Nosso bom e velho ‘Star Wars’

Por JÚLIO BLACK

25/12/2015 às 07h00 - Atualizada 24/12/2015 às 09h09

Oi, gente.

Vamos conversar sobre mitologia? Mas não aquela de tempos ancestrais, em que figuras como os deuses do Egito e da Grécia dominavam o imaginário coletivo de civilizações inteiras, e sim a dos personagens de histórias em quadrinhos, livros, programas de TV e do cinema que assumem a posição das antigas divindades e são figuras centrais nas mitologias modernas, que muitos especialistas já estudam há alguns anos. Afinal, o novo “Star Wars” enfim chegou aos cinemas, e todo mundo só fala disso; a maioria, elogiando, alguns poucos – geralmente os fãs mais radicais – renegando aquilo que passaram a olhar com desconfiança desde que a Disney comprou a Lucasfilm em 2012.

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“O despertar da Força”, o sétimo episódio da saga espacial imaginada por George Lucas, tem os seus defeitos no roteiro, soluções simplórias e momentos que mais parecem um reboot ou remake, mas, vamos ser sinceros e despojados de qualquer preconceito: o filme é bom, muito bom, dentro da sua área de atuação, que é o divertimento das massas e estabelecimento de um universo ficcional. E nisso temos que dar os parabéns ao homem mais perigoso da galáxia, J. J. Abrams, que ao lado de Lawrence Kasdan conseguiu elaborar uma trama que funciona muito bem, dando o que os saudosistas precisam e conseguindo mostrar às pessoas alheias à franquia que ali existe uma história boa para ser acompanhada.

Abrams sabe, ainda, usar a tecnologia a seu favor, trabalhando os efeitos especiais computadorizados e os efeitos práticos para criar um mundo muito mais factível, tátil, que aquele mostrado pelo próprio George Lucas nos lamentáveis Episódios I a III. Não dá para não ficar impressionado com os gigantescos destróieres do Império afundados no deserto, todo o seu interior impressionante, e as batalhas aéreas entre os TIE Fighters e os X-Wings. E o primeiro voo da Millenium Falcon? Muito marmanjo deve ter ficado com um nó na garganta, para dizer o mínimo. Os novos personagens principais (Rey, Finn, Kylo Ren e Dameron Poe), no geral, mal foram “apresentados”, mas, assim como aconteceu com o Episódio IV, imagina-se que eles vão crescer e muito nos próximos dois filmes. Daisy Ridley, a Rey, é excepcional, e John Boyega (Finn) consegue o tom certo nos momentos dramáticos e – principalmente – cômicos.

E não podemos nos esquecer, claro, dos elementos clássicos que os fãs tanto sentiam a falta, cuja maioria não aparecia na tela grande desde “O retorno de Jedi”. A abertura com o “Há muito tempo atrás, numa galáxia distante…”, a música de abertura, o texto introdutório, já fazem o fã surtar de alegria, e ver na tela grande as figuras de Han Solo, Leia, Luke Skywalker, Chewbacca, CP3O, R2D2 – e até mesmo o lambari falante do “É uma armadilha!” em “O retorno…” -, é ter a sensação de que a nossa adolescência ainda não acabou. E o que dizer de BB8, o mais humano dos andróides que já apareceram no cinema? É impossível não se apaixonar pelo robozinho carismático e sonhar em ganhar um de presente.

É fácil perceber o sopro de vida que “O despertar da Força” trouxe à franquia fuçando o Facebook e ler a quantidade de pessoas não apenas comentando o filme, mas também emocionadas pela experiência de saudosismo provocada pela história. Até mesmo a Leitora Mais Crítica da Coluna, que não é fã da saga, se emocionou quando Han solo apareceu pela primeira vez, e continuou assim até as luzes se acenderem, enquanto dirigia e ao chegar em casa.

Toda essa repercussão, claro, só acontece por um motivo bem simples: “Star Wars – O despertar da Força” é muito, mas muito bom, infinitamente superior aos Episódios I a III juntos e – provavelmente – tão excelente quanto “Uma nova esperança” e “O Império contra-ataca”. É como se voltássemos aos anos 1980, mas com efeitos especiais bem melhores. Para ser perfeito, só faltaram os eternos Mestre Yoda e Darth Vader.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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Júlio Black

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