Ouvindo a Islândia, Parte 4: Samaris e Hafdís Huld

Por JÚLIO BLACK

03/06/2016 às 07h00 - Atualizada 02/06/2016 às 15h58

Oi, gente.

Vamos terminar o rolê musical pela nossa querida Islândia recomendando outra dupla diferente no estilo, mas companheira na qualidade do que colocam para degustarmos nas caixas de som, headphones e afins: Samaris e Hafdís Huld.

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Começando pelo Samaris, projeto de música eletrônica formado em 2011 e que já legou à humanidade dois belíssimos trabalhos, baseando suas melodias no interessante tripé voz, clarinete e teclados. O trio formado por Áslaug Rún Magnúsdóttir (teclados e beats), Þórður Kári Steinþórsson (clarinete) e Jófríður Ákadóttir (vocais celestiais) começou a chamar a atenção ainda no seu primeiro ano de vida, com o lançamento do EP “Hljóma Þú”, bancado pela própria banda, que repetiu a dose de coragem em 2012 com outro Extended Play, “Stofnar falla”, ambos com canções que musicavam poemas islandeses do século XIX.

O Samaris caiu nas graças do selo One Little Indian, o mesmo que lança os trabalhos da Björk, e reuniu os dois EPs para o seu primeiro álbum, homônimo, que ainda ganhou mais quatro remixes e chegou às lojas em 2013. O disco seguinte, “Silkidrangar”, foi lançado no ano passado, repetindo o esquema de melodias para poemas do século retrasado. Caçadores de bons sons podem encontrar nos streamings da vida o trabalho do Samaris, criador de peças musicais envoltas em brumas eletrônicas capazes de agradar o ouvinte em músicas como “Lífsins Ólgusjór” e “Góða Tungl”, embaladas pela voz cativante de Jófríður Ákadóttir – que também milita em outro projeto, o Pascal Pinon, com sua irmã gêmea Ásthildur.

E temos, por fim, a fofura nórdica de Hafdís Huld. Com 37 anos recém-completados, a moça iniciou suas atividades musicais ainda em 1995, quando passou a integrar o coletivo eletrônico-experimental GusGus, do qual pediu as contas em 1999, partindo para a colaboração no álbum “Machine says yes” (2002), do DJ inglês FC Kahuna. Na Inglaterra, formou-se no Centro de Música Contemporânea de Londres antes de lançar seu primeiro álbum solo, “Dirty paper cup” (2006), que conquistou o prêmio de melhor álbum pop do ano na Islândia. O trabalho de estreia tem canções compartilhadas com gente do Arctic Monkeys e Sneaker Pimps, inclui uma cover de “Who loves the sun”, do Velvet Underground, tocado com ukelele, e o hit “Tomoko”.

Mais dois registros sonoros foram lançados por Hafdís Huld, “Synchronised Swimmers”, de 2009, e “Home”, de 2014, sem contar “Vögguvísur”, álbum com canções de ninar em islandês distribuído em 2012. O som da moça é um pop levemente solar e semiacústico em sua maioria, com toques de folk e alguma melancolia eventual que encanta os ouvidos. Exemplos dessa sedução musical podem ser encontrados em pérolas como “Lucky”, “Time of my life”, “Action man” e na pegada algo blueseira de “Ski jumper”. O novo single da cantora e compositora, “Ár eftir ár”, é promessa de que vem mais coisa boa por aí.

Além da galerinha comentada nas últimas semanas, a Islândia ainda conta com um bom par de nomes que merecem ser procurados pela web, tais como o já citado Pascal Pinon, Jónsi & Alex, amiina, Emilíana Torrini, Pollapönk (punk rock e música para crianças!), Seabear, Bang Gang, Mugison, Anna Mjöll, Sóley, Ásgeir Trausti… Pequena em tamanho, a Islândia é uma verdadeira potência quando o assunto é boa música.

Espero, enfim, que tenham curtido a viagem.

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Lifa lengi og dafna. Og takk fyrir fisk.

Júlio Black

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