The National e a trilha sonora da meia-idade

Por Júlio Black

13/09/2017 às 07h02 - Atualizada 12/09/2017 às 15h59

Oi, gente.

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The National é uma das minhas bandas favoritas há quase uma década, quando fui apresentado a álbuns como “Alligator”, “Boxer” e “Sad songs for dirty lovers”, e tem continuado assim graças aos trabalhos que vieram na sequência. Por isso, foi uma alegria do tamanho de um trem quando descobri na última sexta-feira, já nos derradeiros instantes da edição 2017 das Férias Maravilhosas de Júlio Black, que o quinteto surgido em Cincinnati, Ohio, lançava “Sleep well beast”, seu sétimo álbum de estúdio, mais uma vez pelo mítico selo inglês 4AD (Pixies, Dead Can Dance, Cocteau Twins).

São vários os motivos para gostar do National. O principal deles – e que consequentemente leva aos demais – é saber que a banda nunca vai decepcionar seus fãs, entregando a cada trabalho aquele mais do mesmo que não enjoa por sempre ter um tempero que faz a mistura ganhar um sabor diferente. São músicas de gente adulta para gente adulta, que tratam de temas como relacionamentos, amor, solidão, fins e recomeços, um bocado de dor e todas aquelas coisas complicadas que só quem sabe como é ter que se preocupar em pagar a conta de luz enquanto vê o mundo desabar ou se reconstruir à sua volta. Tudo embalado por uma sonoridade que trafega entre o rock mais vigoroso, o pop (termo “rejeitado” pela banda) bem construído e baladas de sangrar o coração, aliada aos vocais personalíssimos do também letrista Matt Berninger.

Outro motivo para ficar feliz por um novo disco do National é saber que o danado melhora a cada audição, com novos detalhes a serem descobertos e apreciados. Ainda mais quando ele apresenta uma leve mudança nos rumos musicais do quinteto: o sucessor de “Trouble will find me”, de 2013, foi gravado em um estúdio na pequena cidade de Hudson Valley, no estado de New York, e esse período longe da agitação da cidade grande permitiu que o National experimentasse com sucesso a inclusão de sintetizadores, bateria eletrônica e outros efeitos em certas canções. Além disso, Berninger teve sua esposa, a jornalista Carin Berninger, como coautora em algumas letras, o que ajuda a entender melhor a dinâmica de uma vida a dois.

As doze canções de “Sleep well beast” são um tratado sobre o que significa crescer, encarar um relacionamento e suas crises, a chegada à temida meia-idade, a vida na cidade grande e o processo de fim e recomeço pelo qual sempre passamos. Quem ouvir canções como “Day I die”, “Dark side of the Gym”, “Turtleneck”, “I’ll still destroy you”, “The system only dreams in total darkness”, “Walk it back” e “Nobody else will be there” terá a oportunidade de não apenas conhecer um pouco mais sobre si, mas também ouvir um grande disco de rock.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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Júlio Black

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