O maior, ‘melhor’ e mais estúpido crossover de todos os tempos

Por JÚLIO BLACK

20/11/2015 às 07h00 - Atualizada 19/11/2015 às 17h16

Oi, gente.

O fanboy típico é aquele que fica louquinho da Silva para ler encontros “titânicos” e “avassaladores” entre os mais conhecidos super-heróis da Marvel, DC e – talvez – Image. É um tal de “Superman vs Homem-Aranha”, “X-Men vs Vingadores”, “Batman vs Spawn”, sendo que o mais interessante, magnífico, absurdo e estúpido crossover de toda a História da Nona Arte demorou mais de 30 anos para chegar às páginas e corações das criaturas de bem – ou com falta de coisa melhor para fazer. Estamos falando, claro, de “Groo versus Conan”, lançado pela Dark Horse em 2014 e que enfim chega ao Brasil com edição caprichada (capa dura, papel couché, extras) da Mythos.

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Entre a dupla de protagonistas, Conan é o mais famoso. Criação do americano Robert E. Howard em 1932, alcançou fama entre os fãs de quadrinhos, principalmente, a partir da década de 1970, com a Era Hiboriana retratada por Roy Thomas (roteiro) e John Buscema e Barry Windsor-Smith (arte), entre outros, o que levou o cimério às telas de cinema com os músculos, sotaque bizarro e aquela falta de talento que eram a marca registrada de Arnoldão Schwarzenegger. E foi no mesmo ano (1982) em que “Conan, o Bárbaro” chegou à Sétima Arte que o espanhol Sergio Aragonés, conhecido pelo seu trabalho na revista “Mad”, apresentou ao mundo “Groo, o Errante”: o mais habilidoso dos guerreiros de sua época, capaz de manejar suas espadas como ninguém, e também a mais estúpida criatura a andar sobre a Terra. Mesmo sendo um sujeito que busca a paz e justiça, Groo é prodigioso em causar os maiores desastres e carnificinas por onde passa devido à sua estupidez e temperamento, o que faz com que seja temido e odiado por todos os vilarejos, cidades e reinos que têm o desprazer de sua presença.

Não dá para negar que o encontro de tais personagens até demorou para acontecer, pois Aragonés imaginou o projeto ainda em 2007. Ao lado de Mark Evanier (corroteirista) e Thomas Yates (que desenhou as partes em que Conan aparece), a história surge num lance de metalinguagem: Sergio Aragonés apanha da polícia durante uma manifestação e passa a imaginar que ele é o próprio Conan. Em seu delírio, o herói é convocado para proteger um vilarejo de Groo, que fora contratado e “convencido” a destruir uma panificadora (?) para que o rei possa construir um palácio ainda maior.

O fiapo de história serve de fundo, porém, para uma história cheia de situações absurdas típicas de Groo, que consegue deixar o seu rival cimério exasperado devido à burrice do adversário desmiolado. Além disso, mesmo beirando os 80 anos de idade, o estilo cartunesco de Aragonés continua imbatível. O fato de ser considerado um dos desenhistas mais rápidos do mundo não impede que ele crie ilustrações detalhadíssimas, com vários eventos ocorrendo em segundo e terceiro plano para prenderem a atenção do leitor.
Se o miguxo e miguxa não forem fãs xiitas de Conan e tiverem aquela dose saudável de badernismo no coração, o encontro da fúria e força com a estupidez é uma das coisas mais divertidas que se pode encontrar nas bancas em 2015.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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Júlio Black

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