O Slowdive voltou, e isso é uma ótima notícia

Por Júlio Black

05/07/2017 às 10h09 - Atualizada 05/07/2017 às 11h31

Oi, gente.

O assunto da coluna continua a ser o shoegaze, afinal não é todo dia que temos dois grandes nomes deste subgênero do rock lançando álbuns para a alegria da turma que gosta de vocais etéreos, guitarras distorcidas e dançar mirando os próprios calçados – ainda mais com um hiato de pelo menos duas décadas.

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Na última semana comentamos sobre “Weather diaries”, do Ride, que apesar de ter boas canções deixa nos ouvidos aquele gosto de “putz, esperava um pouquinho mais desse disco”. Este não é o caso, aleluia Jesus and Mary Chain, do primeiro álbum do Slowdive desde “Pygmalion”, de 1995, que leva o nome da banda e corre o sério risco de poder ser considerado o melhor trabalho do quinteto inglês – ok, este é apenas o quarto trabalho do grupo, mas a felicidade faz a gente ser igonorar certos fatos. Para quem for mais exigente, pode colocar a nova bolachinha no mesmo nível dos dois primeiros álbuns, “Just for a day” (1991) e “Souvlaki” (1991).

Com produção de um dos integrantes da banda, o vocalista-compositor-guitarrista Neil Halstead, “Slowdive” foi lançado em maio e oferece para nossas almas torturadas e amarguradas 45 minutos de vocais etéreos, sonoridade viajante e atmosférica, guitarras ora delicadas, ora distorcidas, tudo aquilo que os fãs do shoegaze tanto prezam. Um túnel do tempo musical para aquele adolescente que colava nas capas dos cadernos fotos do The Cure, Cocteau Twins, Jesus and Mary Chain, Siouxsie and The Banshees e tinha um coração melancólico e angustiado por coisas difíceis de entender – e que continuam assim, quem disse que a vida é fácil?

Canções como “Star roving”, “Sugar for the pill”, “Slomo”, “Everyone knows” e “Don’t know why” mostram que o Slowdive fez muito bem ao deixar as experiências ouvidas em “Pygmalion” bem enterradas no passado e dar aos fãs aquela sonoridade familiar que parecia perdida após duas décadas, numa viagem sonora-temporal com bilhete só de ida.

Eu é que não vou querer voltar de 1991. Aqui é o meu lugar.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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Júlio Black

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