‘Wet hot american summer’, um inexplicável caso de amor

Por JÚLIO BLACK

06/11/2015 às 07h00 - Atualizada 05/11/2015 às 16h04

Oi, gente.

Vou aproveitar a coluna desta semana para indicar uma série que não te faz rir, chorar, ter medo ou raiva, e que ainda por cima é baseada em uma comédia de 2001 que, na época, foi um fracasso de público e crítica. A queridinha da vez é “Wet hot american summer – First day of the camp” (Netflix), que, apesar de não fazer sentido algum, prende a pessoa até descobrir que fim terão aquelas dezenas de personagens que aparecem freneticamente na tela. E porque a série, por mais absurdo que pareça, é boa demais.

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Vamos aos fatos. “Wet hot american summer”, o filme, mostrava o último dia no campo de férias Firewood, no Maine, no verão de 1981, com um bando de adolescentes querendo se dar bem antes de ir embora, incluindo aí os monitores – que, apesar de adolescentes, eram interpretados por Bradley Cooper, Amy Poehler, Marguerite Moreau e Paul Rudd, entre outros, além de Elizabeth Banks, Janeane Garofalo, Christopher Meloni, Elizabeth Banks e outros artistas interpretando adultos que são. A produção foi criticada sem dó ou piedade na ocasião e naufragou na bilheteria. Porém, como acontece eventualmente na cultura pop, “Wet hot…” foi se tornando cult nos Estados Unidos e virou a série lançada em julho pelo Netflix, que mostra os acontecimentos do primeiro dia no acampamento.

Além de “explicarem” eventos que aparecem no longa-metragem, David Wain e Michael Showalter (roteiristas do filme, criadores da série e responsáveis pela maior parte dos roteiros) não têm vergonha de colocarem na telinha as situações mais estapafúrdias. Por isso, que o ah migo e a ah miga não se surpreendam ao acompanharem tramas que envolvem derramamento de lixo tóxico – e que transformam o dono do Firewood em uma lata falante -, uma conspiração governamental, o astro de rock recluso, a jornalista que se disfarça de adolescente, um veterano surtado/meio ninja da Guerra do Vietnã, assassinatos por atacado, além das histórias típicas de acampamento, como a galera que quer perder a virgindade, surreais ensaios para uma peça de teatro, o guri que sofre bullying, a menina que tem sua primeira menstruação – e passa a ser interpretada por uma adulta…

A série conseguiu trazer de volta todos os atores principais, misturando adultos nos papéis de… adultos, adolescentes interpretando adolescentes, e Rudd, Moreau, Poehler, Cooper e companhia, 14 anos mais velhos, nos papéis dos mesmos jovens de 2001. É difícil, até, saber quem é adulto ou não no meio dessa confusão. E como se trata de uma ação entre amigos, “Wet hot american summer – First day of the camp” está repleta de participações especiais: Chris Pine, John Slattery, Kristen Wiig, John Hamm, Michael Cera, Bruce Greenwood – e até mesmo o bizarro “Weird Al” Yankovic tem seus três minutos de tela. David Wain interpreta o israelense Yaron, que dá em cima sem o menor pudor da namorada de Coop, papel de Michael Showalter – que ainda encontra tempo para criar uma versão “Joe Pesci em ‘Os bons companheiros’ interpretando o presidente Ronald Reagan”.

Como dá para perceber, não faltam motivos para viciar-se em “Wet hot american summer”.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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Júlio Black

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