“Veep”, “Better call Saul” e umas opiniões meio perdidas

Por Júlio Black

19/07/2017 às 07h02 - Atualizada 18/07/2017 às 16h09

Oi, gente.

Havia tanta coisa a se escrever sobre “American Gods” que deixei para comentar esta semana duas das séries que consegui fechar nos últimos dias, “Better call Saul” e “Veep”. Sabe como é, bate aquela verborragia básica na alma do ser humano e aí a gente gasta uma meia dúzia de parágrafos onde deveria caber apenas um, e o que seria assunto para uma quarta-feira estica para a semana seguinte. Mas prometo que desta quarta não passa.

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Comecemos então por “Veep”. Sempre lia alguns coleguinhas da imprensa falando maravilhas da série, de como Julia Louis-Dreyfus era sensacional interpretando a vice-presidente dos Estados Unidos, Selina Meyer, então convenci A Leitora Mais Crítica da Coluna a dar uma chance ao programa. E valeu a pena. “Veep” é uma das melhores sitcoms da TV porque consegue sacanear sem dó a forma de fazer política e criar situações completamente absurdas, mas tão absurdas que a única solução é rir. E muito. A Selina Meyer de Julia Louis-Dreyfuss é uma das criaturas mais desprezíveis do universo: ególatra, vaidosa, invejosa, ambiciosa, cruel, desonesta, totalmente desprovida de empatia, de uma insensibilidade incomensurável. E por isso mesmo irresistível, ainda mais tendo como coadjuvantes um dos melhores elencos para produções do gênero. Assistimos às seis temporadas em menos de um ano, agora vai ser difícil ter que esperar até 2018.

“Better Call Saul”, por sua vez, tinha o peso da comparação com a estupenda “Breaking Bad”. Criar um spin-off de uma série aclamada – e ainda por cima como prequel e sem o protagonista da original – é o tipo de desafio que poderia muito bem ter dado errado logo de cara e ser cancelado no primeiro ano e todo mundo fazer de conta que não viu nada. Mas o bagulho é muito bom, gente, nada a ver com o temerário “um advogado muito louco se mete em uma série de confusões”, muito pelo contrário: “Better Call Saul” mostra o que levou James McGill (Bob Odenkirk), um advogado meia-boca e algo trambiqueiro, a se tornar o inescrupuloso e picareta-mor Saul Goodman de “Braking Bad”.

A esperteza para tomar decisões juridicamente heterodoxas (ou pouco éticas) está lá, mas descobrimos que existe por trás do personagem uma série de sentimentos, ambições, decepções, traumas, relacionamentos, dramas, sonhos e ideais a mostrar que o Saul Goodman que conhecemos anos atrás era muito mais complexo do que se imaginava, não apenas um advogado repugnante capaz de ultrapassar todos os limites éticos e legais.

Mas “Better Call Saul” vai além seu protagonista. A série sabe construir de forma muito eficiente o caminho de McGill/Goodman até “Breaking Bad”, mas também o de outros personagens da série original, como Gus Fring (Giancarlo Esposito), Mike Ehrmantraut (Jonathan Banks) e Tuco (Raymond Cruz) e Hector Salamanca (Mark Margolis), entre outros. E também inclui outras figuras importantes para entendermos as motivações do futuro Saul Goodman, como seu irmão (Michael McKean), a namorada (Rhea Seehorn) e um dos sócios (Patrick Fabian) do escritório de advocacia de seu “brother”. São três temporadas com dez episódios cada, mas que dá pra assistir voando.

Para encerrar o papo, precisamos dizer que começamos a assistir a “The handmaid’s tale”, e o negócio é assustador de uma forma que dá agonia. Comentaremos em breve. E também que é um absurdo, um crime, uma abominação de proporções universais a turma do Emmy ter ignorado “The americans” na categoria Melhor Série de Drama. Criaturas miseráveis e sem coração.

Ah, o primeiro episódio da sétima temporada de “Game of Thrones” (sim, apesar da raiva fui intimado pela Leitora a continuar acompanhando) foi muito bom, principalmente por conta da vingança da Arya Stark. Mas precisamos perguntar: por que todo mundo passou a usar couro preto na série? “GoT” entrou na vibe dos X-Men do Bryan Singer?

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Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

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