‘Star Trek: Picard’, outra grande jornada com nosso capitão

Por Júlio Black

17/05/2022 às 22h04 - Atualizada 17/05/2022 às 22h04

 

Oi, gente.

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A segunda temporada de “Star Trek: Picard” (Prime Video) é mais uma prova de que “Jornada nas Estrelas” vive um de seus melhores momentos em quase seis décadas de existência, e não dá para chamar de exagerado quem disser que é, na verdade, o melhor. E o argumento não é só pelo total de séries atualmente em produção (cinco, e já existem os projetos sobre a Seção 31 e uma série passada na Academia da Frota Estelar), além do prometido quarto filme do “universo Kelvin”, mas também pela qualidade que temos acompanhado, por exemplo, em “Discovery” e na novíssima “Strange new worlds”.

“Star Trek: Picard” mantém o nível lá em cima com uma segunda temporada que conseguiu corrigir quase todos os (poucos) erros do primeiro ano, em que a produção buscava seu tom, sua personalidade, e que sofreu com um final de temporada sem a mesma qualidade. A estrutura utilizada por “ST” desde que se aventurou pelo streaming (uma trama principal que dura toda a temporada, com histórias secundárias desenvolvidas em paralelo) continua, e nós gostamos.

O segundo ano de “Picard” começa mostrando o que o protagonista e os demais personagens principais estão fazendo após o desfecho da temporada anterior, e tudo parece estar muito bem. Porém, não demora para o antigo capitão da Enterprise ser tirado da aposentadoria ao ser recrutado pela Frota Estelar para fazer contato com uma espécie alienígena desconhecida. O encontro termina em desastre, e Picard (Patrick Stewart), Sete de Nove (Jeri Ryan), Raffi (Michelle Hurd), Agnes Jurati (Alison Pill), Ríos (Santiago Cabrera) e Elnor (Evan Evagora) vão parar em uma realidade muito parecida com a do universo espelho, em que a Terra se tornou um planeta bélico e que extermina qualquer tipo de oposição de outras espécies – e é exterminar no sentido literal da palavra.

O grupo descobre que a realidade que conhecia foi alterada graças a uma mudança na linha do tempo ocorrida em 2024, e Picard e cia. terão que viajar até o passado (deles) para corrigir essa anomalia. Para isso, porém, terão que se aliar a uma das maiores inimigas da Federação dos Planetas. Essa mudança na linha do tempo acontece graças a um personagem conhecido dos fãs de “Star Trek: A nova geração”, mas não vamos dar o nome da figura, ou suas motivações.

Produzir quase toda a segunda temporada com a história quase em nossos dias atuais certamente ajudou a economizar o orçamento de efeitos especiais, mas nem por isso “Star Trek: Picard” é menos interessante. A trama tem reviravoltas interessantes, muita ação, trabalha muito bem os conceitos de ficção científica, traz de volta personagens conhecidos e amados dos trekkers e amarra de forma satisfatória os eventos do início e final de temporada, que só peca por se apressar em um trecho crucial do season finale.

Mas a grande estrela de “Star Trek: Picard” é seu protagonista. Se Patrick Stewart não tem mais idade para trocar socos e correr por aí – afinal, é um senhorzinho octogenário -, o ator inglês dá o show habitual de interpretação quando a série explora os traumas do passado de Jean-Luc Picard, que são alguns dos principais motivos que levaram o personagem a ter um senso tão rígido de responsabilidade e abrir mão da felicidade pessoal em favor daqueles ao redor, mesmo que o preço seja ter uma vida solitária.

Com uma terceira e última temporada já confirmada, esperamos que a última jornada de Jean-Luc Picard seja aquela que “mon capitaine” tanto merece.

Outra produção que terminamos há poucos dias foi “Suspicion”, do Apple TV+, coprodução anglo-americana inspirada na série israelense “False flag”. Suspense e plot twists marcam os oito episódios da série, que a empresa da Maçã ainda não confirmou se terá uma segunda temporada.

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Tudo começa com o sequestro de Leon Newman (Gerran Howell), em um hotel de luxo em Nova York, realizado por quatro pessoas usando máscaras de figuras da realeza britânica. Ele é filho da poderosa Elizabeth Newman (Uma Thurman), CEO de uma das maiores empresas de relações públicas do mundo, e o resgate exigido não são milhões de dólares, mas sim “a verdade”. Logo, todos querem saber que “verdade” é essa, e um movimento toma conta das ruas e se espalha pela internet, principalmente nas redes sociais.

Não demora muito para o FBI e a Agência Nacional de Crimes identificarem os suspeitos, quatro britânicos que estavam no mesmo hotel na noite do sequestro: a gerente financeira Natalie (Georgina Campbell), a professora Tara (Elizabeth Henstridge), o especialista em segurança cibernética Aadesh (Kunal Nayyar, o Raj de “The Big Bang Theory”, tão diferente que a ficha caiu apenas na hora de escrever a coluna) e o estudante Eddie Walker (Tom Rhys Harries). Apesar de não terem a menor cara de sequestradores e não se conhecerem, os três primeiros têm algum tipo de ligação com os Newman e chegam a ser presos, sendo liberados depois, e a partir daí tentam de todas as formas provar sua inocência. Outro suspeito que entra no radar dos investigadores é o mercenário Sean Tilson (Elyes Gabel).

Ainda que não esteja no top 5 de melhores séries do Apple TV+, “Suspicion” prende a atenção do público com sua trama cheia de mistérios e reviravoltas, em que ninguém pode confiar em ninguém e todo mundo parece que esconde alguma coisa. A produção oferece uma boa reflexão sobre os perigos que vivemos, hoje, em relação à manipulação dos fatos, o poder da disseminação de mensagens falsas por meio da internet, e não entrega pistas fáceis para descobrir quem são os responsáveis pelo sequestro. Entretanto, são tão poucas essas pistas que não é difícil descobrir parte do mistério antes do episódio final, que acaba por ser anticlimático se pensarmos nas expectativas criadas pelos sete episódios anteriores.

“Suspicion” deixa vários ganchos para uma possível segunda temporada, mas o Apple TV+ ainda não confirmou se a história terá uma continuação. Mesmo que a produção tenha apenas os oito episódios disponíveis, vale a pena acompanhar a história dessa gente que – como nos melhores filmes de Hitchcock – estava no lugar errado na hora errada.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

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