre a Marvel e estúdios de efeitos especiais), “Ms. Marvel” não é a série do MCU que vai revolucionar coisa alguma, mas é divertida, otimista, carismática, legal de se assistir e de uma fofura que dá vontade de ter a Kamala Khan como filha (para nós, os mais velhos) ou melhor amiga ou namorada (se você for adolescente). E vamos combinar que isso já é mais que suficiente para gostarmos de uma série.

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Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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