Suspense, terror e gente ruim das ideias na terceira temporada de ‘Servant’

Por Júlio Black

23/08/2022 às 12h00 - Atualizada 23/08/2022 às 11h30

Oi, gente.

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“Servant”, série do Apple TV+ criada por Tony Basgallop e produzida por M. Night Shyamalan (que também dirigiu alguns episódios, incluindo o piloto), faz parte daquela lista de produções que respondem às perguntas com novas perguntas, além de encaixar um mistério dentro de outro mistério – que, por sua vez, tem a ver com um mistério anterior. Não à toa, muitos pensam se tratar de “uma série do Shyamalan”, afinal ele é mestre em produções mergulhadas em suspense, mistério e terror – só lembrar de “O sexto sentido” ou “A vila”.

Inegavelmente, a criação de Basgallop poderia facilmente ser confundida com uma produção do cineasta indiano, e sua terceira temporada faz a comparação ser ainda mais gritante, ao mesmo tempo em que deixa o público preocupado com o desfecho da história, tantos são os mistérios e perguntas a serem respondidas na vindoura quarta e última temporada.

Como já havia escrito na resenha da segunda temporada, publicada em dezembro de 2021, é preciso dar pelo menos um spoiler do episódio piloto para que a ah miga leitora e o ah migo leitor não fiquem perdidos: a jornalista Dorothy (Lauren Ambrose) e o chef de cozinha Sean Turner (Toby Kebbell) vivem em uma big casa na cidade de Filadéfia e, por conta de seus compromissos, contratam uma babá, Leanne (Nell Tiger Free), para cuidar do bebê do casal, Jericho. Até aí tudo bem, correto? Achou errado, leitora ou leitor! A verdade é que Jericho morreu há algum tempo, ainda não sabemos quando, e Sean explica para Leanne que seu “trabalho” será cuidar de um desses bonecos realistas que parecem um bebê de verdade. Como ele diz, ela pode ficar o dia inteiro à toa, no máximo fingir que passou o dia cuidando do bebê quando Dorothy está em casa, mantendo a farsa que Sean, o irmão da jornalista, Julian (Rupert Grint), e outras pessoas vêm mantendo há meses.

Só que aí temos mais um plot twist no primeiro episódio, e inúmeros outros mistérios surgem pelo caminho: o passado de Leanne e sua ligação com Dorothy; a personalidade estranha – para dizer o mínimo – da babá; sua ligação com um culto de fanáticos; os conflitos entre Sean e a esposa; e o que aconteceu entre Dorothy e Jericho. E olha que nem contamos metade da missa, tem muito mais coisa que ainda carece de explicação.

A terceira temporada de “Servant” tem início poucos meses depois do final da segunda temporada e mantém o clima de tensão, suspense e terror. Os relacionamentos entre o casal, Leanne e Julian ganham novas configurações, outros elementos são adicionados, os conflitos são potencializados, segredos são revelados e ameaças do passado voltam a dar as caras, até chegarmos a um season finale de arrepiar.

Mais uma vez, o grande destaque da série são as atuações de Lauren Ambrose e Nell Tiger Free, brilhantes em mostrar que o grande conflito, ali, fica por conta de duas mulheres marcadas por seus traumas particulares. E vale destacar que a casa, principal cenário da produção, é um “personagem” importante para a trama, dando à história um clima sinistro, claustrofóbico, com suas escadas, corredores, o porão e o sótão sendo locais em que o susto e o assombro podem dar as caras.

Entre mistérios, horror e suspense, “Servant” tem entregado em suas três temporadas uma história sobre perda, luto, pecado, culpa, trauma, religião, fanatismo, dilemas morais, perversidade, negação, a degradação das relações familiares e até onde somos capazes de chegar quando somos colocados em situações capazes de nos destroçar psicologicamente.

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Como a próxima temporada será a última, só nos resta torcer para que a produção consiga responder às perguntas – mesmo que não sejam todas – de forma satisfatória, entregando o desfecho de seus mistérios sem decepcionar o público. Basicamente, que seja mais “The leftlovers” do que “Lost”.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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