A nostalgia negativamente alegre do Wilco

Por JÚLIO BLACK

16/09/2016 às 07h00 - Atualizada 15/09/2016 às 15h46

Oi, gente.

O mundinho alternativo é povoado por aquelas bandas maravilhosas que possuem uma pequena porém fiel legião de fãs. É uma turma formada por nomes como Teenage Fanclub (resenhado aqui na última semana), Yo La Tengo, Pixies, Weezer, Jesus and Mary Chain, Flaming Lips, Tame Impala, que jamais chegarão ao tamanho mastodôntico de um U2, mas quem se importa? Um dos queridinhos dessa gente nada bronzeada é o Wilco, que lançou na última sexta-feira o seu mais recente trabalho, “Schmilco”. Sem fazer alarde ou apostar em campanhas grandiloquentes de marketing, o sexteto formado em Chicago chega ao décimo disco realizando aquilo que faz de melhor: excelentes álbuns que deixam o ouvinte feliz feito ganhador da mega-sena.

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O sucessor de “Star wars” (2015) reúne 13 canções com fortes e robustas raízes acústicas, mas Jeff Tweedy e seus comparsas sabem como fazer o que parece simples se tornar sublime, com letras marcadas por referências (in)diretas a momentos marcantes da vida do vocalista e uma espécie de “negatividade alegre”, se é que podemos definir assim músicas como “Normal american kids”, que abre o álbum e é daquelas baladas acústicas com um quê de trovador solitário, em que Tweedy relembra a adolescência. Já “If I ever was a child” mantém o clima de anos 70 de “Schmilco” e os questionamentos sobre a vida, o universo e tudo mais (“Nunca estive sozinho / O tempo suficiente para saber /Se algum dia já fui uma criança”).

E é dessa forma que “Schmilco” vai desenrolando os seus pouco mais de 36 minutos de duração, com canções certeiras como “Cry all day”, “We aren’t the world (Safety girl)”, “Someone to lose” e “Just say goodbye”, compondo a trilha sonora ideal para a chegada do outono no hemisfério norte. A impressão ao ouvir as 13 faixas do álbum (cujo título é uma homenagem ao clássico “Nilsson Schmilsson”, de Harry Nillson) é de estarmos diante de uma banda maravilhosamente perdida no tempo, reverenciando os anos 70, o pop, folk, country, o indie rock e outras peças finas de tapeçaria sonora.

É um mosaico musical danado de bonito, senhoras e senhores, que merece ser ouvido com o botão de repeat devidamente pressionado.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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Júlio Black

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